sábado, 13 de junho de 2020

ALMANAQUE DO SAMBA (ANDRÉ DINIZ)*

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Roberto Ribeiro

Dermeval Miranda Maciel, mais conhecido como Roberto Ribeiro, nasceu na cidade de Campos, interior do estado do Rio de Janeiro, e lá se tornou jogador de futebol profissional. O samba entrou na sua vida em definitivo quando, em 1972, gravou pela Odeon três compactos em parceria com Elza Soares. O sucesso dos discos agradou a gravadora, que no mesmo ano lançou o LP Elza Soares e Roberto Ribeiro. Mas sua carreira começou a deslanchar realmente em 1975, quando gravou o samba “Estrela de Madureira”, e no ano seguinte, com dois sambas que estouraram nas rádios do país: “Acreditar”, de Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho, e “Tempo ê”, de Zé Luiz e Nelson Rufino, este último tornando-se muito conhecido a partir das gravações de Roberto. Defendeu o Império Serrano, interpretando seus sambas na avenida, entre os anos de 1975 e 1983. Uma de suas últimas gravações está registrada num disco produzido por Paulo César Pinheiro, Clara com vida, quando cantou uma parceria de Nei Lopes e Wilson Moreira, “Coisa da antiga”.

Gravou seu primeiro LP em 1973, de forma amadora, quando uma fábrica de São Paulo quis fazer um brinde de Natal para seus clientes. Três anos depois lançaria outro, com seus melhores sambas. 
Quando faleceu, em 1984, estava trabalhando na preparação de seu quarto disco. Mano Décio compôs mais de 500 músicas. O Império Serrano desfilou 19 carnavais com seus sambas, sendo quatro vezes campeão.


Dona Ivone Lara

“Sonho meu, sonho meu
vai buscar quem mora longe, sonho meu
vai mostrar esta saudade, sonho meu
com a sua liberdade, sonho meu...”
DONA IVONE LARA e DÉLCIO CARVALHO, “Sonho meu”

Com pai violinista e componente do Bloco dos Africanos, e mãe pastora do rancho Flor do Abacate, Ivone Lara da Costa tinha tudo para ser cantora e compositora (mas foi também assistente social até se aposentar).
Ainda menina, ficou órfã de pai e mãe, e foi colocada por parentes num colégio interno, onde ficou até os 17 anos e de onde saiu para morar com um tio, Dionísio Bento da Silva. Com ele, aprendeu a tocar cavaquinho e continuou os estudos.
Tornou-se enfermeira e, mais tarde, assistente social, tendo trabalhado em hospitais psiquiátricos. Casou-se aos 25 anos com o filho do então presidente da escola de samba Prazer da Serrinha.
Seu primeiro samba foi inspirado num presente dado por seus primos, mestre Fuleiro e Hélio, que seriam seus futuros parceiros: um pássaro tiê-sangue. O nome do pássaro se juntou a uma expressão que costumava ouvir da avó moçambicana, “oialá-oxa”, e daí surgiu o samba “Tiê-tiê”.
Com o fim da Prazer da Serrinha, passou a fazer parte da escola de samba Império Serrano, sendo autora, em parceria com Fuleiro, do samba considerado hino da escola, “Não me perguntes” (“Não me perguntes/ pra que samba eu vou/ porque eu direi/ eu vou pro Império sim senhor/ sou imperiano/ na alegria e na dor”).
Em 1965, em parceria com Silas de Oliveira e Bacalhau, compôs um dos mais belos sambas-enredos da história, “Cinco bailes da história do Rio”, e o Império acabou ficando em quarto lugar. Pela façanha, tornou-se a primeira mulher a fazer parte da ala de compositores de uma escola de samba. Com o tempo, entretanto, deixou de compor para a escola, indo para a ala das baianas. Em 1977, aposentou-se e passou a se dedicar exclusivamente à música.
No final dos anos 1970, com a morte de um de seus grandes parceiros, Silas de Oliveira, Dona Ivone passou a compor com Délcio Carvalho, seu parceiro mais constante até os dias de hoje. Participou das rodas de samba do Teatro Opinião, e em 1970 gravou seu primeiro disco, Sambão 70. Em 1974, quando Cristina Buarque gravou um de seus sambas, tornou-se mais conhecida. Mas o reconhecimento do grande público só veio quando sua parceria com Délcio Carvalho em “Sonho meu” foi gravada por Maria Bethânia e Gal Costa. Por esse samba, chegou a ganhar, em 1978, o Prêmio Sharp de melhor música. Seus sambas, a partir daí, foram gravados por nomes da MPB como Caetano Veloso e Gilberto Gil, de quem se tornou parceira em “Força da imaginação”. Em 2002, recebeu o Prêmio Shell de música, com um grande show no Canecão, sendo homenageada por seus 55 anos de carreira.


Délcio Carvalho

Délcio Carvalho nasceu em Campos, cidade do interior do Rio de Janeiro, e cresceu com a música. Seu pai era saxofonista de uma banda muito conhecida na cidade, a Lira de Apolo. Ainda criança, trabalhou nos canaviais da cidade, cortando cana. Mais tarde começou a cantar em bailes e depois foi morar no Rio de Janeiro, tendo participado de vários programas de calouros e se apresentado em bares e boates.
Na década de 1970, ingressou na ala de compositores da Imperatriz Leopoldinense e fez parte do conjunto Lá Vai Samba, ao lado de Rubens Confete. Sua parceira mais constante é Dona Ivone Lara, com quem compôs “Sonho meu”, gravado por Maria Bethânia, Gal Costa e Clementina de Jesus, “Alvorecer”, “Acreditar” e “Liberdade”. Já gravou quatro discos, o último, A lua e o conhaque, em 2000, bastante elogiado pela crítica.





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