Em 1968 surgiu uma história de que os Beatles gravariam Asa Branca, composição de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Em que pese as várias teorias sobre a criação desse boato, a verdade é que vários jornais, revistas e rádios daquela época o afirmavam.
A primeira edição da revista Veja, de 11 de Setembro de 1968, trazia um artigo intitulado “Gonzaga, A Volta do Baião” onde afirmava: Luís Gonzaga deu uma gargalhada quando soube que os Beatles iam gravar "Asa Branca", baião feito por êle e Humberto Teixeira em 1948. "Agora é que eu quero ver se os Beatles vendem mesmo", comentou. "Minha gravação vendeu mais de 2 milhões de discos".
Já a revista “InTerValo”, uma das mais apreciadas pelos jovens dos anos 60 trazia o artigo “Luiz Gonzaga: Não sei se Asa Branca é minha” e começava dizendo: Luiz Gonzaga vai ganhar 50 mil dólares, no mínimo. Isto porque os Beatles decidiram gravar o baião "Asa Branca". Mas ficar milionário deixou Luiz com um drama de consciência: não lembra com certeza de que a música é mesmo de sua autoria.
Segundo o site Beatles Brasil a possível explicação para essa confusão seria uma música, recém-lançada na época, chamada “The Inner Light”, composição de George Harrison, que tem uma seqüência melódica muito parecida com a de Asa Branca.
Mas em 1982, numa entrevista dada em Recife, Seu Luiz afirma que “Não houve verdade não, houve uma grande mentira. Essa mentira quem pregou foi Carlos Imperial. Ele tinha um programa que denunciava muita coisa e, inclusive, que o Iê-Iê-Iê num passava de um xotezinho de Luiz Gonzaga. Houve aquele protesto todo e depois ele chegou com um disco lá e disse: ‘E agora, quem vai dizer que o Iê-Iê-Iê num é de Luiz Gonzaga? Olha aqui, Asa Branca acaba de ser gravada pelos Beatles!’. Houve aquela correria danada, todo mundo queria saber a verdade e eu acabei foi ganhando dinheiro com isso, mas não passou de uma grande mentira”.
Matéria Completa da Revista InTerValo:
LUIZ GONZAGA: NÃO SEI SE ASA BRANCA É MINHA
Luiz Gonzaga vai ganhar 50 mil dólares, no mínimo. Isto porque os Beatles decidiram gravar o baião "Asa Branca". Mas ficar milionário deixou Luiz com um drama de consciência: não lembra com certeza de que a música é mesmo de sua autoria.
- Desde que me conheço por gente - conta ele - Já cantava "Asa Branca". Naquele tempo, lá no Nordeste, ninguém se preocupava em saber quem tinha feito uma música, nem sabia o que era folclore. Eu cantava músicas dos outros e os outros cantavam minhas músicas, sem preocupações com direitos autorais. Deve haver por ai muita música que inventei, passei adiante e que agora faça parte do folclore nordestino.
Quando Gonzaga tinha 08 anos. já era convidado para tocar sanfona nos "sambas". Todo mundo gostava de ver o menino tocar "Asa Branca". Sua mãe, Dona Santana, deixava ele ir, com a condição de que o trouxessem para dormir logo que o sanfoneiro "oficial" chegasse ao baile. Para Luiz Gonzaga, "Asa Branca" sempre foi uma música sua, embora ele não consiga lembrar-se de quando a criou. Agora, esta música será gravada pêlos Beatles. É um baião simples, feito com apenas cinco notas. Gonzaga não tem medo de que os rapazes estraguem a puieza da melodia: "Eles são muito inteligentes, conhecem música muito bem. Na verdade, sempre senti nas "toadas" deles um pedacinho das nossas. Se analisarmos com atenção a música nordestina, vamos ver que ela tem um quê de música russa, flamenga e mesmo judaica e síria. 0 sertão conheceu muito os sírios e judeus, que andavam com seus jegues carregados de coisas paia vender. Eles influenciaram bastante a música e os hábitos dos nordestinos. Até hoje os sertanejos usam a estrela de Davi nos seus chapéus de couro. Sabe, eu gostaria muito que os Beatles usassem a gaita escocesa no arranjo. Ah. vai ficar uma beleza!".
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