quinta-feira, 9 de julho de 2009

CLÁUDIA CUNHA TRAZ A DIVERSIDADE BRASILEIRA

Primeiro CD apresenta cantora de timbre especial e sotaque próprio.

Por Beto Feitosa

Cantora paraense com os pés em solo baiano desde 1996, Claudia Cunha lança seu primeiro CD, o especialíssimo Responde à roda. Vencedora do prestigiado Prêmio Caymmi em 2007, Claudia estréia com um disco de sotaques diversos celebrando a diversidade musical brasileira. Sua voz, afinadíssima e extremamente agradável, passa doce por um repertório de samba, baião e até ecos de uma nova bossa. A cantora cativa de vez com sua musicalidade inteligente e particular.
Cláudia Cunha é dessas artistas especiais, sem seguir fórmulas ou tendências. Seu trabalho artístico faz paralelo a nomes raros como os de Ceumar e Déa Trancoso. Traço comum entre as três, Cláudia entende sua cultura local e parte dela para criar uma expressão própria. O título do disco já aponta essa dica: a roda de samba, de capoeira, da troca no olhar. Sem medo Cláudia responde, e nessa hora o som delicado de sua voz ganha força ao lado de uma sonoridade acústica, bem elaborada e carregada de raízes. O disco pulsa vivo, traz verdade e talento latentes; está carregado de sentimentos.
Na hora de registrar esse primeiro retrato, Cláudia foi buscar a parceria do violonista mineiro Sérgio Santos, co-produtor do álbum, que trouxe músicos especiais para azeitar a música da cantora. A lista de boa companhia segue para as participações de Roberto Mendes, que canta com ela Seu moço, composição dele com Hermínio Bello de Carvalho. Outra voz a dividir uma canção é Zé Renato, que canta com Cláudia a bossa Pra você gostar de mim, parceria dele com Joyce.
A música que abre o disco traz os elementos na letra: por Din Don, de Rodolfo Stroeter, passam instrumentos, ritmos, referências e muita felicidade. Caminho livre, aberto para a rica diversidade que vai desfilar. Cláudia está irresistível na brejeira Quando eu era sem ninguém, regionalíssima composição de Tom Zé. Logo depois ela vem sofisticada, acompanhada pelo piano de André Mehmari em Auto-retrato, música de Egberto Gismonti com letra de Geraldo Carneiro.
Ao longo do disco a artista também dá (poucas mas boas) pistas da compositora. Cláudia assina três músicas em sua estréia. A primeira a aparecer é Baião dividido, parceria com Rafael Dumont. A faixa que batiza o disco é assinada com Manuela Rodrigues, assim como Cláudia também grata surpresa da nova geração de artistas baianos. Sozinha, Cláudia traz a deliciosa No girar de Alice, com imagens belíssimas e envolventes do olhar maternal.
A música de Cláudia Cunha tem dança, com a felicidade dos ritmos da tradição popular. Tem cores paraenses e baianas nos ritmos, tem toques mineiros. Tem o regional que revela suas riquezas e acrescenta. A diversidade que interessa a um mundo globalizado. Cláudia Cunha traz esse calor local em sua música e serve essa riqueza em seu primeiro trabalho. Primeiro retrato de uma cantora talentosa e antenada que merece atenção e ouvidos que não se contentam em ouvir sempre o mesmo.

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