Por Bruno Negromonte
Ao longo deste mês, dois ícones de um dos mais genuínos ritmos brasileiros aniversariam e se aqui estivessem estariam endossando o time dos cantores “setentões” tais quais Paulinho da Viola, Gilberto Gil e Caetano Veloso. Defensores do mesmo gênero musical os artistas que aqui descreverei marcaram o seu nome dentro do samba em particular nas décadas de 70 e 80. O primeiro nome trata-se da cantora, nascida em Paraopeba, Clara Francisca Gonçalves Pinheiro, popularmente conhecida como Clara Nunes. Clara, que nasceu em uma cidade que fica a cerca de 100 km da capital mineira ficou órfã com pouca idade, pois seu pai, conhecido como Mané Serrador, que era marceneiro e violeiro, faleceu quando a futura cantora tinha apenas dois anos e sua mãe veio a falecer logo em seguida. Acabou sendo criada pelos irmãos Dindinha (Maria Gonçalves) e José (conhecido como Zé Chilau).
Influenciada por nomes como Carmem Costa, Ângela Maria e, principalmente, Elizeth Cardoso e Dalva de Oliveira, venceu seu primeiro concurso em 1952 com 10 mal completos interpretando “Recuerdos de Ypacaraí” e recebeu como prêmio um vestido azul. Por volta de 1958, conheceu o violonista Jadir Ambrósio (o mesmo que compôs o hino do Cruzeiro Futebol Clube), que admirado com a voz de Clara a levou a vários programas de rádio, onde se apresentava com o nome de Clara Francisca, onde posteriormente adotou o nome de Clara Nunes, por influência do produtor musical Cid Carvalho. Até chegar ao estrelado e mudar-se para o Rio de Janeiro foi crooner em algumas boates mineiras e chegou a trabalhar com o então baixista Milton Nascimento – àquela altura conhecido como Bituca.
No Rio de Janeiro, em 1965, ela entrou para o casting da gravadora Odeon onde gravou o seu primeiro Lp intitulado “A Voz Adorável de Clara Nunes”. Em 1968, Clara Nunes gravou “Você Passa e Eu Acho Graça”, seu segundo disco na carreira e o primeiro onde cantaria sambas. A faixa-título (de Ataulfo Alves e Carlos Imperial) foi seu primeiro grande sucesso radiofônico e o primeiro passo para se firmar como uma das grandes cantoras de samba nas décadas seguintes.
Em 5 de março de 1983, Clara Nunes se submeteu a uma aparentemente simples cirurgia de varizes, mas a cantora acabou tendo uma reação alérgica a um componente do anestésico. Clara sofreu uma parada cardíaca e permaneceu durante 28 dias internada na UTI da Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro. Na madrugada do sábado de Aleluia de 2 de abril de 1983, a poucos meses de completar 40 anos, Clara Nunes entrou oficialmente em óbito, vítima de um choque anafilático.
Já o segundo, artista que teve por nome de batismo Antônio Gilson Porfírio, ficou nacionalmente conhecido por Agepê (correspondente a pronúncia fonética das iniciais do nome verdadeiro “AGP”). Agepê foi técnico projetista da extinta Telerj, emprego este que acabou abandonando para dar prioridade a carreira artística. Sua carreira fonográfica deu-se a partir de 1975 com o lançamento do compacto com a canção “Moro onde não mora ninguém”, primeiro grande sucesso de sua carreira. O maior sucesso de sua carreira foi sem dúvida alguma “Deixa eu te amar”, responsável por levar o álbum “Mistura Brasileira”, lançado por Agepê em 1984, a marca de um milhão e meio de cópias, sendo o primeiro disco de samba a ultrapassar a marca de um milhão de cópias vendidas. Agepê faleceu no dia 30 de agosto de 1995, aos 53 anos, vítima de cirrose.
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