Por Mariana ZAN e Simone LANDAL
Resumo
O objetivo dessa pesquisa foi investigar a influência do psicodelismo nas capas de discos da Tropicália. A partir da análise de peças que possuem a linguagem gráfica que a contracultura psicodélica utilizava estas, serão relacionadas, por critérios de semelhança visual, com as capas de discos produzidas no período do movimento tropicalista. A escolha por este período da história brasileira que se mostrou oponente às repressões impostas por um governo ditatorial se deu pela forte influência de aspectos históricos, culturais e sociais na produção do design gráfico da época.
Palavras-chave: Psicodelismo; Tropicália; capas de discos.
Introdução
A análise realizada neste artigo é um recorte de um capítulo integrante de um projeto de conclusão de curso, em desenvolvimento no curso de Design - Projeto Visual da Universidade Positivo. O objetivo desta análise é investigar a influência do psicodelismo, através de suas principais características, presentes na linguagem gráfica das capas de discos do movimento Tropicalista. Foi definido como objeto de estudo a capa de disco, por tratar-se de um importante veículo de comunicação e prática de design que obteve grande destaque no período da Tropicália, esta por sua vez, criou um novo cenário cultural no Brasil, mesmo inserido em um regime ditatorial.
O design, produzido neste contexto nacional, possuía uma identidade própria, porém, muitas de suas referências visuais estavam no que era produzido no exterior. Imagens fotográficas foram amplamente difundidas, assim como cartazes e a realização de completas identidades visuais que assumiam uma postura de criação coletiva do design, manifestando o sonho de uma sociedade igualitária existente na década de 60.
A metodologia utilizada para investigar as semelhanças na linguagem visual presente tanto nas peças do psicodelismo, quanto nas tropicalistas, será baseada nos critérios de análise de Martine Joly, apresentados no livro Introdução à Análise da Imagem (2005).
Serão identificados elementos como cores e formas (signos plásticos), motivos reconhecíveis (signos icônicos) e textos (signos linguísticos), ou seja, analisar seus elementos tipográficos, imagens, uso de cores, sobreposição e utilização de diferenteselementos gráficos, como estratégia visual utilizada nas capas de discos destes períodos.
Esta estratégia visual bem marcada justifica a seleção das capas de discos da Tropicália,sendo estas, Caetano Veloso (1968), Gal, de Gal Costa (1969); e do Psicodelismo, Disraeli Gears do Cream (1967) e Bee Gees’1st do Bee Gees (1967). A tendência pelo acúmulo de elementos, excesso de informação, percepção espacial distorcida e a intensidade presente em vários aspectos gráficos são características da linguagem utilizada em ambos os movimentos, alcançando o público a que se destinam e contrapondo-se ao modernismo, vanguarda de maior influência para o design na época.
Psicodelismo
Em um cenário mundial na década de 60, estudantes tornavam cada vez mais frequentes manifestações, greves, protestos e organizações políticas que lutavam pelo fim da guerra do Vietnã, contra o racismo, pela paz e pelos povos subdesenvolvidos. A esse conjunto de manifestações, deu-se o nome de contracultura. Uma busca por outro estilo de vida, underground, à margem do sistema oficial. (BOTTINO, 2006). Este movimento estudantil teve seu ápice em 1968 e foi caracterizado por cabelos longos, roupas coloridas, misticismo oriental, música e drogas. Em vários países,contestavam a sociedade, seus sistemas de ensino e sua cultura em diversos aspectos, como a sexualidade, os costumes, a moral e a estética.
Para MELO (2006, p. 55) o psicodelismo traduz uma demanda por complexidade que emerge com grande força nos anos 60. Aderido especialmente pelos jovens, dentro do contexto da contracultura, os designers psicodélicos rejeitavam o modernismo como influência padrão da época, para a criação do design. Buscavam inspiração, não focando uma única tendência, mas baseando-se em tudo o que acontece ao seu redor e no mundo, na qual essa representação mental surgia muitas vezes por meio de alucinações motivadas por drogas alucinógenas (LSD).
A intenção da linguagem visual inspirada na droga era obter os efeitos das alucinações através de imagens e textos altamente coloridos e contrastantes. Estes elementos eram dispostos sem uma diferenciação de planos, proporcionando assim, uma equivalência entre elementos positivos e negativos, produzindo uma vibração óptica para o observador.
Tropicália
No Brasil, o Movimento Tropicalista foi o último grande arauto cultural e político, que emergindo em 1967, influenciou toda uma geração. Ele abriu novos caminhos para os cenários musical e estético, além de revitalizar a discussão do imaginário brasileiro.
(RODRIGUES, 2006). Caetano Veloso e Gilberto Gil foram os precursores de uma nova proposta musical apresentada no III Festival de Música Popular da TV Record. No teatro, representada pelas montagens de O Rei da Vela e Roda Viva. Glauber Rocha trouxe o tropicalismo para o Cinema Novo, com o lançamento de Terra em Transe.
Assim como as artes plásticas, nas quais as principais experimentações foram elaboradas por Hélio Oiticica.
Música, corpo, cores e imagens passaram a ser símbolos de manifesto neste movimento inserido em uma cultura de esquerda que vivia sob a condução de um governo ditatorial de direita. Celso Favaretto (1979, p. 30) considera que a Tropicália representou uma abertura cultural em um sentido amplo, trazendo uma resposta desconcertante à questão das relações entre arte e política.
Segundo Melo (2006. p. 45), tomando como exemplo a capa de Jânio de Freitas para o disco Opinião de Nara e da capa de Carlos Prósperi para O fino do fino de Elis Regina e Zimbo Trio, pode-se dizer que a MPB fez uma opção pela linguagem modernista, através do pouco uso de cores, da tipografia sem serifa e letras minúsculas, dos diagramas das composições e até uma referência bauhausiana; já o Tropicalismo apostou na vertente oposta, aderindo à vanguarda internacional e incorporando o psicodelismo e a arte pop.
Resumo
O objetivo dessa pesquisa foi investigar a influência do psicodelismo nas capas de discos da Tropicália. A partir da análise de peças que possuem a linguagem gráfica que a contracultura psicodélica utilizava estas, serão relacionadas, por critérios de semelhança visual, com as capas de discos produzidas no período do movimento tropicalista. A escolha por este período da história brasileira que se mostrou oponente às repressões impostas por um governo ditatorial se deu pela forte influência de aspectos históricos, culturais e sociais na produção do design gráfico da época.
Palavras-chave: Psicodelismo; Tropicália; capas de discos.
Introdução
A análise realizada neste artigo é um recorte de um capítulo integrante de um projeto de conclusão de curso, em desenvolvimento no curso de Design - Projeto Visual da Universidade Positivo. O objetivo desta análise é investigar a influência do psicodelismo, através de suas principais características, presentes na linguagem gráfica das capas de discos do movimento Tropicalista. Foi definido como objeto de estudo a capa de disco, por tratar-se de um importante veículo de comunicação e prática de design que obteve grande destaque no período da Tropicália, esta por sua vez, criou um novo cenário cultural no Brasil, mesmo inserido em um regime ditatorial.
O design, produzido neste contexto nacional, possuía uma identidade própria, porém, muitas de suas referências visuais estavam no que era produzido no exterior. Imagens fotográficas foram amplamente difundidas, assim como cartazes e a realização de completas identidades visuais que assumiam uma postura de criação coletiva do design, manifestando o sonho de uma sociedade igualitária existente na década de 60.
A metodologia utilizada para investigar as semelhanças na linguagem visual presente tanto nas peças do psicodelismo, quanto nas tropicalistas, será baseada nos critérios de análise de Martine Joly, apresentados no livro Introdução à Análise da Imagem (2005).
Serão identificados elementos como cores e formas (signos plásticos), motivos reconhecíveis (signos icônicos) e textos (signos linguísticos), ou seja, analisar seus elementos tipográficos, imagens, uso de cores, sobreposição e utilização de diferenteselementos gráficos, como estratégia visual utilizada nas capas de discos destes períodos.
Esta estratégia visual bem marcada justifica a seleção das capas de discos da Tropicália,sendo estas, Caetano Veloso (1968), Gal, de Gal Costa (1969); e do Psicodelismo, Disraeli Gears do Cream (1967) e Bee Gees’1st do Bee Gees (1967). A tendência pelo acúmulo de elementos, excesso de informação, percepção espacial distorcida e a intensidade presente em vários aspectos gráficos são características da linguagem utilizada em ambos os movimentos, alcançando o público a que se destinam e contrapondo-se ao modernismo, vanguarda de maior influência para o design na época.
Psicodelismo
Em um cenário mundial na década de 60, estudantes tornavam cada vez mais frequentes manifestações, greves, protestos e organizações políticas que lutavam pelo fim da guerra do Vietnã, contra o racismo, pela paz e pelos povos subdesenvolvidos. A esse conjunto de manifestações, deu-se o nome de contracultura. Uma busca por outro estilo de vida, underground, à margem do sistema oficial. (BOTTINO, 2006). Este movimento estudantil teve seu ápice em 1968 e foi caracterizado por cabelos longos, roupas coloridas, misticismo oriental, música e drogas. Em vários países,contestavam a sociedade, seus sistemas de ensino e sua cultura em diversos aspectos, como a sexualidade, os costumes, a moral e a estética.
Para MELO (2006, p. 55) o psicodelismo traduz uma demanda por complexidade que emerge com grande força nos anos 60. Aderido especialmente pelos jovens, dentro do contexto da contracultura, os designers psicodélicos rejeitavam o modernismo como influência padrão da época, para a criação do design. Buscavam inspiração, não focando uma única tendência, mas baseando-se em tudo o que acontece ao seu redor e no mundo, na qual essa representação mental surgia muitas vezes por meio de alucinações motivadas por drogas alucinógenas (LSD).
A intenção da linguagem visual inspirada na droga era obter os efeitos das alucinações através de imagens e textos altamente coloridos e contrastantes. Estes elementos eram dispostos sem uma diferenciação de planos, proporcionando assim, uma equivalência entre elementos positivos e negativos, produzindo uma vibração óptica para o observador.
Tropicália
No Brasil, o Movimento Tropicalista foi o último grande arauto cultural e político, que emergindo em 1967, influenciou toda uma geração. Ele abriu novos caminhos para os cenários musical e estético, além de revitalizar a discussão do imaginário brasileiro.
(RODRIGUES, 2006). Caetano Veloso e Gilberto Gil foram os precursores de uma nova proposta musical apresentada no III Festival de Música Popular da TV Record. No teatro, representada pelas montagens de O Rei da Vela e Roda Viva. Glauber Rocha trouxe o tropicalismo para o Cinema Novo, com o lançamento de Terra em Transe.
Assim como as artes plásticas, nas quais as principais experimentações foram elaboradas por Hélio Oiticica.
Música, corpo, cores e imagens passaram a ser símbolos de manifesto neste movimento inserido em uma cultura de esquerda que vivia sob a condução de um governo ditatorial de direita. Celso Favaretto (1979, p. 30) considera que a Tropicália representou uma abertura cultural em um sentido amplo, trazendo uma resposta desconcertante à questão das relações entre arte e política.
Segundo Melo (2006. p. 45), tomando como exemplo a capa de Jânio de Freitas para o disco Opinião de Nara e da capa de Carlos Prósperi para O fino do fino de Elis Regina e Zimbo Trio, pode-se dizer que a MPB fez uma opção pela linguagem modernista, através do pouco uso de cores, da tipografia sem serifa e letras minúsculas, dos diagramas das composições e até uma referência bauhausiana; já o Tropicalismo apostou na vertente oposta, aderindo à vanguarda internacional e incorporando o psicodelismo e a arte pop.
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