PROFÍCUAS PARCERIAS

Gabaritados colunistas e colaboradores, de domingo a domingo, sempre com novos temas.

ENTREVISTAS EXCLUSIVAS

Um bate-papo com alguns dos maiores nomes da MPB e outros artistas em ascensão.

HANGOUT MUSICARIA BRASIL

Em novo canal no Youtube, Bruno Negromonte apresenta em informais conversas os mais distintos temas musicais.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

DJAVAN ASSINA COM A UNIVERSAL MUSIC

O cantor e compositor alagoano que já passou por gravadoras como EMI e Sony Music, depois de uma breve passagem pela Biscoito Fino, assina contrato com mais uma gravadora.


Artista reconhecido no Brasil e exterior, Djavan acaba de selar parceria entre a sua própira gravadora, Luanda Records, e a Universal Music para o lançamento de seu próximo e aguardado CD, primeiro trabalho de músicas inéditas em cinco anos. Djavan compôs, arranjou e produziu todas as 13 faixas do disco, que será lançado no início de setembro.

Circulando entre a música popular e o jazz, o brasileiro coleciona fãs em todo o mundo e já vendeu mais de 6 milhões de discos na carreira. Em 37 anos de carreira, possui 22 álbuns lançados e coleciona sucessos como “Seduzir”, “Oceano”, “Sina”, “Flor de lis”, “Eu te Devoro”, entre outras.

A variedade rítmica e estilo musical inconfundível de Djavan levam suas turnês para todos os continentes. Integrante do primeiro time da música popular brasileira, é parceiro de artistas como Caetano Veloso e Chico Buarque e já recebeu dois prêmios Latin Grammy - Melhor Canção Brasileira por “Acelerou” (2000) e Melhor Álbum de Música Popular Brasileira por “Ária” (2011).

Respeitado entre público, crítica e classe artística, Djavan teve sua obra gravada por nomes como Nana Caymmi, Maria Bethânia, Roberto Carlos e Gal Costa. Este ano, produziu pela primeira vez o álbum de outro artista, o elogiado “Não tente compreender”, de Mart’nália.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

O TEMPO CERTO DE JULIA BOSCO

Acompanhada por João Bosco e Marco Valle, Julia mostra-se atemporal em seu álbum de estreia procurando retratar coisas de casais.

Por Bruno Negromonte


Qualquer momento é tempo para se falar do amor em suas mais variadas nuances, e talvez detentora deste conhecimento, a cantora e compositora Julia Bosco soube explorar de forma ímpar este tema em seu debute fonográfico. Esperou o exato momento para dar vazão as suas ideias e concepções sobre as relações afetivas de modo intenso, visceral e musical; condensando toda complexidade do tema ao longo desse período em que esteve envolta com outras atividades que não a musical ao longo dos últimos anos. Em 2012 a necessidade de expressar-se artisticamente falou mais alto, e não houve uma ponderação que a fizesse voltar o caminho escolhido a ser seguido. Advinda, desde a infância, de um contexto extremamente propício ao desenvolvimento dessa aptidão, Júlia vem trazendo em "Tempo" a certeza de que agora de fato chegou a sua hora.

Julia, que aos quatro anos, chegava a pedir à mãe para pôr o disco de Billie Holiday (um dos maiores nomes do mundo do jazz do século XX) para embalar o seu sono, daí veio a crescer em meio de composições, cantos, apresentações em programas infantis, rodas de sambas e em meio um ambiente predominantemente artístico; e mesmo que em dado momento tenha tentado seguir por caminhos incongruentes a essa aptidão natural cursando a faculdade de Jornalismo, além do curso de Publicidade e Marketing e logo em seguida tornou-se consultora em uma multinacional do petróleo por oito anos, até que em setembro do ano passado percebeu que todos os caminhos dos quais se esquivou eram apenas atalhos para o seu inevitável e definitivo encontro com a música.



O título "Tempo" foi adequadamente escolhido para batizar o álbum devido a essa maturação da condição de artista por parte da cantora e compositora, porém nada era de espantar se por ventura o disco viesse a chamar-se de "Encontro". Sim! "Encontro"... Encontro de Julia com os anseios e desejos por vezes reprimidos devido a sua escolha profissional e título que faria jus particularmente por conta do destino que veio a cruzar o seu caminho caminho com o do músico Fabio Santanna, que assinou todas as faixas do disco (nove em parceria com a cantora), também comanda a produção do disco, além de ter acabado tornando-se marido e grande incentivador da artista.  De certo modo, ele veio a surgir em sua vida para dar o incentivo que faltava para que ela saísse dessa espécie de invólucro ao qual insistia em permanecer e se deixasse conduzir pela chama desse desejo, que por mais recôndito que estavae, nunca se deixou apagar. Vale registrar também que a produção do álbum conta também com o auxílio luxuoso do músico, Dj e  produtor Plínio Profeta. Plínio traz em sua bagagem além da experiência de ter trabalhado com diversos nomes da música brasileira o Grammy latino pelo trabalho de produção no disco "Falange Canibal", do cantor e compositor pernambucano Lenine em 2002.

Dentre as faixas do álbum há a participação de dois grandes nomes da música popular brasileira: João Bosco e Marco Valle. Bosco deixa a sua inconfundível marca no afoxé "Na Oração" (composição que surgiu como reminiscência de uma descontraída viagem à Turquia em família, onde encantou-se com a relação do pai com a fé), já Valle empresta a sua voz e a bossa do seu piano Rhodes e teclados Moog na faixa "Curtição", canção de forte levada funk e que teve como inspiração a sonoridade do cantor e compositor carioca. O álbum ainda conta com a salsa "Tudo bem", que retrata os desencontros de casais com rotinas distintas; "Dia Santo" canção que aborda os ritos afro-brasileiros em uma sonoridade tão peculiar quanto o tema abordado. Já a bossa "Carta para uma amiga" vem regada de contemporaneidade rítmica endossada pelos arranjos de metais. A faixa "de trabalho" trata-se de "Desativados" , que surge como um dos temas auto-biográfico do disco e remete-nos as divas as quais Julia fazia questão que embalassem seu sono em um excelente arranjo de tom  jazzístico.

O passeio pelas faixas continuam com "Angel", que torna-se uma das faixas mais confessional do disco por se tratar de uma explícita declaração de amor por parte de Julia ao marido e encontra-se na trilha sonora do filme "Paraíso Aqui Vou Eu". Já "Tudo sempre" é uma canção que ao ouvirmos nos remete aos clássicos da Motown, a mim particularmente trouxe-me a lembrança o grupo  Gladys Knight e The Pips e a clássica "Neither one of us (want to be the first to say goodbye)", além da balada "Mesmo princípio" que traz como tema mais peculiaridades de uma vida a dois. As músicas e letras exclusivamente da lavra do marido e produtor são compostas por uma heterogeneidade de ritmos, tais quais o samba "Mutantes", "Play a Fool"(faixa que segundo a cantora foi fruto de uma briga horrorosa e acabou tornando-se uma confissão de que ele de fato estava errado), a balada  "Confusão" e a faixa "Tempo", que dá nome ao disco.



Com elegância e sofisticação Julia Bosco tece a contemporaneidade de sua sonoridade com os sons que permearam todo esse seu processo evolutivo enquanto cantora, e para isso contou com nomes como Ronaldo Silva (bateria e percussão), Lancaster Lopes (baixo), Ge Fonseca (piano), Cecília Spyer (vocais), Plínio Profeta (cavaco). Os metais  ficam a cargo de BiduAltair MartinsJosé Carlos Bigorna e Marlon Sette (que também escreveu os arranjos) e as cordas ficam sob responsabilidade de Iura RanevskyPedro MibielliGlauco Fernandes e Jesuína PassarotoAlém do marido Fabio Santana, que executa teclado, guitarra e violão.

O tempo deu o tom preciso para a artista mostrar-se de maneira plena em sua nova escolha, trazendo consigo um repertório confessional e intimista, onde o amor é a influência maior na elaboração deste projeto. Júlia Bosco chega trazendo consigo o amor, não só pela arte mas também no âmbito pessoal da maneira mais visceral possível. Exposto em cada verso presente no álbum de maneira madura e sensata, sem soar piegas ou clichê. É um trabalho que procura mostrar a verdadeira intenção da artista: vir para ficar. Talvez por apresentar-se de modo tão verdadeiro, ela venha munida de características tão positivas e que a coloca no patamar de uma das mais gratas surpresas musicais deste ano. Sua segurança, sutileza e elegância fazem de "Tempo" não só um trabalho de tom confessional, mas expõe uma artista que está estreando no mercado fonográfico exibindo uma maturidade inerente a artistas que trazem consigo bastante know-how, confirmando talvez aquilo que certa vez escreveu o poeta curitibano Paulo Leminski: "Haja Hoje para tanto Ontem". Afinal de contas o tempo não pára!


Maiores Informações:
Twitter - @Julia_Bosco 


Contato:
Agenciamento - Flávia Souza Lima | Planetário Produções:
mailto:planetarioproducoes@gmail.com?Subject=Julia%20Bosco - Tel.: (21) 9139.0777 - (21)8017.0000 

Assessoria de Imprensa - Fabiane Pereira | Valentina Assessoria de Comunicação e Marketing:


O álbum pode ser adquirido através dos seguintes endereços:


Livraria Cultura:

Saraiva:



Manaus (AM):
Saraiva Shopping Manauara

Salvador (BA):
Livraria Cultura
Pérola Negra - nova - Tel: 71 3336-6997

Fortaleza (CE):
Livraria Cultura

Brasília (DF):
Livraria Cultura - Brasilia - Tel: 0 XX (61) 3410-4033
Livraria Cultura - Brasilia / Lago Norte

Belo Horizonte (MG):
Discomania - Edu - Tel: 31 3227-6696
Discoplay - Tel: 31 3222-0046

Belém (PA):
Ná Figueredo-Estação - Tel: 91 32123421

Recife (PE):
Passadisco - Tel: 81 3268 0888

Curitiba (PR):
Livraria Cultura Curitiba
Só Música - Tel: (41) 3222-4339

Rio de Janeiro (RJ):
FNAC Barra - Tel: 21 2109-2000
Livraria Cultura - Rio de Janeiro
Livraria da Travessa - Leblon - Tel: 21 3138-9600
Marimba - Tel: 21 2205-7739

Porto Alegre (RS):
Liv. Cultura RS - Tel: 51 3028-4033

São Bernardo do Campo (SP):
Merci Discos II - Tel: 11 4368-8569

São Paulo (Capital) (SP):
Banana Music - Tel: 11 3085-8877
Baratos Afins - Tel: 11 3223-3629
Compact Blue - Tel:
Discoteka Cultural - Multishop Vila Mari - Tel: 11 5906-0456
FNAC - Tel: 11 4501-3000
Laserland - Tel: 11 3082-0922
Liv.Cultura - Market Place - Tel: 11 3474-4033
Livraria Cultura - Paulista - Tel: 11 3170-4033
Livraria Cultura - Shopp Bourbon Pompeia - Tel:
Livraria Cultura - Villa-Lobos - Tel: 11 3024-3599
Livraria do Espaço Unibanco SP - Tel: 11 3141-2610
Mini Box - Tel: 11 3101-7392
Painel Musical - Shopping Ibirapuera - Tel: 11 5561-9981


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sábado, 14 de julho de 2012

FLÁVIO ASSIS - ENTREVISTA EXCLUSIVA

Soteropolitano, Flávio Assis traz arraigado em sua sonoridade as fortes influências de sua terra somando-se a ela as remotas lembranças musicais que sua mãe, Dona Eliene, o apresentou. Esse emaranhado musical traz hoje como resultado dois álbuns e composições marcadas por características bem peculiares.

Por Bruno Negromonte


A sonoridade de Flávio Assis pode ser analogamente comparada a uma espécie de rio, que constituído por um percurso bastante peculiar, deságua em uma gama de ritmos e influências agradavelmente abrangentes. Os principais afluentes desse rio são, sem sombra de dúvidas seus pais, que souberam como poucos substanciar a musicalidade do artista e com essas características destacáveis que o cantor e compositor vem atualmente na estrada divulgando o seu segundo álbum intitulado "Feira Livre", que conta com a adesão do também cantor e compositor Roberto Mendes assinando a produção. 

Flávio, apresentado ao público do Musicaria Brasil a partir da pauta "FLÁVIO ASSIS APRESENTA UMA FEIRA IMBUÍDA DE RITMOS E BRASILIDADE (http://musicariabrasil.blogspot.com.br/2012/05/flavio-assis-apresenta-uma-feira.html)" se dispôs gentilmente a nos conceder essa entrevista exclusiva onde aborda dentre outros temas sob o impacto que o atingiu na primeira audição do álbum "Expresso 2222" do Gilberto Gil e como conheceu o cantor e compositor paraibano Chico César, que participou do álbum "A cor da noite" lançado por Assis em 2009.


A primeira pergunta trata-se na verdade de uma curiosidade: quais as suas maiores e mais remotas reminiscências do seu envolvimento com a música?

Flávio Assis - As lembranças mais recônditas da minha relação com a música estão, fortemente, arraigadas à minha mãe, Dona Eliene. Lembro-me, criança, tentando acompanhar, cantando, as inúmeras canções que desabrochavam da sua vitrola. Também tem papel importante a cidade de Salinas da Margarida, no Recôncavo Baiano (onde morava meu avô materno, Seu Basílio, e onde eu passava minhas férias escolares). Foi lá onde eu ouvi, pela primeira vez, o som inconfundível dos tambores sagrados do Candomblé (rum, rumpi e lé)... Soavam-me como algo mágico, e eu me espreitava entre os adultos para assistir às cerimônias, alguns ritos públicos e, principalmente, suas festas. Meu avô, Seu Basílio, que tocava modas no cavaquinho também me instigava musicalmente. Foi em Salinas que eu conheci o samba-de-roda, as mulheres sambadeiras, os cânticos e toda magia rítmica deste patrimônio imaterial do povo brasileiro. No bairro onde cresci em Salvador, na década de 1980, o Cabula, convivi com uma pessoa que foi fundamental na minha relação com o violão, o Seu Gerson (que o considero como um segundo pai, para mim). Com ele descobri e me apaixonei pela minha maior influência musical, o Gilberto Gil. Ele tocava quase tudo do mestre baiano, sensacional! Seu Gerson foi quem, também me apresentou o universo lírico-harmônico, fabuloso, da Cantoria de mestres como Elomar, Vital Farias, Renato Teixeira, Xangai, Geraldo Azevedo e o piauiense, radicado em Goiás, Francisco Aafa. Agora, imagine todo esse caldeirão na cabeça de uma criança de 11 anos, já pensou? Considero-me um privilegiado!


Sua mãe Dona Eliene foi de extrema importância para a sua formação musical principalmente a partir da coleção de discos que ela possuía. A influência dela restringia-se apenas na questão da audição ou ela também dominava algum instrumento que acabou influenciando-o de certa forma assim como o seu pai?

FA - Diferente de meu pai, Seu Assis, minha mãe não tocava nenhum instrumento musical. O gosto eclético pela música, a forma “desavergonhada” com que ela, sem o menor constrangimento, punha um LP de Maria Bethânia para tocar e em seguida, Raul Seixas, o pernambucano Reginaldo Rossi, The Fevers e, pra fechar, Stevie Wonder, já pensou? Esse foi um dos seus maiores legados na minha formação, para muito além do artista que me tornei, mas do homem, do cidadão. Olhar para o mundo despido de pré-julgamentos, das amarras estéticas, tão inúteis. Fundamental!


Apesar de você ter passado por uma escola de música talvez tenha como grande formadora de sua arte as experiências noturnas em bares e espaços culturais de Salvador. Há algo que seja evidente nas canções de seus discos e que tenha sido assimilado desse período em que você tocou na noite?

FA - Não considero profunda, tampouco extensa, a minha relação com a “noite” nos bares da minha cidade natal, confesso. Fiquei pouco tempo inserido neste contexto, mesmo porque, em paralelo à música eu tive uma outra formação profissional, a de geógrafo, que me conduziu para a sala-de-aula, como professor da disciplina na Educação Básica. Aliás, profissão que ainda agora exerço, deus sabe até quando! Mas, claro que desse período tocando na noite ficou como herança, sem dúvida alguma, a plasticidade diante do repertório musical. Tocar na “noite”, exige muito da capacidade de diversificação do artista, não apenas com o repertório, mas com as sonoridades, timbres e interpretação, por exemplo.


Tanto nas letras quanto nas melodias o continente africano se faz bastante presente em seu trabalho. Esses aspectos parecem presentes em você de maneira muito arraigada. Deixe agora o geógrafo de lado e responda: nesta questão sonora a pangeia é algo ainda existente?

FA - Gostei dessa imagem, “pangeia sonora”, muito ilustrativa! Sim. Como artista, sou produto de um mosaico musical substancial, que permeia toda minha trajetória, como já disse anteriormente. Todas essas sonoridades não se traduzem em mim apenas como potência, mas estão presentes em amálgama, transfiguradas em mim, representam o meu “ethos musical”. Este “ethos” se traduz na minha condição de homem negro, pois ter na pele, “a cor da noite”, em nossa sociedade, é uma condição política. Tudo isso se reverbera, obviamente, na minha percepção de mundo, assentada sobre bases, ética, moral, espiritual, cultural e filosófica, de matriz africana, indelevelmente. Contudo, esta perspectiva pan-africanista desabrochou em mim, por volta dos meus 18 (dezoito) anos, quando lembro me apropriar de forma mais consciente deste tema. Então, no meu caso, com licença do neologismo, em mim o continente africano foi “(re)pangelizado”, por assim dizer, à minha existência.


Você vem trilhando uma carreira de maneira independente bastante interessante. Nos dois álbuns que foram lançados até então o reconhecimento pelo seu esforço não tem deixado de acontecer, tanto que no Prêmio da Música Brasileira deste ano você teve seu trabalho dentre os pré-selecionados. Qual a maior dificuldade em seguir um caminho alternativo dentro da música como este que você vem traçando?

FA - As dificuldades são inúmeras. Desde os obstáculos para inserção nas rádios à circulação do próprio trabalho. Com exceção da radio pública, aqui na Bahia, as demais obedecem a uma lógica mercadológica muito clara na sua grade de programação, a famosa máxima do “jabá”. A circulação, divulgação e distribuição, por exemplo, se dão majoritariamente a partir das redes virtuais. O advento da internet redimensionou o lugar e o papel da música independente em todo mundo, se instituindo como canal difusor importantíssimo, pôs em xeque a velha ordem das gravadoras e dos seus executivos. Na minha trajetória a internet tem sido imperativa do ponto de vista da divulgação e circulação do meu trabalho. Esse “bate-papo”, aqui no Musicaria Brasil, é um grande exemplo disso, ademais nos conhecemos na rede. Há mais ou menos uma semana, o CD Feira Livre passou a ser tocado em 10 (dez) rádios de Portugal, porque um produtor local assistiu ao show em Salvador e articulou, via rede, a inserção do trabalho nas mesmas. A distribuição do CD em formato digital, também é um grande exemplo. Tem aparecido compradores de diferentes partes do mundo, com os ouvidos curiosos para o trabalho, isso é muito bom!


Conte-nos acerca da sua aproximação com o Roberto Mendes e como surgiu o convite para que ele viesse a produzir este seu trabalho mais recente?

FA - Em primeiro lugar, eu sou um fã entusiasta da obra do Roberto Mendes, que é ímpar na Música Brasileira. Trabalhar ao lado do meu ídolo teve um sabor muito especial. Conheci o Roberto em 2008, à época da divulgação do seu livro “Chula: comportamento traduzido em canção” e do CD homônimo, uma verdadeira pérola, pouco conhecida do grande público, infelizmente. Então em 2010, estreei o show “Canção é mar”, onde tive a honra de tê-lo como convidado especial. A partir desse encontro passamos a nos falar com mais freqüência, o que nos permitiu nutrir uma amizade. Então, em junho de 2011, fui visitá-lo na sua casa em Santo Amaro da Purificação, para um papo, conselhos e claro, saborear uma legítima maniçoba. Foi desse encontro que surgiu a ideia de produzirmos um novo disco. Engraçado, porque a proposta inicial era muito diferente do resultado final. Roberto imaginou um disco muito próximo da sonoridade acústica, explorando o meu violão e as informações percussivas que minha forma de tocar o instrumento sugere. Mas aí surgiu o imponderável da condição humana, que é a inventividade, a capacidade eminentemente humana de (re)criar, (re)inventar, (re)elaborar , o que é fundamental na arte. Digo isso, porque os músicos/amigos envolvidos foram protagonistas desse processo. Tedy Santana (bateria), Cuca (percussão), Bóka Reis (percussão), Gustavo Caribé (baixo), Alex Mesquita (violão folk e guitarra), que arranjou, produziu e enviou as trilhas da sua participação de Los Angeles, com muito carinho e competência. Jurandir Santana (viola), Paulo Mutti (violão folk e guitarra), Jelber Oliveira (sanfona), Duarte Velloso (guitarra) e Dinho Filho (programação, edição e mixagem do disco). Enfim, uma turma da “pesada”, que tive a honra e o privilégio de trabalhar e compartilhar a minha arte com eles.


Em seu mais recente disco “Feira Livre” é bem perceptível características da sonoridade existente no recôncavo, tanto que já na primeira audição algo me remeteu, por exemplo, a saudosa Edith do Prato, que coincidentemente também foi produzida pelo Roberto Mendes. Esse tipo de sonoridade vem naturalmente devido as influências das fontes das quais você bebeu ou de certo modo tem a interferência do Roberto?

FA - Acredito que o disco “Feira Livre” seja um produto das duas coisas. As minhas influências já mencionadas de uma lado e o Roberto do outro, perfeitamente congruentes. Por exemplo, quando ouvi pela primeira vez “Expresso 2222”, do mestre Gilberto Gil, foi muito forte! A batida, o swing, a ginga, o “resfolego” e o “groove”, traduzidos no violão marcante de Gil, foram como uma grande revolução na cabeça de um menino de 11 (onze) anos, que ensaiava os primeiros acordes ao violão. Aquela sonoridade era e é Recôncavo em estado puro e, ao mesmo tempo, também é Luiz Gonzaga, é Jackson do Pandeiro, porque essas referências foram forjadas a partir de uma matriz negra e africana, tão bem traduzida na região do Recôncavo Baiano. Roberto Mendes representa para mim e toda uma geração de músicos na Bahia e no Brasil, em geral, a decodificação da trama rítmico-melódica que se constitui a chula, o embrião do grande produto genuinamente brasileiro, o samba. Por sua vez, o próprio Roberto já é o resultado de matrizes muito caras, como Dona Edith do Prato, que você muito bem citou, Dona Dalva de Cachoeira, os mestres tocadores, Seu João do Boi, Seu Alumínio e Seu Zé de Lelinha, por exemplo. Então o disco “Feira Livre”, é filho dessa profusão musical, cultural, simbólica e, fundamentalmente, comportamental. Nas palavras do mestre Roberto Mendes, o disco se transformou em uma “quermesse cultural”. 


Como se deu a participação do Chico César no álbum “A cor da noite”, de 2009, seu disco de estreia?

FA - Conheci o Chico em 2006, em São Paulo. À época estive na capital paulista para o estabelecimento de redes e a realização de cinco shows e, coincidentemente, ele estava lançando o seu álbum, “De uns tempos pra cá”, em parceria com o “Quinteto da Paraíba”, que na minha modesta opinião, é o melhor da obra do mestre paraibano, uma obra basilar da Música Brasileira, genial! Então, ao final de 2008 quando iniciei o processo de pré-produção do disco “A Cor da Noite”, foi imediata a associação com o Chico, surgindo o convite, que ele topou de imediato. Fiz a pré-produção da faixa em Salvador e gravamos a voz do Chico no seu estúdio, em São Paulo. O Chico César é um artista raro, desses que já não surgem mais, com um senso crítico, uma percepção de mundo e de vida apuradíssima, uma grande figura humana. Sou fã do Chico, também uma grande Escola para mim.


Gostaria que, se possível, você discernisse o que podemos observar como principais características existentes entre este seu álbum atual (“Feira Livre”) e o que o antecedeu (“A cor da noite”). Àqueles que só tiveram a oportunidade de ouvir o mais recente o que pode encontrar como características nele que de certo modo remete ao trabalho anterior?

FA - Ao contrário do “Feira Livre”, cuja produção se deu de forma mais espontânea, com forte influência da percepção de cada músico envolvido no processo, o disco “A Cor da Noite”, produzido por mim e o baixista baiano, Gilmário Celso, foi inteiramente arranjado. Neste primeiro trabalho, cada nota musical ali registrada foi arranjada. Se por um lado este aspecto se traduziu em uma estética harmoniosa, muito bem elaborada, por outro engessou a possibilidade do trabalho se (re)inventar, porque estava preso aos ditames do arranjo. O disco “A Cor da Noite”, é fundamentalmente temático, a partir do referencial africano. Os arranjos foram concebidos a partir da referência polifônica da música contemporânea de África, a partir dos trabalhos de artistas como, Salif Keita, Youssu N’Dou, Morkta Samba, Richard Bona, Manecas Costa, Angelic Joe, Habib Koité e outros. Isso aparece muito intencionalmente no trabalho, foi uma escolha consciente do processo de produção do disco. O “Feira Livre”, é diferente, é mais solto, mais espontâneo, eu me reconheço mais inteiro, mais maduro obviamente. O disco “A Cor da Noite” ele está disponível, na íntegra, na nossa página no MySpace e ainda é comercializado, aqui em Salvador, em lojas especializadas.


Como tem sido feita a divulgação do álbum “Feira Livre”? Você tem percorrido o Brasil ou esse trabalho a princípio restringe-se apenas à Bahia?

FA - Agora no segundo semestre estamos com agenda prevista para São Paulo e Rio de Janeiro, para circulação do disco, o que deve ser uma tendência cada vez mais natural do trabalho, à medida que Salvador, infelizmente, é pouco favorável à produção artística independente, por diversos fatores.





Maiores Informações:



Produção Flávio Assis - producao@flavioassis.com
Tel: 71-9933-5638 (VIVO) / 71-9173-3333 (TIM)

sexta-feira, 13 de julho de 2012

JOÃO BOSCO, 40 ANOS DEPOIS...

Reverenciado no Brasil e no exterior, João Bosco completa quatro décadas de registros fonográficos em grande estilo como homenageado do maior prêmio da música brasileira.



Viveu sua infância em um ambiente musical. O bandolim, o piano, o canto e o violino faziam parte de seu cotidiano familiar. Aos 12 anos de idade ganhou um violão verde e passou a integrar o conjunto de rock X-Gare. Em 1961, ao transferir-se para Ouro Preto a fim de estudar engenharia, teve seu interesse despertado pelo jazz, pela bossa nova e, tempos depois, pelo tropicalismo. Cinco anos depois, conheceu, na casa do pintor Carlos Scliar, em Ouro Preto, o poeta Vinicius de Moraes, que viria a ser seu primeiro parceiro. Com o poeta, compôs "Rosa dos ventos", "Samba do pouso" e "O mergulhador", entre outras canções. 

Em 1970, viajou de férias ao Rio de Janeiro, onde conheceu Aldir Blanc, com quem viria a iniciar uma fértil parceria.

No ano seguinte, Elis Regina registrou o trabalho da dupla, gravando a canção "Bala com bala" em seu LP "Ela".

Em 1972, gravou sua canção "Agnus sei" (c/ Aldir Blanc), faixa B de um disco de bolso lançado pelo jornal "O Pasquim", que apresentava, no lado A, a composição "Águas de março", na interpretação do próprio compositor, Tom Jobim.

Formou-se em Engenharia no ano seguinte e mudou-se para o Rio de Janeiro. Ainda em 1973, gravou seu primeiro LP, "João Bosco", registrando sua parceria com Aldir Blanc, em canções como "Tristeza de uma embolada", "Nada a desculpar" e "Boi", entre outras, e incluindo também "Bernardo, o eremita", com Aldir Blanc e Cláudio Tolomei, além de "Quem será?", com Aldir Blanc e Paulo Emílio, e "Amon Rá e o cavalo de Tróia", com Paulo Emílio.

No ano seguinte, suas canções "O mestre-sala dos mares", "Dois pra lá, dois pra cá" e "Caça à raposa", todas com Aldir Blanc, foram incluídas no repertório do LP lançado por Elis Regina.

Em 1975, gravou seu segundo LP, "Caça à raposa", contendo exclusivamente canções em parceria com Aldir Blanc, com destaque para "O mestre-sala dos mares", "De frente pro crime", "Dois pra lá, dois pra cá" e "Kid Cavaquinho", já gravada com sucesso por Maria Alcina. Ainda nesse ano, juntamente com outros músicos, foi expulso da Sociedade Independente de Compositores e Autores Musicais (Sicam). O grupo fundou, então, a Sombrás, atitude que provocou a criação do Conselho Nacional de Direito Autoral (CNDA), entidade governamental destinada a solucionar o problema da arrecadação de direitos autorais.



Em 1976, lançou o LP "Galos de briga", mais uma vez registrando exclusivamente sua parceria com Aldir Blanc, em canções como "Incompatibilidade de gênios", "Latin lover", "O ronco da cuíca" e "Rancho da goiabada", entre outras.

No ano seguinte, gravou o LP "Tiro de misericórdia", contendo novamente composições da dupla, como "Gênesis (Parto)", "Falso brilhante" e "Vaso ruim não quebra", além da faixa-título, entre outras.

Em 1979, lançou o LP "Linha de passe", com destaque para suas músicas "O bêbado e a equilibrista" (c/ Aldir Blanc) e "Sudoeste" (c/ Paulo Emílio), além da faixa-título (c/ Aldir Blanc e Paulo Emílio), entre outras.

No ano seguinte, gravou o LP "Bandalhismo", incluindo, mais uma vez, sua parceria com Aldir Blanc, nas músicas "Profissionalismo é isso aí", "Siri recheado e o cacete" e a faixa-título, entre outras, além de "Anjo torto" (c/ Guerra Baião) e "Tal mãe, tal filha" (c/ Paulo Emílio e Aldir Blanc).

Em 1981, lançou o LP "Essa é a sua vida", contendo canções com Aldir Blanc, como "Amigos novos e antigos", "Perversa" e "Cabaré", entre outras, além de "O caçador de esmeraldas" (c/ Aldir Blanc e Cláudio Tolomei). Nessa época, começou a realizar turnês internacionais.

Em 1982, gravou o LP "Comissão de frente", mais uma vez registrando músicas em parceria com Aldir Blanc, como "A nível de...", "Abigail caiu do céu" e a faixa-título, entre outras, além de "Nação", "Coisa feita" e "Galo, grilo e pavão" (todas com Aldir Blanc e Paulo Emílio).

No ano seguinte, apresentou-se no XVII Festival de Montreux (Suíça), ao lado de Caetano Veloso e Ney Matogrosso. O show foi registrado no LP "Brazil Night - ao vivo em Montreux". Ainda em 1983, realizou, no Teatro TUCA de São Paulo, sua centésima apresentação em shows. O espetáculo foi gravado e lançado no LP "João Bosco ao vivo: centésima apresentação". Nessa época, começou a diversificar suas parcerias, deixando de compor exclusivamente com Aldir Blanc.



Em 1984, participou do Festival Yamaha (Japão) com "Prêt-à-porter de tafetá", contemplada com o prêmio de Melhor Música. A canção foi registrada em seu LP "Gagabirô", lançado nesse mesmo ano, que incluiu também suas composições "Bate um balaio ou Rockson do Pandeiro", "Papel marché" (c/ Capinan) e "Senhoras do Amazonas" (c/ Belchior), além da faixa-título, entre outras.

Em 1986, gravou o LP "Cabeça de nego", contendo suas canções "Bote Babalu pra pular no pagode", "Quilombo" (c/ Aldir Blanc), "Odilê, odilá" (c/ Martinho da Vila), além da faixa-título, entre outras.

Em 1987, lançou o LP "Ai, ai, ai, de mim", contendo suas canções "Si si, no no", "As minas do mar" (c/ Aldir Blanc), "Quando o amor acontece" (c/ Abel Silva) e "Pirata azul" (c/ Capinan), entre outras.

No ano seguinte, participou do LP "Festival", do guitarrista Lee Ritenour. Ainda em 1988, gravou o LP "Bosco", cujo repertório incluía suas músicas "Funk de guerra", "Tenho dito" e "Jade", entre outras.

Em 1991, lançou sua parceria com Wally Salomão e Antônio Cícero no CD "Zona de fronteira", em canções como "Trem-bala", "Saída de emergência" e "Ladrão de fogo", entre outras, além de "Memória da pele" (c/ Waly Salomão) e "Granito" (c/ Antônio Cícero).

Em 1992, lançou o CD "Acústico MTV", que apresentou uma inovação no repertório, por incluir, além de suas próprias músicas, como "Odilê, Odilá" (c/ Martinho da Vila), "Tiro de misericórdia" (c/ Aldir Blanc) e "Papel machê" (c/ Capinan), entre outras, canções de outros compositores, como "Eleanor Rigby" (Lennon e McCartney) e "Fita amarela" (Noel Rosa), além da versão de Emílio Guerra "E então que quereis...?" (Maiakóvsky).

Em 1994, voltou a gravar um CD exclusivamente autoral: "Na onda que balança". O repertório incluiu "Por um sorriso" (c/ Abel Silva), "Indeciso coração", "Batalha de Dakar", "O espírito do prazer", "Liberdade" (c/ Cacaso) e "Momentos roubados" (c/ Belchior), entre outras.

Em 1995, lançou o CD "Dá licença, meu senhor", contendo composições de outros autores como "Se você jurar" (Ismael Silva, Nilton Bastos e Francisco Alves), "Pai grande" (Milton Nascimento), "Desafinado" (Tom Jobim e Newton Mendonça), "Melodia sentimental (Floresta do Amazonas)" (Villa-Lobos e Dora Vasconcelos), "Um gago apaixonado" (Noel Rosa) e "Expresso 2222" (Gilberto Gil), entre outras, além de sua música "Pagodespell" (c/ Caetano Veloso e Chico Buarque).

Gravou, em 1997, o CD "As mil e uma aldeias", inaugurando uma parceria exclusiva com seu filho, Francisco Bosco. No repertório, as canções "Califado de quimeras", "Enquanto espero" e "Benguelô", além da faixa-título, entre outras. Apresentou-se, em turnê de lançamento do disco, com uma banda formada por Nico Assumpção, Ricardo Silveira, Armando Marçal e Robertinho Silva.

Em 1998, gravou a trilha sonora de "Benguelê", espetáculo do Grupo Corpo, que incluiu canções de sua autoria, como "Benguelô" (c/ Francisco Bosco) e de outros autores, como a faixa-título (Pixinguinha e João da Baiana).

Lançou, em 2000, o CD "Na esquina", consolidando sua parceria exclusiva com Francisco Bosco, com destaque para "Mama palavra", "Flor de Ingazeira", "Beirando a rumba" e a faixa-título, além das versões assinadas pela dupla para "Siboney", canção folclórica escrita por Dolly Morse e Ernesto Lecuona em homenagem à cidade cubana, "Passos de amador", para "Fools Rush in" (Johnny Mercer e Rube Bloom) e "Amar, amar", para "True Love", clássico de Cole Porter incluído na trilha sonora do filme "High Society". O disco contou com a participação de Jaques Morelenbaum (arranjos e regência de orquestra), Ricardo Silveira (violão e guitarra), Arthur Maia (baixo), Jorge Hélder (baixo), Zeca Assumpção (baixo), Paulo Calazans (piano), Cristóvão Bastos (piano), Téo Lima (bateria), Marçal (percussão) e Marcelo Costa (percussão), e foi lançado em show no Canecão (RJ). Ainda em 2000, apresentou-se no Festival de Ilhabela (SP), ao lado de Ivan Lins e do pianista cubano Gonzalo Rubalcaba. No final desse mesmo ano, apresentou-se no Teatro Central de Juiz de Fora (MG), acompanhado por uma banda formada por Glauton Campello (teclados), João Baptista (baixo), Nelson Faria (guitarra), Kiko Freitas (bateria) e Marco Lobo (percussão). O espetáculo foi gravado ao vivo, gerando o CD duplo "Na esquina - ao vivo", lançado em 2001.

Em 2003, gravou o CD "Malabaristas do sinal vermelho". Nesse mesmo ano, a Lumiar lançou o "Songbook João Bosco".

Comemorando seu 60º aniversário, lançou, em 2006, o CD e DVD "Obrigado, gente!", gravado no Auditório do Ibirapuera, em São Paulo. A seu lado, os músicos Nelson Farias (violão e guitarra), Ney Conceição (baixo), Kiko Freitas (bateria), Armando Marçal (percussão), Marcelo Martins (sax e flauta), Jessé Sadoc (trompete) e Aldivas Ayres (trombone), e ainda, em participações especiais, Djavan (em "Corsário", com Aldir Blanc), Guinga (em "Saída de emergência", com Wally Salomão e Antônio Cícero), Yamandu Costa (em "Benzetacil", com Aldir Blanc) e Hamilton de Holanda (em "Linha de passe", com Paulo Emílio e Aldir Blanc). Constam ainda do repertório suas canções "Incompatibilidade de gênios", "O ronco da cuíca", "Quilombo/Tiro de Misericórdia", "Escadas da Penha", "Prêt-à-porter de tafetá" e "O bêbado e a equilibrista", todas com Aldir Blanc, "Desenho de giz" e "Quando o amor acontece", ambas com Abel Silva, "Odilê, Odilá" (c/ Martinho da Vila), "Memória da pele" (c/ Wally Salomão), "Papel machê" (c/ Capinam) e "Jade". Assinou a produção musical João Mário Linhares. Nesse mesmo ano, apresentou-se no Canecão (RJ).

No dia 28 de março de 2007, foi homenageado pelo Instituto Cultural Cravo Albin na série "Sarau da Pedra", projeto realizado com patrocínio da Repsol YPF e apoio da Dantes Livraria Editora. No evento, foi afixada no Mural da Música do instituto, diante da presença de várias personalidades da cena cultural carioca, uma placa com seu nome, a ele dedicada pela relevância de sua obra musical. Produzida por Heloisa Tapajós e Andrea Noronha, a comemoração contou com palestra do letrista e professor da UFRJ Abel Silva, e com um show do grupo instrumental Conexão Rio, com participação especial do saxofonista e flautista Zé Carlos Bigorna, com músicas de autoria do compositor homenageado. Ainda em 2007, participou da gravação ao vivo do projeto “Cidade do Samba” (CD e DVD), de Zeca Pagodinho e Max Pierre, apresentado por Ricardo Cravo Albin, interpretando em dupla com Daniela Mercury “De frente pro crime”, de sua parceria com Aldir Blanc.




Lançou, em 2009, o CD “Não vou pro céu, mas já não vivo no chão”, primeiro de inéditas desde 2003. No repertório, suas canções "Sonho de caramujo", "Navalha", "Mentiras de Verdade" e "Plural singular", todas com Aldir Blanc, "Desnortes", "Tanto faz", “Alma barroca” e "Tanajura", todas com Francisco Bosco, “Jimbo no Jazz" (c/ Nei Lopes) e “Pronto pra próxima” (c/ Carlos Rennó), além de “Ingenuidade” (Serafim Adriano). Nesse mesmo ano, fez show de lançamento do disco na Modern Sound (RJ), acompanhado dos músicos Ricardo Silveira (guitarra e violão), Nei Conceição (baixo) e Kiko Freitas (bateria).Nesse mesmo ano, fez show de lançamento do disco na Modern Sound (RJ), acompanhado dos músicos Ricardo Silveira (guitarra e violão), Nei Conceição (baixo) e Kiko Freitas (bateria). 

Este ano João vem com o CD e DVD "40 anos depois", que reúne sucessos de seu repertório e convidados como Chico Buarque, Milton Nascimento, João Donato, Roberta Sá, Toninho Horta, Trio Madeira Brasil e Cristóvão Bastos para comemorar essas coesas 4 décadas entre bolachões, k7's e cd's.


Fonte: Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira




Discografia Completa


Disco de Bolso do Pasquim (1972)


Faixa:
01 - Agnus Sei





João Bosco - 1973

Faixas:
01 - Tristeza de uma embolada
02 - Nada a desculpar
03 - Boi
04 - Angra
05 - Quilombo
06 - Bala com bala
07 - Bernardo, o Eremita
08 - Quem será?
09 - Fatalidade (balconista teve morte instantânea)
10 - Alferes
11 - Amon Rá e o Cavalo de Tróia



Caça a Raposa (1975)




Faixas:
01 - O Mestre Sala dos Mares 
02 - De Frente Pro Crime 
03 - Dois Pra lá, Dois Pra Cá 
04 - Jardins de Infância 
05 - Jandira da Gandaia 
06 - Escadas da Penha 
07 - Casa de Marimbondo 
08 - Nessa Data 
09 - Bodas de Prata 
10 - Caça à Raposa 
11 - Kid Cavaquinho 
12 - Violeta de Belfort Roxo




Galos de Briga (1976)  



Faixas:
01 - Incompatibilidade de Gênios
02 - Gol Anulado 
03 - O Cavaleiro e os Moinhos 
04 - Rumbando 
05 - Vida Noturna 
06 - O Ronco da Cuíca 
07 - Miss Suéter 
08 - Latin Lover 
09 - Galos de Briga 
10 - Feminismo no Estácio 
11 - Transversal do Tempo 
12 - O Rancho da Goiabada


Tiro de Misericórdia (1977)

Faixas:
01 - Gênesis (Parto)
02 - Jogador
03 - Falso Brilhante
04 - Tempos do Onça e da Fera (Quadrador)
05 - Sinal de Caim
06 - Vaso Ruim Não Quebra
07 - Plataforma
08 - Me dá a Penúltima
09 - Bijouterias
10 - Tabelas
11 - Tiro de Misericórdia



Linha de Passe (1979)


Faixas:
01 - Linha de Passe
02 - Conto de Fada 
03 - Sudoeste 
04 - Parati
05 - Patrulhando (Mara) 
06 - O Bêbado e a Equilibrista 
07 - Boca de Sapo 
08 - Cobra Criada 
09 - Ai Aydée 
10 - Natureza Viva 
11 - Patrulhando (Masmorra) 

Bandalhismo (1980)


Faixas:

01 - Profissionalismo é Isso Aí 

02 - Trilha Sonora 

03 - Tal mãe Tal filha 
04 - Anjo Torto 
05 - Vitral da 6º estação 
06 - Sai azar 
07 - 100 anos de Instituto - Anais 
08 - Siri Recheado e o Cacete 
09 - Denúncia Vazia 
10 - Bandalhismo 


Essa é a sua vida (1981)


Faixas:
01 - Amigos Novos e Antigos
02 - Perversa
03 - Essa é a Sua Vida
04 - Cabaré
05 - Agnus Sei
06 - Corsário
07 - De Partida
08 - Foi-se o que Era Doce
09 - Títulos da Nobreza
10 - O Caçador de Esmeralda




Comissão de Frente (1982)


Faixas:
01 - Nação
02 - A Nível de...
03 - Querido Diário
04 - Abigail Caiu do Céu
05 - Viena Fica na 28 de Setembro
06 - Coisa Feita
07 - Siameses
08 - Na Venda
09 - Galo Grilo e Pavão
10 - Comissão de Frente




100ª Apresentação (1983)


Faixas:
01 - Nação - Aquarela do Brasil - Mestre-Sala dos Mares
02 - Linha de Passe
03 - Siri Recheado e o Cacete
04 - Coisa Feita
05 - A Nível de...
06 - Kid Cavaquinho
07 - Genêsis - O Ronco da Cuíca - Tiro de Misericórdia - Escadas da Penha
08 - Comissão de Frente
09 - Rancho da Goiabada
10 - O Bêbado e a Equilibrista







Brazil Night (Com Caetano Veloso e Ney Matogrosso) (1983)

Faixas:
01 - Maria Bethânia (com Caetano Veloso)
02 - Terra (com Caetano Veloso)
03 - Eu sei que vou te amar  (com Caetano Veloso)
04 - Eclipse oculto (com Caetano Veloso)
05 - Odara (com Caetano Veloso)
06 - Linha de Passe (com João Bosco)
07 - Pout-pourri (com João Bosco):
Nação
Aquarela do Brasil
O mestre sala dos mares
08 - Deixar você (com Ney Matogrosso)
09 - Andar com fé (com Ney Matogrosso)
10 - Napoleão (com Ney Matogrosso)
11 - Folia no matagal (com Ney Matogrosso)




Gagabirô (1984)


Faixas:
01 - Bate um Balaio ou Rockson do Pandeiro
02 - Papel Machê
03 - Pret-a-Porter de Tafeta
04 - Imã dos Ais
05 - Gagabirô
06 - Jeitinho Brasileiro
07 - Tambores
08 - Retorno de Jedai
09 - Senhoras do Amazonas
10 - Dois Mil e Índio




Cabeça de Nego (1986)


Faixas:
01 - Bote Babalu Pra Pular no Pagode
02 - Dobra A Língua (Boto-Cor-de-Rosa em Ramos)
03 - Cabeça de Nego
04 - Quilombo
05 - João do Pulo
06 - Samba em Berlin com Saliva de Cobra
07 - João Balaio
08 - Da África à Sapucaí
09 - Odilê, Odilá





Ai Ai Ai de Mim (1987)


Faixas:
01 - Si Si No No
02 - Desenho de Giz
03 - As Minas do Mar
04 - Quando o Amor Acontece
05 - Molambo, Farrapo de Gente Tambem Ama
06 - Bolerando com Ravel (Bolero)
07 - Pirata Azul
08 - Eu e Minha Guitarra
09 - Angra
10 - Das Dores de Oratórios


Bosco (1989)

Faixas:
01 - Funk de Guerra
02 - Sinceridade (Sinceridad)
03 - Tenho Dito
04 - Jade
05 - Vendendo Amendoím com El Manisero (El Manisero)
06 - Varadero
07 - Terra Dourada
08 - Sassaô
09 - Vila de Amor e Lobos
10 - O Mar, Religioso Mar
11 - Maiakovski - (E Então Que Quereis)
12 - Corsário

Zona de Fronteira (1991)

Faixas:
01 - Trem Bala
02 - Saída de Emergência
03 - Ladrão de Fogo
04 - Memória da Pele
05 - Granito
06 - Assim Sem Mais
07 - Holofotes
08 - Maio Maio Maio
09 - Misteriosamente
10 - Paranóia
11 - Sabios Costumam Mentir
12 - Zona de Fronteira



Acústico (1992)


Faixas:
01 - Odilê Odilá - Zona de Fronteira
02 - Holofotes
03 - Papel Machê
04 - Granito - Jade
05 - Quilombo - Tiro de Misericórdia - Escadas da Penha
06 - Memória da Pele
07 - E Então Que Quereis - Corsário
08 - Eleanor Rigby - Fita Amarela - Trem Bala




Na Onda que Balança (1994)

 

Faixas:
01 - Por Um Sorriso
02 - Dodô
03 - Água Mãe Água
04 - Indeciso Coração
05 - Babalu de Dakar 

06 - O Espírito do Prazer
07 - Liberdade
08 - Babacu com Brubeck
09 - Momentos Roubados
10 - Flerte
11 - Rosamundo
12 - Olhos Puxados
13 - Salve o Criador





Dá Licença Meu Senhor (1995)


Faixas:
01 - Pagodespell
02 - Forró em Limoeiro
03 - Se Você Jurar
04 - Pai Grande
05 - Peixe Vivo - O Vento
06 - Tico Tico no Fubá
07 - Desafinado
08 - Espinha de Bacalhau
09 - Expresso 2222
10 - No Tabuleiro da Baiana
11 - Vatapá
12 - Um Gago Apaixonado
13 - Melodia Sentimental (Floresta do Amazonas)
14 - Rio de Janeiro (Isto e o meu Brasil)
15 - Heróis da Liberdade



As Mil e Uma Aldeias (1997)


Faixas:
01 - As Mil e Uma Aldeias
02 - Convocação
03 - Das Marés
04 - Enquanto Espero
05 - O Sacrificio
06 - Me Leva
07 - Benguelô - Metamorfoses
08 - Califado de Quimeras
09 - Arpoadora
10 - Cora, Minha Viola
11 - O Medo
12 - Prisma Noir
13 - Jazidas



Benguelê (1998)


Faixas:
01 - Calango Rosa
02 - Benguelê
03 - Benguelô
04 - Tarantá - Urubú Malandro
05 - Pixinguinha 10x0
06 - Karawan
07 - O Sanfoneiro do Deserto
08 - Misteriosamente
10 - A Travessia- Parte II
11 - A Travessia- Parte III
12 - O Medo
13 - Canto da Wemba - Gagabiro



Na Esquina (2000)

Faixas:
01 - Passos de Amador
02 - Na Esquina
03 - Mama Palavra
04 - Doce Sereia
05 - Castigado Coração
06 - Ditodos
07 - Flor de Ingazeira
08 - Beirando a Rumba
09 - Siboney
10 - Cego Julião
11 - Dia de Festa
12 - Amar Amar



Na Esquina Ao Vivo (2001)

CD I
Faixas: 

01 - Mama Palavra
02 - Holofotes
03 - O Ronco da Cuíca
04 - Odilê, Odilá-Zona de Fronteira-Metamorfoses
05 - Ditodos
06 - Nação
07 - Na Esquina
08 - Desenho de Giz
09 - Enquanto Espero
10 - Memória da Pele

CD II 
Faixas:
01 - Coisa Feita
02 - Benguelê - Incompatibilidade de Gênios
03 - Jade
04 - Quando o Amor Acontece
05 - Corsário
06 - Linha de Passe
07 - Passos de Amador
08 - O Bêbado e a Equilibrista
09 - Papel Machê



Malabaristas do Sinal Vermelho (2003)


Faixas:
01 - Malabaristas do Sinal Vermelho
02 - Moral da História
03 - Não Sei Seu Nome Inteiro
04 - Terreiro de Jesus
05 - Cinema Cidade
06 - Pernas de Pau
07 - Andar com Fé
08 - Não Me Arrependo de Nada
09 - Benzetacil
10 - Jogos de Arrasar





Songbook - Volume 01 (2003)

Faixas:
01 - Caça à Raposa - Milton Nascimento
02 - Bala com Bala - Edu Lobo
03 - Incompatibilidade de Gênios - Chico Buarque
04 - Quilombo-Tiro de Misericórdia- Quando o Amor Acontece - Zizi Possi
05 - Latin Lover - Luiz Melodia
06 - O Rancho da Goiabada - Zelia Duncan e Pedro Luiz
07 - Coisa Feita - Alcione
08 - Assim Sem Mais - Moska e Jacques Morelenbaum
09 - Indeciso Coração - Leila Pinheiro e João Donato
10 - Das Dores de Oratórios - Zeca Baleiro
11 - A Nível de - Chico Cesarl
12 - Mama Palavra - Arnaldo Antunes
13 - Memória da Pele - Rosa Passos e Lula Galvao
14 - Siameses - Leny Andrade e Emilio Santiago.
15 - O Bêbado e a Equilibrista - Aldir Blanc e João Bosco



Songbook - Volume 02 (2003)

Faixas:
01 - Corsário - Daniela Mercury
02 - Nação - Simone e João bosco
03 - Odilê, Odilá - Gilberto Gil
04 - Linha de Passe - Ana Carolina
05 - O Cavaleiro e os Moinhos - Ivan Lins
06 - Kid Cavaquinho - Beth Carvalho
07 - Flor de Ingazeira - Elba Ramalho
08 - Bodas de Prata - Zé Renato, Marco Pereira
09 - Miss Suéter - Edson Cordeiro
10 - Transversal do Tempo - Sandra Sá, Antonio Adolfo
11 - Agnus Sei - Dory Caymmi
12 - De Frente Para o Crime - Tunai, Wagner Tiso
13 - Doce Sereia - Joyce, Maogani
14 - Escada da Penha - Dudu Nobre.
15 - Preta-porter de tafetá - Emílio Santiago



Songbook - Volume 02 (2003)

Faixas:
01 - Bijouterias - Burnier,Cartier,Ed Motta
02 - Jade - Pedro Mariano
03 - O Ronco da Cuíca - Lenine
04 - Tiro de Misericórdia - Sandra de Sá 

05 - Desenho de Giz - Djavan.
06 - O Mestre-Sala dos Mares-Martnho da Vila, J.Bosco
07 - Boca de Sapo - Zeca Pagodinho
08 - Papel Machê- Paula Toller
09 - Falso brilhante - Nana Caymmi
10 - Senhoras do Amazonas - Guinga, Leila Pinheiro
11 - Sábios Costumam Mentir - Jussara e Luiz Brasil
12 - Enquanto Espero - Ney Matogrosso
13- Nossas Últimas Viagens - Dominguinho
14 - Saída de Emergência - Fátima Guedes, Nelson Faria
15 - Dois Pra Lá, Dois Pra C á - Cauby Peixoto
16 - Siri Recheado e o Cacete - Jards Macalé



Obrigado Gente! (2006)

Faixas:
01 - Incompatibilidade de Gênios 
02 - Odilê, Odilá
03 - O Ronco da Cuíca 
04 - Quilombo-Tiro de misericórdia 
05 - Escadas da Penha 
06 - Desenho de Giz 
07 - Memória da Pele 
08 - Jade 
09 - Saída de Emergência
10 - Pret-a-porter de tafetá
11 - Benzetacil

12 - Linha de Passe
13 - Corsário
14 - O Bêbado e a Equilibrista
15 - Quando o amor acontece
16 - Papel Machê




Senhoras do Amazonas - João Bosco & Ndr Big Band (2008) 


Faixas:

01 - Bate um balaio
02 - Desafinado
03 - Nação
04 - Bodas de Prata
05 - Pretaporter de tafetá
06 - Chega de saudade
07 - A nível de...
08 - Saída de emergência 
09 - Senhoras do Amazonas
10 - Angela


Não vou pro o céu mas já não vivo no chão (2009)
Faixas:
01 - Perfeição
02 - Navalha
03 - Pronto pra próxima
04 - Tanto faz
05 - Pintura
06 - Desnortes
07 - Tanajura
08 - Mentiras de verdade
09 - Jimbo no jazz
10 - Plural singular

11 - Ingenuidade
12 - Alma Barroca
13 - Sonho de caramujo



João Bosco 40 Anos Depois (2012)

Faixas:
01 - Agnus Sei
02 - Plataforma
03 - Fotografia
04 - Tanajura
05 - Eu não sei seu nome inteiro
06 - De Frente pro Crime
07 - Lilia 8.Pra que Mentir
09 - Bodas de Prata
10 - Jimbo no Jazz
11 - O Mestre Sala dos Mares
12 - Caça à Raposa
13 - Tudo se transformou
14 - Tarde
15 - Drume Negrita
16 - Bom Tempo




Fonte:
João Bosco (site oficial do artista)
Dicionário da MPB

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