segunda-feira, 9 de novembro de 2015

NUNO ROLAND, 40 ANOS DE SAUDADES

Em 2015 completa-se quatro décadas que o cantor que nasceu em Joinville, Santa Catarina, e, ainda menino, tocava caixa e tarol na banda da cidade paranaense de Teixeira Soares nos deixou.



Aos 13 anos, mudou-se para Porto União, SC. Trabalhou como balconista, telegrafista e bancário. Depois de servir o exército em 1931, mudou-se para Passo Fundo, RS. Naquela cidade conseguiu emprego como cantor e baterista, em um cassino. Na Revolução de 1932, alistou-se como voluntário no 7º Batalhão de Caçadores de Porto Alegre. Veio com sua tropa para São Paulo e nessa ocasião, ficou amigo de outro soldado, Lupicínio Rodrigues, que era crooner da Jazz Band do Batalhão. Começou a carreira de cantor com o nome de Reinold de Oliveira.


Um dos grandes intérpretes da Época de Ouro da Música Popular Brasileira e do rádio. Numa das apresentações da Jazz Band do 7º Batalhão de Caçadores de Porto Alegre, em emissora de rádio naquela cidade, se destacou como cantor. Ainda com o nome de Reinold de Oliveira, assinou contrato com a Rádio Gaúcha, com apenas 19 anos. Em 1934, foi para São Paulo tentar a sorte. Atuou na Rádio Record, na base de cachês. Conheceu a turma do Regional do Garoto, que o levou para a Rádio Educadora Paulista, com contrato assinado. Foi por sugestão do diretor artístico dessa emissora que o cantor passou a usar o nome de Nuno Roland. Fez sucesso na capital paulista. Gravou o primeiro disco pela Odeon, em 1934, com a valsa "Pensemos num lindo futuro" e a canção "Cantigas de quem te vê", de Sivan Castelo Neto. Em 1936, foi para o Rio de Janeiro, onde assinou contrato com a Rádio Nacional, inaugurando a emissora e seu "cast", em 12 de setembro daquele ano. Nesse ano, gravou dois discos na Columbia com o samba-choro "Coitadinho do pachá" e o samba "Morena do samba", de Aloísio Silva e Francisco Malfitano, a valsa "Enquanto o luar está contente", de Silvino Neto e P. Romano e "Não posso te dizer adeus", de Silvino Neto. Em 1937, gravou os sambas "Amor por correspondência", de Benedito Lacerda e Jorge Faraj, "Seja o que Deus quiser", de Mário Morais e Vadico, a marcha "Guarda essa arma!", de Ataulfo Alves e Roberto Martins e a valsa "Iracema", de Bendito Lacerda e Aldo Cabral. Gravou com Antenógenes Silva ao acordeom as marchas "Ama seca" e "Mulher fatal", de Antenógenes Silva e Osvaldo Santiago. Nesse ano, passou a ser crooner da Orquestra do Copacabana Palace Hotel, permanecendo na função por 11 anos.

 Em 1938, gravou com Antenógenes Silva ao acordeom a valsa "Dor, nossa companheira", de Antenógenes Silva e Ernâni Campos e em dueto com Carmen Miranda gravou o samba "Nas cadeiras da baiana", de Portelo Juno e Léo Cardoso. Gravou ainda as valsas "Mil corações", de Ataulfo Alves e Jorge Faraj, "Súplica de amor", de Radamés Gnattali e Luiz Peixoto e "Rosário de lágrimas", de Bendito Lacerda e Jorge Faraj e a marcha "Glória do Brasil!", de Zé Pretinho e Gilberto dos Santos. Gravou no ano seguinte duas composições do russo Georges Moran, a valsa-canção "Manon", com Osvaldo Santiago e "Rosali". Em dueto com Linda Batista lançou o samba "Eu sou da Bahia", de Valdemar Silva e Paulo Pinheiro. Gravou também duas obras de Assis Valente, o batuque "Cai sereno" e o samba-choro "Coração que não entende". Para o carnaval de 1940, gravou os frevos-canção "Alegria", de Fernando Lobo e "Você era valor desconhecido", de Felinto Nunes e Roberto de Andrade, esta última, com arranjos de Nelson Ferreira.

Também em 1940, lançou duas composições da dupla Cristóvão de Alencar e Felisberto Martins, o samba "Foi o seu amor" e a valsa-canção "No carnaval da vida" e um novo dueto com Dircinha Batista, o samba-batuque "Senhor do Bonfim te enganou", de Wilson Batista, Claudionor Cruz e Pedro Caetano. Ainda nesse ano, gravou mais duas composições de Georges Moran em parceria com o poeta J.G. de Araújo Jorge, a valsa "Ao som das balalaicas" e o fox-canção "Moreninha linda", além do samba "Vou pra orgia", de Constantino Silva e Grande Otelo. Em 1941, gravou com sucesso na Victor, com a Orquestra de Simon Bountman dois sambas de Ari Barroso, "Maria", com Luiz Peixoto e "Os quindins de Iaiá". No mesmo ano, gravou também na Victor os sambas "Maria boa", de Assis Valente e "É bom parar", de Rubens Soares. Em 1945, foi contratado pela Continental onde estreou gravando os choros "Mulata Risoleta" e "Olha bem pra mim!", de Alberto Ribeiro e Radamés Gnattali com acompanhamento de Francisco Sergi e sua orquestra. Em 1946, gravou a marcha "Pirata da perna de pau", de João de Barro que alcançou grande sucesso no carnaval do ano seguinte e o consagrou com intérprete. No ano seguinte, obteve novos grandes sucessos com o samba "Fim de semana em Paquetá" e a marcha "Tem gato na tuba", ambas da dupla João de Barro e Alberto Ribeiro.

Gravou em 1948 o fox "Talita", de José Maria de Abreu e João de Barro, o samba "Sem você", de Alberto Ribeiro e Alcyr Pires Vermelho e as marchas "Serenata chinesa", de João de Barro e "Corsário", de João de Barro e Alberto Ribeiro. Ainda nesse ano, gravou com Emilinha Borba o samba "Tem marujo no samba", de João de Barro, grande sucesso carnavalesco do ano seguinte e participou o filme "Esta é fina", juntamente com Dircinha Batista, Aracy de Almeida, Nelson Gonçalves, Linda Batista e outros. Em fins de 1949, gravou com o Trio Melodia a marcha "Lancha nova", de João de Barro e Antônio Almeida. Gravou também no mesmo período o samba "Meu delito", de Valdemar de Abreu e Alberto Rego e as marchas "Meia noite" e "Sucessão", da dupla João de Barro e Antônio Almeida. Em 1950, gravou as marchas do Botafogo e do Olaria dentro da série de marchas feitas por Lamartine Babo para os clubes de futebol cariocas e lançadas naquela ocasião. Ainda nesse ano, voltou a gravar com o Trio Melodia lançando as marchas "Lobo mau" e "Micróbio do samba", de João de Barro e Antônio Almeida.

Ainda em 1950, transferiu-se para a gravadaora Todamérica e gravou os sambas "Sou boêmio", de Raul Marques, Betinho e César Brasil e "Em qualquer parte do Rio", de Pedro Caetano e Alcyr Pires Vermelho. No ano seguinte gravou "Meu destino", samba de Valdemar de Abreu, "Guarapari", valsa de Pedro Caetano e os baiões "Peixe vivo", motivo popular com arranjos de Antônio Almeida e "Maria da pá virada", do mesmo autor. Gravou também duas composições do sambista Sinval Silva, a canção "O direito de nascer" e o bolero "De ilusões também se vive". Sua participação na Rádio Nacional como cantor, embora sóbria e sem maiores repercussões populares, era considerada por produtores e maestros como de alta qualidade artística, sendo quase sempre convidado a participar dos musicais de maior responsabilidade da emissora. Dois anos depois, lançou a marcha "No fundo do copo", de Pedro Caetano e Clemente Muniz e o samba "Vem amor", de Estanislau Silva, W. Moutinho e Elói Marques. Nessa época, suas gravações começaram a rarear e somente lançou novo disco em 1956 com o fox-trot "É tão sublime o amor", de P. Francis e S. Fain com versão de Alberto Almeida e o samba "Quem sabe?", de Bruno Marnet e Clício Duarte. Em 1957, gravou as marchas "Escurinha", de Américo Seixas, Edson Menezes e Sebastião Nunes e "Marcha do caçador", de João de Barro e Alberto Ribeiro, além de duas composições de Mário Terezópolis, a toada-canção "Lágrimas de amor" e o bolero "Falando ao coração".

Em 1958, gravou na Continental a marcha "Adeus, São João", de Paulo Tapajós e João de Barro. No ano seguinte, ainda na Todamérica, gravou a marcha "Lua caprichosa" e o samba "É proibido assoviar", as duas de Peterpan e Amado Régis. Gravou dois sambas-canção em 1960, "Cada vez mais longe", de Alcyr Pires Vermelho e Luiz Peixoto e "Camboriú", de Radamés Gnattali e Alberto Paes. A partir dessa época sua carreira declinou e ele começou a gravar por pequenas gravadosras. Lançou discos pelos selos Belacap, Caravele, Carroussel, Constelação, Havana, Pawal, Serenata e Sonivox, sem grande sucesso. Em 1968, participou do espetáculo "Carnavália", de Sidney Miller e P. A . Grisolli, que ficou quase um ano em cartaz no Teatro Casa Grande, Leblon, Rio de Janeiro. O espetáculo, estrelado por Nuno Roland, Marlene e Blecaute, foi gravado ao vivo por Ricardo Cravo Albin e lançado em dois LPs pelo Museu da Imagem e do Som. Em 1972, gravou a modinha "Chuá chuá", de Pedro Sá Pereira e Ari Pavão, com acompanhamento do conjunto de José Menezes, especialmente para o Fascículo "Donga e os primitivos" da série Nova História da Música Popular Brasileira, da Abril Cultural.

Fonte: Dicionário da MPB

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