Por Tarik de Souza
Vitimado por um enfarte aos 50 anos, em agosto de 2016, o cantautor mineiro Vander Lee ressurge em DVD gravado no Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico, no Rio, nos dias 1 e 2 de julho do mesmo ano. “20 anos – Vander Lee” (Canal Brasil), foi dirigido por Darcy Burger, também falecido em agosto de 2016.
Vanderli Catarina, que começou a carreira nos bares de Belo Horizonte, MG, onde nasceu, teve um trajeto à parte das grandes veredas mineiras, do Clube da Esquina miltoniano ao heavy metal do Sepultura, o pós-reggae do Skank e o rock mutante do Pato Fu. Sua MPB com eventuais incursões no samba, como o “Sambarroco”, incluído no roteiro, vinha flambada no rock (“Nada por nada”) e principalmente nas baladas oníricas, em que pontificava. “’Estrela’ foi lançada por ninguém menos que Maria Bethânia”, comenta ele, orgulhoso, no show. Registrada por Alcione, ”Mais um barco” ganha outra observação dele: “Agora vocês vão ouvi-la na minha voz masculina de alma feminina, contrapondo aquela interpretação dramática dela”.
Já a pungente “Onde Deus possa me ouvir”, sucesso de Gal Costa, é recriada por Vander Lee em duo com a baiana Mariene de Castro, com quem se desencontrou várias vezes antes de subir ao mesmo palco. Laura Catarina, talentosa filha de Vander Lee, dueta com ele em “Prece preciosa”. O DVD tem ainda “Esperando aviões”, “Boramar”, “Farol”, “Desejo de flor”, “Beleza fria”, e fecha em apoteose, com o público cantando solo “Românticos” (“romântico é uma espécie em extinção”), “minha primeira música que fez sucesso no Rio”, como ele apresenta. Solo mesmo: só a platéia canta, acompanhada pelos teclados de Christiano Caldas, que ao lado de Enéias Xavier (baixo, violão, direção musical e backing vocal), Matheus Barbosa (guitarra), Ramon Braga (bateria) e os músicos convidados Lui Coimbra (cello) e Marco Lobo (percussão), escoltam esse emblemático desempenho de Vander Lee.
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