Com um trabalho que conta com a adesão de relevantes nomes do cenário musical brasileiro, Cecilia Bernardes que estreiou com pé direito em um garboso projeto fonográfico, bate este bate-papo exclusivo
Por Bruno Negromonte
As onze faixas que compõem "Carta", álbum de estreia da cantora e compositora Cecilia Bernardes, é um projeto bordado por letras e melodias que entrelaçam-se de modo bastante harmonioso, onde música e poesia fundem-se de modo ímpar espalhando-se ao longo das onze faixas presentes no disco. Outra característica bastante perceptível neste projeto é a celebração da amizade, a começar pela presença de dois nomes fundamentais para a execução e concepção do projeto: o da cantora, compositora e multi-instrumentista Natalia Mallo e o do poeta e compositor Luciano Garcez como o amigo leitor pode conferir ao longo do último mês aqui mesmo em nosso espaço a partir da pauta "CARTAS E CONFISSÕES EM FORMA DE CANÇÕES NA VOZ DE CECILIA BERNARDES". Agora, Cecilia retorna ao nosso espaço para esta conversa exclusiva onde conta-nos detalhes sobre sua carreira a sua harmoniosa relação com o tempo , seu processo de criação, como conseguiu reunir tanta gente interessante em seu primeiro projeto fonográfico entre outros detalhes. Vale a pena conferir!
Em sua biografia consta que o seu envolvimento com a música vem ainda de sua infância. Essa relação se deu sob alguma influência familiar?
Cecilia Bernardes - Sim, meu pai amava MPB e sambas antigos, tinha muitos discos, e adorava os musicais da Metro. Ele cantava o tempo todo, com muita alegria, aquilo me encantava. E a Tereza, que trabalhou na nossa casa muitos anos, e morava conosco, ouvia – e ainda ouve – muito samba no rádio, um repertório finíssimo, e a gente cantava junto: Martinho da Vila, Beth Carvalho, Alcione, Originais do Samba, ... Não tinha músico na família, mas muita música o tempo todo.
Antes dessa imersão na música e poesia que resultaram em “Carta” você já procurava manter essa relação de proximidade com a música e com as letras ou essa condição foi aos poucos moldando-se na medida que você via que a coisa estava encaminhando-se para a concepção desse projeto?
CB - Não havia projeto, ainda, quando comecei a compor, nesta época, entre 2006 e 2007. Na verdade, eu me via como cantora, mas sem vontade de gravar. A partir do momento em que veio esta fase e comecei a escrever letras e musicar poemas, surgiu a vontade de fazer um disco, pela primeira vez, com algumas das composições.
De fato o pontapé inicial para o surgimento de “Carta” deu-se quando você musicou os poemas do parceiro e amigo Luciano Garcez ou você já percebia que o projeto já era algo irrevogável e essa parceria veio apenas para endossar o que já seria certo?
CB - A parceria foi vital para o nascimento do repertório autoral do disco. O Luciano me deu uma letra e disse, faz a música. Era Pop me. Eu fiz. Então ele disse: pronto, temos uma parceria. Agora vai lá, você é compositora, isso que você está fazendo é música, canção de verdade. E aí eu acreditei, e fui.
Uma das características mais evidentes no álbum é a pessoalidade existente. Dentre as onze canções existentes quase todas levam a sua assinatura solo ou em parceria. Como se deu a escolha do repertório? No caso das composições autorais como vem a ser o seu processo de elaboração?
Uma das características mais evidentes no álbum é a pessoalidade existente. Dentre as onze canções existentes quase todas levam a sua assinatura solo ou em parceria. Como se deu a escolha do repertório? No caso das composições autorais como vem a ser o seu processo de elaboração?
CB - Na verdade, não sou uma compositora super produtiva, com gavetas lotadas de criações. Componho por levas, e acabei escolhendo na leva de 2006/2007, as mais fresquinhas da época. Só De novo nova era mais antiga. Carta – que é parceria com a Natalia – e Passarinhos foram terminadas depois do processo de gravação iniciado. Quando eu componho, quase sempre começo com uma letra, e depois vem a música. Uso um violão para me guiar na melodia/harmonia, ou às vezes nasce tudo só palavra e voz, e mais tarde vem o contexto harmônico, o cenário todo.
O álbum “Carta” possui uma ficha técnica riquíssima que conta com nomes como Vanessa Bumagny, Sérgio Bártolo, André Abujamra isso pra citar apenas alguns nomes. Como foi possível reunir tanta gente bacana neste projeto?
CB - Sorte minha que são, praticamente todos, amigos queridos, meus e/ou da Natalia Mallo. Nós duas nos sentávamos e pensávamos no que poderia ser a formação, os instrumentos para cada canção, e íamos pensando automaticamente nas pessoas, os músicos que poderíamos chamar. Como a gente não tinha pressa, foi sendo muito orgânico. Nos casos específicos do Abu e do Bártolo, que também produziram, eu chamei ainda antes de começar a parceria de produção com a Natalia, que conheci depois, e acabou se responsabilizando mais tarde também pela direção musical do projeto.
Há uma composição do Chico Buarque onde
ressalta a importância do tempo sobre a obra do artista a partir de frases como
“Modelando o artista ao seu feitio” e “Vejo o tempo obrar a sua
arte... tendo o mesmo artista como tela”. A partir deste contexto
pode-se perceber que este seu primeiro foi maturado aos poucos, tanto que foram
necessários cerca de 3 a 4 anos para o resultado final. Qual foi o empecilho
para que este projeto não fosse concluído antes?
CB - Sim, acho que precisei deste tempo – ou o Tempo - do Chico – precisava de mim – , tanto para amadurecer bem o que precisava amadurecer, entender realmente o que eu estava fazendo, quanto para fazer da melhor forma possível, do jeito que a gente queria, deixando o tempo agir a favor, uma vez que eu não sentia pressa, de verdade. O disco é 100% independente, portanto, sem deadlines, e processo todo foi um aprendizado e tanto. Quando ficou pronto, era aquilo mesmo, o que era pra ser.
Você vem colhendo os mais diversos elogios referentes a este seu trabalho de estreia. Há uma em especial a qual você credita o sucesso do álbum? Esse contexto não acabará corroborando para uma exigência maior ao se pensar no próximo álbum?
CB - Sim, acho que precisei deste tempo – ou o Tempo - do Chico – precisava de mim – , tanto para amadurecer bem o que precisava amadurecer, entender realmente o que eu estava fazendo, quanto para fazer da melhor forma possível, do jeito que a gente queria, deixando o tempo agir a favor, uma vez que eu não sentia pressa, de verdade. O disco é 100% independente, portanto, sem deadlines, e processo todo foi um aprendizado e tanto. Quando ficou pronto, era aquilo mesmo, o que era pra ser.
Você vem colhendo os mais diversos elogios referentes a este seu trabalho de estreia. Há uma em especial a qual você credita o sucesso do álbum? Esse contexto não acabará corroborando para uma exigência maior ao se pensar no próximo álbum?
CB - Acho que as pessoas que gostam sentem que foi feito com cuidado. Talvez também porque tem uma delicadeza, e nosso dia-a-dia turbulento sinta um certo alívio quando se depara com a delicadeza. Dizem que o segundo álbum é sempre um desafio, sim. Bem, acho que o meu segundo vai ser bem diferente deste. Mas se a gente mantém a alma da coisa, a prerrogativa de fazer algo sincero e de qualidade, dando o nosso melhor, não importa tanto a comparação. E acho que, no meu caso, ainda não rolaria esta pressão.
Você já traz em mente alguma novidade para 2014?
CB - Ainda não! Este disco ainda tem muito o que rodar. Vem clipes novos por aí. O próximo projeto ainda está muito sem forma, é só uma semente, mas acredito que vai ser menos autoral, eu quero mostrar um pouco da música que me faz grata por ser cantora, de artistas e obras que eu amo e admiro.
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Você pode encontrar o álbum nos seguintes endereços:
Livraria Cultura - http://www.livrariacultura.com.br/Produto/CD/CARTA/30742970
Venda Virtual:
Rdio - http://rd.io/x/Qj5mV_c/
Deezer - http://www.deezer.com/album/6192652
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