sábado, 27 de agosto de 2016

PETISCOS DA MUSICARIA

GRANDES INSTRUMENTISTAS PERNAMBUCANOS (IV) – ROBERTINHO DE RECIFE


Robertinho do Recife, no estúdio Abbey Road, gravando com George Martin


Na trilha dos grandes músicos instrumentistas de minha terra, chego agora em Robertinho do Recife (ou de Recife, tanto faz). Até aqui, viajamos nos solos virtuosos de Heraldo do Monte, Novelli, Naná Vasconcelos e Paulo Rafael.

Robertinho, nascido no Recife há 63 anos é destes caras que já vêm ao mundo sendo. Ainda menino, foi logo apontado como músico prodígio. Aos 12 anos, já era considerado um virtuose na guitarra. Normal para a tenra idade, amostrava-se fazendo malabarismos, como tocar com os pés (outros fizeram com os dentes).

Ainda no seminário onde estudou, Carlos Roberto Cavalcanti de Albuquerque exercitou-se tocando música sacra. É considerado pela crítica e pelo público um dos melhores guitarristas do Brasil. Hoje, além de músico, tem uma carreira sólida como produtor, fazendo trabalhos para alguns dos mais famosos nomes da música brasileira.

Vou continuar contando a história e trazendo ilustrações de Robertinho, mas não posso omitir que passei a ficar absolutamente ligado ao músico depois que gravou na sua guitarra rouca o frevo “Come e Dorme”, de Nelson Ferreira, que tornou-se o mais cantado Hino do Náutico, meu clube do coração. Ouçam:

Ainda na Jovem Guarda, Robertinho acompanhou ídolos como Rosemary e Jerry Adriani. Tocou em bandas nos Estados Unidos e também em transatlânticos em cruzeiros na costa brasileira, executando principalmente blues, jazz e country.

No período em que foi músico de estúdio, tocava estilos bem variados, acompanhando artistas como Jane Duboc, Cauby Peixoto, The Fevers e Hermeto Pascoal. Tocou muito heavy metal e – curiosidade – música infantil. Na época do lançamento de seu disco “Rapsódia Rock”, apresentava-se vestido de Mozart.


Rapsódia Rock: vestido de Mozart


Em 1985, juntamente com sua banda, fez o disco “Metal Mania”, com o grupo de que recebeu o nome do álbum (projeto de Robertinho), quando abriu shows para a banda norte-americana Quiot Riot, em São Paulo, no Rio e em Porto Alegre. No ano seguinte, Robertinho fundou o grupo musical Yahoo, que ficou conhecido por fazer versões de grandes sucessos internacionais, com versão em português.

O auge de sua carreira como guitarrista foi nos anos 70 e 80. Embora, toque e participe de discos de diversos artistas ainda hoje, passou a se dedicar a produzir artisticamente para Geraldo Azevedo, Fagner, Xuxa e Zé Ramalho, entre outros.

Com muita bagagem e anos de estrada, na noite, em acompanhamentos e discos solo, Robertinho optou deixar a carreira musical, negando até convite para integrar o grupo americano Chicago, sendo chamado por Fagner para produzir seus discos na década de 1980.

Atualmente, trabalha principalmente no seu estúdio, o “Special Discos”, no Rio de Janeiro. Como guitarrista, participou em shows ou gravou com vários artistas e bandas internacionais como Stanley Clarke, Peter Tosh, George Martin, Deep Purple, Arto Lindsay, Andy Summers.

Entre os brasileiros, além do que já citamos, tem trabalhos com Luiz Melodia, Dominguinhos, Gal, Wagner Tiso, Zeca Baleiro, Moraes Moreira, Amelinha, Lenine.

Solo de Deslizes, com Fagner:



Em 1982, lançou com a cantora Emilinha Borba, o LP “Satisfação”, atuando na faixa “Feliz com Você”, além tocar parcerias suas com Fausto Nilo, Abel Silva e Capinam. Em 1997, suas músicas “Não mais nada” e “O movimento está parado” em parceria com Falcão foram gravadas no CD de Falcão “A um passo da MPB”.

Metal Mania: na formação de 2014


Em 2004, integrou a banda “Na Mata Café” cujas apresentações ao vivo trouxeram performances brega/new wave, com o pior e o melhor do som dos anos 80. Somou às atividades artísticas a atuação como produtor musical por longo tempo. Em 2011 foi homenageado, em sua cidade natal, pelo bloco de carnaval “Galo da Madrugada”.


Robertinho de Recife Live – Concerto em 1989, Rio de Janeiro:



Na mesma época, envolvido com uma nova geração de músicos que ele mesmo havia entusiasmado e influenciado, retornou aos palcos em uma turnê ao lado do grupo “Os Autoramas”.


No fim de 2014, oito meses após sofrer um infarto, reativou seu grupo de rock Metal Mania e lançou o disco “Back for more”, registrado também em vinil. No álbum, quase todo instrumental, tocou guitarra, principal das gravações.

Semana que vem tem mais dessa festa em louvor à música instrumental pernambucana e brasileira.


Fontes: Dicionário Ricardo Cravo Albin; wikipedia; acervo pessoal; site onordeste; O Globo; site Metal Mania.

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