segunda-feira, 19 de maio de 2014

MEMÓRIA MUSICAL BRASILEIRA

Paulo Moura interpreta Radamés Gnattali (Continental / Warner) (1959)



Modesto e simples, como nos primeiros dias em que o conheci...

Haroldo Eiras

Modesto e simples, como nos primeiros dias em que o conheci, abraçado à sua clarineta, este jovem e valoroso músico brasileiro vem conquistando, com a sua arte unicamente, o lugar que lhe é merecido no cenário artístico.

"Nunca ouvi Benny Carter tocar seu "sax", disse-nos Paulo Moura, discordando dos que o indicam como um seguidor do estilo daquele músico norte-americano. "Entretanto", prossegue o nosso focalizado, "eu, como todos os que tocam o "sax-alto", em seu estilo moderno, sofremos a influência da escola do saudoso Charles Parker".

PAULO MOURA, apesar dos seus 27 anos apenas, diz parecer distanciar-se um século do tempo em que atuava em "dancings", cheio de sonhos e muitas ilusões... "algumas se realizaram, outras, ficaram para traz".

Natural do Estado de São Paulo (São José do Rio Preto), PAULO MOURA fez seus estudos iniciais de clarineta com seu pai, que atuava na Banda musical daquela cidade paulista. Hoje ele leciona clarineta, tendo sido classificado em 1º lugar, com brilhantismo, no concurso para o quadro efetivo de músicos de nosso Teatro Municipal, com aquele instrumento.

Este CD foi idealizado pelo próprio Radamés Gnattali, uma das maiores expressões musicais do Brasil, e que vê em PAULO MOURA um valor real, tanto assim que as músicas que fazem parte deste microssulco foram compostas especialmente para ele. Talvez seja a primeira vez no Brasil, que um grande maestro e compositor, como Radamés, escreve músicas especiais para serem gravadas por um determinado músico. Foxes, sambas-canções, chorinho e valsas, fazem parte deste trabalho de Radamés e encontram em seu executante, o perfeito intérprete.

O paulista modesto e simples é hoje, sem dúvida, um dos grandes clarinetistas atuais e, também, um perfeito "sax-alto" da moderna escola, aliás, ficou comprovado por diversas ocasiões, inclusive no México, quando de sua viagem com uma orquestra brasileira dirigida por Ary Barroso, em 1953 e ainda, o ano passado, quando esteve na Rússia, onde gravou alguns discos com acompanhamento de músicos locais. As nossas músicas deixadas na cera naquele país europeu, alcançam, hoje, grande índice de vendagem por lá.

A CONTINENTAL teve, assim, a feliz idéia de juntar neste CD, o talento criador de Radamés e a arte incomparável de PAULO MOURA e, ainda, completando um ambiente musical sincero e rico, unir um trio de músicos dos mais harmoniosos e talentosos, como Trinca (bateria), Baden Powell (guitarra) e Vidal, ou Paulo, no contra-baixo.

Ouçamos, pois Radamés (presente com sua música e ao piano) e o nosso biografado PAULO MOURA, com seu "sax-alto", liderando as faixas bonitas deste CD CONTINENTAL, que atinge sua principal finalidade - dar oportunidade, mais uma vez, ao talento e à versatilidade do nosso músico excepcional!


Faixas:
01 - Monotonia 
02 - Desvaneio 
03 - Nostalgia 
04 - Carioca 1959
05 - Sempre a sonhar 
06 - Valsa triste 
07 - Penumbra 
08 - Romance 


Ficha Técnica:
Sax-alto: Paulo Moura
Piano: Radamés Gnattali
Guitarra: Baden Powell
Bateria: Trinca
Baixo: Vidal e Paulo


Produtor fonográfico: Warner Music Brasil LTDA - divisão Continental

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