sábado, 5 de dezembro de 2020

ALMANAQUE DO SAMBA (ANDRÉ DINIZ)*

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Zeca Pagodinho

“Precisei de roupa nova

mas sem prova de salário

combinamos, eu pagava
você fez o crediário...”
ZECA PAGODINHO e ARLINDO CRUZ, “SPC”

Nascido em 1959, em Irajá, e criado em Del Castilho, bairros do subúrbio do Rio de Janeiro, Jessé Gomes da Silva Filho, ou Zeca Pagodinho, é cantor, compositor e grande partideiro, e o maior nome da “geração Cacique”. Trabalhou como anotador de jogo de bicho na mesma época em que frequentava o bloco Boêmios de Irajá, onde ganhou o apelido que virou marca registrada. A primeira gravação de Zeca como compositor foi em um LP do Fundo de Quintal, em 1978. O nome do samba é “Amargura”, parceria de Zeca com o flautista portelense Cláudio Camunguelo.

Mauro Diniz

Mauro é um dos grandes nomes dessa geração surgida em torno do Cacique de Ramos. Filho de mestre Monarco, da Portela, é habilidoso cavaquinista, arranjador disputado, excelente cantor, enfim, um excepcional músico, daqueles que honram a linhagem. Mauro Diniz é parceiro e amigo de Zeca Pagodinho, e os dois protagonizaram histórias memoráveis em um conjugado na rua Adelaide Badajós, em Oswaldo Cruz. Zeca e Mauro compuseram os seguintes sambas: “Chove, é o céu que chora”, “Frio de uma solidão”, “Garrafeiro”, “Partido doce”, “Santa paciência” e “Menor abandonado”, música que tem ainda a mão de Pedrinho da Flor.
Frequentador das rodas de samba do bloco Cacique de Ramos, Zeca foi convidado por Beth Carvalho para gravar com ela uma composição sua e de Arlindo Cruz, “Camarão que dorme a onda leva”. Arlindo e Zeca começaram aí uma grande parceria.
Zeca chegou a comentar, em depoimento de 1988, o quanto o fato de ser branco – em um meio tido como exclusivamente de negros – influenciou sua imagem, quando começou a despontar. Era como se sua responsabilidade aumentasse, e a obrigação de versar bem fosse maior. E ele superou as expectativas...
Em 1985, com a explosão do pagode, Zeca gravou, com os também estreantes Jovelina Pérola Negra, Elaine Machado, Pedrinho da Flor e Mauro Diniz, o LP Raça brasileira. Sucesso de vendas, o disco abriu caminhos para o sambista, e em 1986 foi lançado seu primeiro disco, Zeca Pagodinho. De lá pra cá já são sete discos de ouro e cinco de platina.
Em homenagem a Zeca, Aldir Blanc e Moacy r Luz compuseram o belíssimo samba “Anjo da Velha Guarda”: “O terno branco parece prata/ e a fita em meu peito diz que eu sou/ daqueles que vão pra Maracangalha/ rever Anália/ eu vou/ no vento que leva o chapéu de palha/ também sou de fibra e de pau-brasil/ o samba é tudo que sei/ e Momo é o único rei que amei...”
Em 2003, Zeca teve sua história biografada por Luiz Fernando Vianna em Zeca Pagodinho – a vida que se deixa levar, da coleção Perfis do Rio. Também nesse mesmo ano lançou seu CD Acústico MTV. Em fevereiro, Zeca chegou à sétima arte, quando foi finalizado o documentário O jaqueirão do Zeca, de Ricardo Bravo e Denise Moraes. Filmado em 35mm e com 20 minutos de duração, o curta mostra os pagodes que acontecem em suas duas casas (em Xerém e na Barra da Tijuca) e a forma como escolhe o repertório de seus discos: sempre em busca da qualidade, tentando equilibrar a seleção com músicas de sambistas que estão há muito na estrada e outras de novos talentos, incluindo sempre um samba da Velha Guarda. 
No mais, só Zeca mesmo para cantar “Ai que conflito, mataram o cabrito do seu Benedito” – retratando uma situação que não é mais comum em nossa realidade – e continuar uma referência de venda no mercado brasileiro.


Jorge Aragão

“Não entendi o enredo
desse samba amor
já desfilei na passarela do teu coração gastei a subvenção
do amor que você me entregou
passei pro segundo grupo e com razão...”
JORGE ARAGÃO e DONA IVONE LARA, “Enredo do meu samba”

Jorge Aragão nasceu no Rio de Janeiro e começou sua carreira artística apresentando-se em bares cariocas na década de 1970. Nos pagodes do Cacique de Ramos, fez novos amigos e vários parceiros, e participou do primeiro disco do grupo Fundo de Quintal. Em 1982, partiu para carreira solo, lançando o LP Jorge Aragão, pela gravadora Ariola. No ano seguinte, pela mesma gravadora, lançou o disco Verão.
Em 1974, Elza Soares gravou seu primeiro sucesso, “Malandro” (“Malandro/eu ando querendo falar com você/ você tá sabendo que o Zeca morreu/ por causa das brigas que teve com a lei...”). Mas foi na voz de Beth Carvalho que seu nome ficou conhecido e suas composições estouraram, com sambas como “Vou festejar” e “Coisinha do pai”. Alguns de seus sambas também foram gravados por Emílio Santiago, Alcione, Roberto Ribeiro e Zeca Pagodinho. 
A partir de 1987, Jorge tornou-se comentarista da Rede Globo nas transmissões dos desfiles do grupo especial das escolas de samba do Rio de Janeiro. Por sinal, é dele o jingle que se ouve há anos durantes as transmissões de carnaval da TV Globo.
Em 1999, saiu da gravadora RGE e foi para a Indie Records. Foi então que sua carreira solo deslanchou, e seu CD ao vivo vendeu mais de 800 mil cópias.
No ano seguinte, lançou pela mesma gravadora Jorge Aragão ao vivo 2, vendendo cerca de 750 mil cópias. Esses dois trabalhos reuniam músicas de sua autoria que haviam feito sucesso na voz de outros intérpretes.
Nomes como Elza Soares, Martinho da Vila, Alcione, Zeca Pagodinho e Emílio Santiago participaram do DVD/CD Jorge Aragão ao vivo convida, que saiu em 2002 com 250 mil cópias vendidas.


Leci Brandão

“O que é isso meu amor
venha me dizer
isso é Fundo de Quintal
é pagode pra valer...”
LECI BRANDÃO e ZÉ MAURÍCIO, “Isso é fundo de quintal”

Leci Brandão nasceu em Madureira e foi criada em Vila Isabel – é mais uma filha do subúrbio do Rio de Janeiro. Antes de se tornar cantora e compositora, graduou-se em direito e trabalhou na Companhia Telefônica do Rio de Janeiro. Começou a compor aos 19 anos, e em 1968 ganhou o primeiro lugar no programa A Grande Chance, de Flávio Cavalcanti. Sua parceria com Darci da Mangueira em “Quero sim”, interpretada por Renata Lu, deu-lhe a vitória no Segundo Encontro Nacional de Compositores de Samba, em 1973. No ano seguinte, entrou para a ala de compositores da Mangueira e lançou seu primeiro disco, um compacto duplo, pela Marcus Pereira.
Em 1977, participou de várias apresentações do grupo Movimento Aberto de Arte. Ficou alguns anos sem gravar, participando de movimentos em defesa de minorias e fazendo shows em Angola, França e Dinamarca. Somente em 1987, pela Copacabana Discos, Leci lançou o LP Dignidade, e no ano seguinte conquistou seu primeiro disco de ouro, com o LP Um beijo no seu coração, que trazia o sucesso “Olodum força divina”, de Betão e Tonho Matéria.
Em 1990, ganhou dois prêmios Sharp com o disco Cidadã brasileira, e logo depois saiu de cena por mais alguns anos. Comemorando 25 anos de carreira, lançou pela Trama, em 2000, o CD Eu sou assim, com a participação de Almir Guineto, Beth Carvalho e Zeca Pagodinho, entre outros. Em 2001, lançou Leci e convidados, e em 2002, A filha de Dona Lecy, em homenagem a sua mãe. Seu mais recente trabalho, A cara do povo, saiu pela Indie Records, um CD ao vivo gravado no Sesc Pompéia, em São Paulo, em 2003.


Os três malandros in concert

O ano de 1995 marcou a formação cômico-musical que uniu três grandes nomes do samba carioca: Morengueira, Bezerra da Silva e Dicró. Era uma resposta ao sucesso internacional dos três tenores Luciano Pavarotti, José Carreras e Plácido Domingo. Os nossos “tenores” já eram bem conhecidos do público: Moreira da Silva era o malandro divulgador do samba de breque; Bezerra da Silva ficou conhecido por suas letras falando da malandragem moderna, das favelas, por exemplo com o estribilho “vou apertar mas não vou acender agora”; por último, Dicró, compositor do subúrbio que fez sucesso com letras cheias de duplo sentido, fazendo chacota com sogras, homossexuais, maridos traídos: “Minha sogra morreu/ meu sofrimento veio em dobro/ agora tenho que aturar/ o cachaceiro do meu sogro...”


Jovelina Pérola Negra

“Fui num pagode acabou a comida 
acabou a bebida, acabou a canja
sobrou pra mim o bagaço da laranja...”
ARLINDO CRUZ, JOVELINA PÉROLA NEGRA e ZECA PAGODINHO,“Bagaço da laranja”


Cantora, compositora e grande versadora de rodas de partido-alto, Jovelina Pérola Negra nasceu em Botafogo, trabalhou como empregada doméstica e integrou a ala das baianas do Império Serrano. Seu apelido foi dado por um amigo, de nome Dejalmir, com quem costumava ir a um pagode no Vegas Sport Club, em Coelho Neto. Na década de 1980, com Jorginho do Império e Roberto Ribeiro, frequentou o Botequim do Império e participava das rodas do Cacique de Ramos.
Em 1985, ao lado de Mauro Diniz, Pedrinho da Flor, Elaine Machado e Zeca Pagodinho, gravou o LP Raça brasileira, pela RGE. Nesse trabalho, estavam duas composições suas, “Bagaço da laranja” (parceria com Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho) e “Feirinha da Pavuna”.
Ainda em 1985, lançou seu primeiro LP solo, com parceiros como Serginho Meriti e Zeca Sereno. No ano seguinte, saiu o LP A arte do encontro, reunindo Jovelina e Dona Ivone Lara. O sucesso na RGE continuou, e em 1989 foi a vez de Amigos chegados, com composições em parceria com Carlito Cavalcanti, como “Poeta do morro” e “Comunhão de bens”. Em 1991, saiu o CD Sangue bom e, em 1993, Vou na fé. Em 1996 foi lançado seu último disco, Samba de guerreiro, com composições de Xangô da Mangueira, Toninho Geraes e Sombrinha.
Sua morte prematura deixou de luto o mundo do samba, e muitos reafirmaram a ideia de que Jovelina era a herdeira de Clementina de Jesus.


Rildo Hora e os maestros do samba

Se os bons instrumentistas são indispensáveis na apresentação de um samba, o que não dizer dos arranjadores, maestros que geralmente depositam em melodias alheias toda a sua concepção estética? Arranjador é o maestro que escreve na pauta, também chamada de pentagrama, aquilo que deve ser tocado pelos instrumentos, resultando o som geral no arranjo ou orquestração. A música instrumental brasileira nunca teve uma tradição orquestral, com nítida preferência pelos pequenos grupos instrumentais em vez de formações mais amplas, como, por exemplo, as das orquestras de dança americanas e europeias.
Foi no teatro de revista que maestros, geralmente estrangeiros, começaram a criar arranjos para o universo popular. A grande maioria dos instrumentistas que executavam as peças não sabia ler nem uma notinha de música. Por isso, os maestros passavam as músicas cantarolando. Como a revista era a grande coqueluche da época, os maestros retiravam seu sustento desse trabalho.
Esse pontapé inicial abriu as portas, até por questões de sobrevivência, para uma legião de maestros que se notabilizariam nos períodos da Era do Rádio, do samba-canção, da bossa nova e do tropicalismo: Radamés Gnatalli, Lírio Panicalli, Leo Perachi e Lindolfo Gay a, entre outros. O gaitista e maestro Rildo Hora vem se destacando, nas últimas décadas, por fazer arranjos para os principais sambistas. Martinho, Zeca e o grupo Fundo de Quintal passaram a mostrar em seus trabalhos naipes originais, com cavaquinho, viola caipira, sopros e teclados, nas mais diversas combinações. 
As introduções e os comentários que pontuam seus arranjos reservam espaço para a influência do choro. Além de sua veia chorística, Rildo sabe que reside no gênero muito de nossa riqueza melódica e harmônica. Seu professor Guerra Peixe deve estar olhando dos céus o aprendizado “brasileirinho” que incutiu no jovem gaitista.


Luiz Carlos da Vila

“A chama não se apagou
nem se apagará
és luz de eterno fulgor
Candeia
O tempo que o samba viver
o sonho não vai acabar
e ninguém irá esquecer
Candeia...”
LUIZ CARLOS DA VILA, “O sonho não se acabou”

Luiz Carlos é de Vila da Penha e de Vila Isabel. Na primeira, residiu, e na de Noel e Martinho, circulou, cantou seus sambas e acabou ajudando a escola de samba a ganhar o campeonato de 1988 com o memorável “Kizomba – a festa da raça”. Então, ponha-se o plural, é Luiz Carlos das Vilas, como ele mesmo gosta de falar.
Estudando acordeão e violão desde os oito anos, Luiz se embrenhou nos ensaios do Cacique de Ramos na década de 1980. Sob a tamarineira-guardiã do Cacique, pegou inspiração de uma geração que com ele comporia um dos hinos do pagode carioca, “O show tem que continuar”, também de Arlindo Cruz e Sombrinha: “Se os duetos não se encontram mais/ e os solos perderam a emoção/ ...mas iremos achar o tom/ um acorde com um lindo som/ e fazer com que fique bom/ outra vez o nosso cantar...”
Luiz “estudou” na escola do Cacique, mas teve em Candeia seu maior mestre.
Participou do surgimento da escola de samba Quilombo, fundada por Candeia como resistência à diluição do papel do compositor nas agremiações. A proximidade com o legado do portelense é tão forte que ele compôs um samba em homenagem ao mestre, “O sonho não se acabou”, e gravou um CD com suas composições, A luz do vencedor.
Como o amigo e parceiro Candeia, Luiz percorreu a melhor linhagem do samba por fora das escolas. Ganhou o glorioso carnaval pela Vila, em 1988, mas perdeu inúmeras outras disputas. Como exemplo, “Por um dia de graça”, samba derrotado na quadra e vitorioso na boca no povo, pois tornou-se um hino na campanha das Diretas Já!, na voz de Simone (“Um dia, meus olhos ainda hão de ver/ na luz do olhar do amanhecer/ sorrir o dia de graça/ poesias brindando essa manhã feliz/ do mal cortado na raiz/ do jeito que o mestre sonhava”). Composto por obras-primas do gênero, seu repertório é sofisticado e fala alto na coletividade, convidando para dançar, cantar, bater na palma da mão e improvisar partidos. Parceiro de Martinho da Vila, que produziu seu LP Meu canto, em 1983, Luiz Carlos compôs com Paulo César Pinheiro, Wilson das Neves, Candeia, Paulinho Tapajós, Edmundo Souto e Jorge Aragão. Podemos ouvir sua obra nas vozes de Jair Rodrigues, Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, Fundo de Quintal, Nara Leão, Simone e Jorge Aragão.
São dele “A luz do vencedor” (com Candeia), “A vida é assim” (com Carlos Senna e Otacílio da Mangueira), “Além da razão” (com Sombra e Sombrinha), “Arco-íris” (com Sombrinha), “Beth Carvalho, a enamorada do samba” (com Iba Nunes, Edmundo Souto e Paulinho Tapajós), “Doce refúgio”, “Graças ao mundo”, “Herança” (com Adilson Victor e Jorge Aragão), “O sonho não se acabou” e muitas outras.


Nei Lopes e Wilson Moreira

“Este amor me envenena
mas todo amor sempre vale a pena
desfalecer de prazer, morrer de dor
tanto faz, eu quero é mais amor...”
NEI LOPES e WILSON MOREIRA, “Gostoso veneno”

Nei Lopes e Wilson Moreira não estão umbilicalmente ligados um ao outro e nem aos pagodeiros da década de 1980, mas sem dúvida alguma foi nesse período que suas composições ganharam popularidade. E como são craques da composição, não deixaram de criar sambas com o melhor espírito da época. Juntos, lançaram dois LPs: um em 1980, A arte negra de Wilson Moreira & Nei Lopes, uma coletânea dos maiores sucessos da dupla, pela gravadora EMI, e outro no ano de 1985, O partido muito alto de Wilson Moreira e Nei Lopes, pela mesma gravadora.
Compositor, pesquisador, escritor e cantor, nascido no subúrbio carioca de Irajá, Nei Brás Lopes é profundo conhecedor e divulgador das tradições afro-brasileiras.
Formou-se em direito em 1966, mas só exerceu a profissão até 1970, quando o samba falou mais alto em sua vida. O samba e toda a tradição africana, pois, frequentador da casa de Tia Dina, Nei foi levado para o candomblé e aprofundou-se no estudo da religião a partir de 1978.
Sua primeira composição, “Figa de Guiné”, parceria com Reginaldo Bessa, foi gravada por Alcione, em 1972. Ainda na década de 1970, estreou como intérprete, gravando duas faixas no disco Tem gente bamba na roda de samba, e fundou, ao lado de Candeia e Wilson Moreira, o Grêmio Recreativo de Arte Negra e Escola de Samba Quilombo.
Nos anos 1980, participou da criação da Amar/Sombras, entidade que cuida dos direitos autorais dos compositores brasileiros e que tem entre seus associados Chico Buarque, Aldir Blanc, Paulo César Pinheiro e Hermínio Bello de Carvalho. Além de todas essas atividades, Nei também é sócio do Centro Internacional das Civilizações Bantu, que tem sede no Gabão, e é autor de um grande número de livros sobre as tradições afro-brasileiras, dos quais se destacam: O samba, na realidade (1981), O negro no Rio de Janeiro e sua tradição musical (1992) e Sambeabá (2003), este último com ilustrações de Cássio Loredano. Sua mais nova empreitada, publicada recentemente, é a Enciclopédia brasileira da diáspora africana, lançada em novembro de 2004 pela editora Selo Negro e na qual Nei faz um passeio pelo samba, o jongo, o maxixe, o candomblé e tudo o mais que diga respeito à cultura negra.
Com Wilson Moreira, Nei fez jóias do samba, como “Senhora liberdade”, “Goiabada cascão”, “Gostoso veneno”, “Coisa da antiga”, “Só chora quem ama”, “Não foi ela”, “Candongueiro”, “Ao povo em forma de arte”, “Noventa anos de abolição”, “Mocotó do Tião”, “Fidelidade partidária”, “Eu já pedi” e “Sandália amarela”, entre outras. Suas composições fizeram sucesso em vozes como as de Roberto Ribeiro, Beth Carvalho, Alcione, Zeca Pagodinho, Elizeth Cardoso e Clara Nunes. Essa parceria produziu muitos dos mais belos sambas da década de 1980. E se Nei tem a afrodescendência em sua alma, Wilson não seria diferente.
Desde pequeno, Wilson Moreira já ia para o jongo, levado por seus avós, tocadores de caxambu. Foi de tudo um pouco na vida: engraxate, guia de cego e guarda penitenciário. Ainda adolescente, frequentava escolas de samba em Realengo, bairro do subúrbio carioca onde nasceu e foi criado. Tocava tamborim em uma delas, a Água Branca, que mais tarde se fundiu com a Mocidade Independente de Padre Miguel. Na Mocidade, passou a tocar surdo e, em 1955, foi um dos fundadores da ala de compositores da escola.
Em 1968, passou a integrar a ala de compositores da Portela, além de participar do conjunto Os Cinco Só, ao lado de Zito, Jair do Cavaquinho, Velha e Zuzuca do Salgueiro. Entre seus parceiros estão Candeia, Clóvis Scarpino e muitos outros. Hoje, Wilson vai muito bem, e não é difícil encontrá-lo nas melhores rodas de samba do Rio de Janeiro. Suas composições, ao lado de Nei Lopes ou sozinho, aumentaram a consciência da importância da cultura negra
para a formação do nosso país.






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