REINO DA ZOADA POUCA
Estou no reino da zoada pouca, onde só se ouve a sinfonia de sapos e grilos, coro de cigarras, solos de sabiás e contracanto de capotes misturando canções várias. Estou onde quero estar, numa casa na serra, sem rádio e sem notícia das terras civilizadas. Aqui nada se sabe, de quantos mataram, de quantos morreram, de quantos e de quanto se roubou. Sabe-se, apenas, que continuam matando, morrendo e roubando. Importa muito mais ver-me anoitecendo cedo para amanhecer-me mais cedo, a tempo de ver a troca de plantões entre a lua e o sol, um chegando, outra se indo, cada qual com sua beleza. Estou numa casinha na serra com as portas do sorrir escancaradas. Sem buzinas, sem motores, sem zoadas. Sou vizinho, parede-e-meia, da paz.
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