Em sua turnê marítima, o Rei manda para o inferno as superstições e leva ao delírio as fãs, que são mais da metade dos pagantes do caro show.
Como diria o próprio Roberto Carlos, “bicho, é inacreditável!” O Rei está praticamente curado do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), nome científico para o excesso de superstições que constroem sua lenda pessoal. As provas vêm de sua última turnê no transatlântico Costa Fortuna, onde o cantor se apresentou entre 10 e 14. A primeira e mais chocante: ele fez show em pleno dia 13. Basta lembrar que placas de carro já foram adulteradas em cima da hora apenas porque tinham o número três, o que, para Roberto Carlos, já era suficiente sinal de infortúnio. “O 3 virou um 8 em cirurgia de emergência apenas para que ele não visse a placa quando passasse”, lembra seu empresário Dody Sirena. Seguindo as pistas da cura, as apresentações no navio foram num teatro marrom, cor relacionada ao azar e da qual o Rei se divorciou há anos. Novos sintomas: ele voltou a cantar uma música que estava banida de seu repertório, Negro gato, e liberou o dançarino Carlinhos de Jesus para requebrar ao som de outra absolutamente excomungada por ele, Que tudo o mais vá para o inferno. E, para coroar a nova fase, todo o projeto, chamado Emoções em alto-mar, foi realizado em fase de uma bela, belíssima lua, porém minguante.
EMOÇÕES
Gely Simões, mãe de Maria Rita, a eterna sogra
“Tô bem melhor viu, bicho?”, disse o Rei, referindo-se ao TOC, na entrevista coletiva no navio. Parece que nem se deu conta que está ótimo. E, ao contrário do que se poderia supor, os bons fluidos o cercam. Daqui pra frente, tudo vai ser diferente: este ano, Roberto Carlos quebra o jejum de quase cinco anos e faz shows no Rio de Janeiro, em junho. O CD de inéditas, tantas vezes anunciado, agora sai mesmo. O cantor já está compondo e entrará em estúdio em junho. Com vigor, volta a atacar o mercado internacional. Vai fazer um show em Miami e, paralelamente, lançar um DVD em espanhol. “Roberto é um gigante adormecido para o mercado latino”, disse um empresário americano para Sirena. Por fim, choca os interlocutores ao afirmar: “Quero ir a um baile funk numa favela do Rio.”
O resto continua igual: ele recebe cerca de 50 propostas para fazer shows corporativos, por ano, e faz apenas quatro. Seu cachê é de R$ 700 mil. Chovem convites para patrocínio e ele só aceita os de marcas que realmente consuma. Recusou ser bancado pela Ryder apenas porque não usa as famosas sandálias. Aceitou o da Nestlé porque é um “produto família” presente em sua cozinha. O Rei também se mantém firme na disposição de impedir a venda da biografia Roberto Carlos em detalhes, de Paulo César de Araújo. “Minha vida pública, tudo bem, podem escrever 500 livros. Mas minha vida particular só eu posso contar”, afirmou.
Com ou sem superstições, ele continua declarando seu amor eterno à mulher Maria Rita, falecida há sete anos. Mas exercita seu lado sedutor. Na entrevista coletiva, disse para uma repórter, com sua consagrada voz de cama: “Repete, amor, por favor. Não ouvi direito.” As mulheres o assediam escancaradamente. Elas representam, aliás, 65% dos mais de três mil passageiros que pagaram cerca de US$ 3 mil – por cabeça – e lotaram o luxuoso navio. No fim do show, o cantor, vestido de marinheiro, distribui rosas para a platéia. A senha para o faniquito feminino é a música Jesus Cristo, a última: quando ele começa a cantá-la, dezenas de mulheres saem ajoelhadas pelos corredores, em direção ao palco e no encalço de uma flor.
Roberto Carlos não costuma sair de sua cabine, exceto para ir ao cassino do transatlântico, eventualmente. Entre os seus convidados a bordo estavam o motorista, o jardineiro, a empregada doméstica, dois padres, a mãe, Lady Laura, dois filhos, Ana Paula e Dudu, além dos pais de Maria Rita. “Não é para eu amar esse homem?”, disse Gely Simões, a mãe de Maria Rita, sempre emocionada com as homenagens que o Rei faz à sua filha. Navio afora, os fãs têm histórias curiosas para contar. A maioria é oriunda da classe A, mas alguns fizeram grandes esforços para conseguir o dinheiro e participar do cruzeiro. Uma senhora vendeu a geladeira e fez um empréstimo para pagar em dez vezes. Já o empresário paulistano Sérgio DeNadai comprou o que classifica de “tesouro” e levou para a viagem: um álbum com fotos originais de Roberto Carlos desde a década de 60, com flagrantes do cantor de bigode e sem camisa. “Comprei de uma senhora que precisava de dinheiro para uma cirurgia por R$ 3 mil. Pretendo devolvê-lo a ela autografado”, disse. Cada qual a seu jeito, todos vivem momentos de – com a licença do leitor – muitas emoções...
Roberto Carlos (1982)
Faixas:
01 - Amiga
02 - Coisas Que Não Se Esquece
03 - Fim de Semana
04 - Pensamentos
05 - Quantos Momentos Bonitos
06 - Meus Amores Da Televisão
07 - Fera Ferida
08 - Como é Possível
09 - Recordações
10 - Como Foi
Roberto Carlos - Duetos (2006)
Faixas:
01 - Pout pourri (com Erasmo Carlos)
02 - Ternura (com Wanderléia)
03 - Ligia (com Tom Jobim)
04 - Coração de Estudante (com Milton Nascimento)
05 - Sua Estupidez (com Gal Costa)
06 - Mucuripe (com Fagner)
07 - Amazônia (com Chitãozinho & Xororó)
08 - Desabafo (com Ângela Maria)
09 - Se Você Quer (com Fafá de Belém)
10 - Rei do Gado (com Almir Sater e Sérgio Reis)
11 - Se Eu Não Te Amasse Tanto Assim (com Ivete Sangalo)
12 - Alegria, Alegria (com Caetano Veloso)
13 - Além do Horizonte (com Jota Quest)
14 - Jovens Tardes de Domingo (com Erasmo Carlos)
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