Por José Teles
O lançamento do CD do Festival de Música Carnavalesca do Recife, na Praça do Arsenal, no Bairro do Recife, acontece meio século depois do frevo, como produto comercial, chegar ao auge, graças à Fábrica de Discos Rozenblit. Em fevereiro de 1961, os álbuns mais vendidos em Pernambuco eram O que faltou e você pediu, com composições de Nelson Ferreira, e Carnaval começa com C de Capiba, ambos tinham como intérprete Claudionor Germano, que não está no CD do festival. Embora lançado em cima do Carnaval, o disco deste concurso deve ter destino diferente dos anteriores: será distribuído nacionalmente com o seleto selo da carioca Biscoito Fino, o que garante uma grande visibilidade para as 15 músicas que chegaram à finalíssima do FMCR.
A exposição começa hoje, com todos os que participaram do disco se apresentando no palco do Pátio de São Pedro, a maioria com acompanhamento da Spokfrevo Orquestra: “Acho que este é um belo disco, resultado de um trabalho afinado de equipe. Das eliminatórias à gravação o que mais contou foi o trabalho em conjunto”, comenta o maestro Spok, que tem se empenhado no esforço não apenas de renovação do frevo, como também em levá-lo a pessoas para as quais até então a palavra “frevo” não fazia parte do vocabulário. Ano que vem, a SFO tem agendadas 20 datas nos Estados Unidos, a convite do trompetista americano Wynton Marsalis.
Para Spok, outro trunfo deste disco é que ele procura ao máximo desfolclorizar os ritmos carnavalescos, principalmente caboclinho e maracatu-canção: “Procuramos fazer com a orquestra uma execução bem atual para estas músicas. Acho que na qualidade elas são tão boas quantos as de outras épocas”.
A maior exposição do disco do festival de música carnavalesca contempla uma geração que há anos vem animando carnavais, André Rio, Beto do Bandolim, Luciano Magno e o veterano Getúlio Cavalcanti. O guitarrista Luciano Magno levou o primeiro lugar em frevo-de-rua (com Pisando em brasa) e segundo em caboclinho (com Caboclo d’água, com João Araújo), coroando um trabalho que vem fazendo já há alguns anos com a música de Carnaval: “Apesar da crítica de que o frevo não tem se renovado está aí este disco para comprovar que isto não é a realidade, com a inserção de artistas novos. As pessoas devem atentar para o fato de que a música de Carnaval pernambucana já tem um novo repertório”, ressalta.
Embora não tenha tido a música que defendeu classificada entre as 15 finalistas, Nena Queiroga também joga no time desta renovação da música carnavalesca e está lançando um disco para a folia, É frevo, meu bem, com metade de músicas autorais e a outra metade de clássicos: “As inéditas são minhas, algumas em parceria. Não será um disco para as lojas, será distribuído com as pessoas”, diz Nena, que mantém assim uma tradição familiar. O pai, o compositor Luiz Queiroga, chegou a ganhar um dos primeiros Frevança (festival promovido pela Globo Nordeste), com uma parceria com o filho Lula Queiroga. Já sua mãe, Mêves Gama, foi crooner da orquestra de Nelson Ferreira e intérprete de vários sucessos do frevo nos anos 60, de autores como citado Nelson Ferreira, Capiba ou Gildo Branco.
Mesmo entrando no catálogo da Biscoito Fino, o disco do Festival de Música Carnavalesca do Recife esbarra num obstáculo difícil de transpor: tocar no rádio: “Não temos nenhum esquema para que toque no rádio. O pessoal da equipe distribuiu cinco músicas escolhidas para serem trabalhadas”, diz Daniella Varjal, da produção do festival. O escolado Claudionor Germano elogia o fato deste disco ter recebido tanta atenção, mas faz uma ressalva: “Sem tocar no rádio, não adianta. A prefeitura precisa armar algum esquema para que o disco seja tocado”.
4 comentários:
Se tivesse a frei caneca tivesse saído do papel ou se a universitária funcionasse com qualidade e com progamação renovada, quem sabe um dia eu não consiga ouvir as músicas.
Vítor, acho que a visibilidade merecida esse álbum não venha a ter, mas o Hugo Martins no comando do programa "O Tema é Frevo", talvez venha tocar algumas faixas...
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