Uma figura curiosa e inesquecível nos bordéis era a pessoa responsável pela limpeza do ambiente, salão, quartos, e banheiros. Atuava também na cozinha preparando petiscos e refeições, além do trabalho de recolher a água da bacia, resíduos do famoso Banho Checo. Um recipiente com água, invariavelmente uma jarra de alumínio, sabão amarelo, recomendado como o melhor nestes casos, e uma toalha pequena conhecida como “caixeiro” que servia para enxugar o instrumento, e era usada várias vezes com a mesma finalidade, quiçá lavada semanalmente, fazia parte do kit higiênico do bordel. Portanto, adquirir uma doença venérea era apenas uma questão de sorte.
Este tipo de serviço sobrava para os homossexuais, na época, discriminados de forma cruel, não tinham acesso ao mercado de trabalho formal. Muitos ficaram conhecidos, até famosos, pela valentia com que defendiam o território, e as mulheres da casa, de possíveis xêxos e agressões de rufiões e gigolôs. Vi muitas vezes um machão correr de batendo com os pés na bunda, era o medo da gilete ou do gargalo de garrafa, armas perigosas nas mãos dos travecos.
Hoje vamos homenagear Lolita, homossexual valente, capaz de enfrentar uma guarnição da Rádio Patrulha e levar a melhor, em breve sua história será contada em livro e num documentário para TV. Lolita costumava reverenciar Ângela Maria de quem era fã ardoroso, cantando pelas ruas do Recife o sucesso da cantora: Será que eu sou feia? é não senhor, então eu sou linda, você é um amor! Terminava sempre com um bordão que ficou conhecido dos recifenses; Quem vem ao Recife e não conhece Lolita, é o mesmo que ir a Roma e não conhecer o Papa.
Ângela Maria canta Garota solitária composição de Adelino Moreira.
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