sexta-feira, 20 de maio de 2011

DEPOIS DA LONGA ESPERA DJAVAN CANTA E ENCANTA O PÚBLICO PERNAMBUCANO

Por Bruno Negromonte


Lembro-me bem, quando em 26 de setembro de 2008, uma sexta-feira, Djavan subiu ao palco da casa de espetáculos Chevrolet Hall para a primeira das duas apresentações agendadas da turnê "Matizes" no estado. Na época, o cantor e compositor alagoano subiu ao palco acompanhado pelos filhos Max Viana (guitarra e voz) e João Viana (bateria), além da banda formada por Sérgio Carvalho (baixo e voz), Renato Fonseca (teclados e voz), Josué Lopez (saxofone e voz), François Lima (trombone e voz) e Walmir Gil (trompete e voz).

O show aconteceu na maior casa de espetáculos do estado e a casa estava repleta por um público sedento por boa música e um grande show. E foi o que de fato aconteceu. O público não saiu decepcionado.

Ontem, depois de quase três anos de ausência, Djavan volta a Recife para apresentar seu primeiro espetáculo depois do lançamento de um álbum onde ele dá vazão total ao seu lado intérprete. Desta vez o show aconteceu no Teatro Guararapes (espaço que comporta exatamente 2.405 pessoas confortavelmente sentadas). O espaço estava bem ocupado apesar de ser uma quinta-feira e o preço dos ingressos está fora da realidade de muitas pessoas (R$160,00 inteira com direita a meia- entrada). Mas cada centavo gasto, vale a pena ao se tratar do Djavan.

O novo espetáculo, diferentemente do show "Matizes" tem por característica a utilização de arranjos enxutos, tocados por um trio de baixo (André Vasconcellos), percussão (Marco Suzano) e guitarra (Torcuato Mariano), ao qual Djavan adiciona seu próprio violão ou guitarra. O cenário criado pela cenógrafa Suzane Queiroz é um show a parte, pois nos remete a paisagens de um Rio de Janeiro bucólico e antigo, que ao se fundir as interpretações do alagoano contextualiza-se totalmente com o espetáculo.

“É um projeto antigo esse de colocar minha voz, meu violão e meus arranjos, a minha visão musical, a serviço de outros autores. Fui adiando porque a composição é a minha vida, mas, quando decidi fazer, uma das primeiras músicas que escolhi foi ‘Disfarça e chora’, porque foi uma das canções que me ligou muito fortemente a Cartola”, explicou o cantor no estilo "banquinho e violão" durante a apresentação.

O repertório do show trouxe como novidade uma das faixas lançada por Djavan no álbum "Lilás" (1984), nunca cantada em shows pelo compositor intitulada "Transe". Como a canção faz parte do, digamos, lado B do artista, poucos foram aqueles que entoaram a canção. Em palco pernambucano, o cantor sempre se mostra espontâneo e, confessadamente adora o estado. Talvez por ter morado por um curto período em Recife, por ter parentes que residem na cidade ou simplesmente por ter uma encarnação por viver no estado como disse em certa altura do show:

"Eu estou vivendo a minha sexta encarnação. A primeira foi na Grécia, a segunda no Egito, a quarta no Peru, a quinta na Espanha e a sexta é esta que estou vivendo aqui, no Brasil. E eu tenho mais uma para viver, a última, que também será no Brasil e aqui, em Recife".

Dentro dos 22 números do roteiro, o cantor alagoano procurou mesclar sucessos invariavelmente presentes em suas apresentações (como Eu te devoro, Seduzir, Lilás, Sina, Samurai, Flor de Lis, Oceano) com algumas das 12 músicas que gravou no álbum Ária, seu primeiro disco como intérprete.



A parte que merece ser esquecida da noite foi a ignorância, arrogância e prepotência de um dos membros da produção do cantor alagoano, que destratou inúmeros fãs do artista enquando os mesmos aguardavam a oportunidade para poder tirar uma fotografia, dar um simples abraço ou pegar um autográfo com o Djavan. O "Serjão", que é uma espécie de Roadie, esqueceu que quem custeia o salário dele indiretamente são aqueles que foram maltratados e constrangidos enquanto aguardavam o atendimento por parte do Djavan e se descontrolou com o público presente. Lamentável, nesse aspecto, a falta de profissionalismo.

Set-list:
01 - Seduzir (Djavan)
02 - Eu te Devoro (Djavan)
03 - Lambada de Serpente (Djavan)
04 - Sabes Mentir (Othon Russo)
05 - Oração ao Tempo (Caetano Veloso)
06 - Nada a nos separar (West of the wall) (W.Shanklin)
07 - Faltando um Pedaço (Djavan)
08 - Disfarça e Chora (Cartola e Dalmo Castello)
09 - Brigas Nunca Mais (Tom Jobim e Vinicius de Moraes)
10 - Fly me to the Moon (Bart Howard)
11 - Treze de Dezembro (Luiz Gonzaga e Zé Dantas)
12 - La Noche (Enrique Heredia Carbonell e Juan Jose Suarez Escobar)
13 - Oceano (Djavan)
14 - Palco (Gilberto Gil)
15 - Transe (Djavan)
16 - Fato Consumado (Djavan)
17 - Flor de Lis (Djavan)
18 - Linha do Equador (Djavan e Caetano Veloso)
19 - Samurai (Djavan)
20 - Sina (Djavan)
21 - Pétala (Djavan) (Bis)
22 - Lilás (Djavan) (Bis)

3 comentários:

Paulo Roberto disse...

Parabéns pelo Blog.
E sobre o show, lamentavel eu não ter ido, justamente pq não estava na minha realidade os ingressos.
Djavan é Djavan.
Um sonho a ser consumido em breve, assistir o show dele.

brunonegromonte disse...

Paulo, obrigado pelo carinho com o Musicaria. Os ingressos para esse show do Recife realmente estava muito caro para a realidade de muitos. Sem contar que a divulgação foi escassa e praticamente em cima do show. Isso impossibilitou muita gente de prestigiar o ária.
Mas é como eu disse ao longo do texto, apesar de caro é um espetáculo que vale cada centavo gasto.

Abraço!

Mariana disse...

Show lindo, noite linda. Djavan como sempre impecável! Salve, salve!

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