sábado, 3 de agosto de 2013

40 ANOS SEM AGOSTINHO DOS SANTOS

Por Bruno Negromonte



Em 2013 completa-se 40 anos do fatídico acidente aéreo que vitimou Agostinho de Santos. O cantor e compositor paulista nascido em 1932 é ainda hoje considerado por muitos como um dos nomes mais emblemáticos da sua geração não só pelas inigualáveis interpretações, mas também por ter participado de momentos importantes da história de nossa música.

Sua carreira teve início no início da década de 1950 quando atuava como crooner na orquestra do maestro Osmar Milani. Logo em seguida foi contratado para atuar em rádio e em 1953 gravou o primeiro disco, que trazia como destaque o samba "Rasga teu verso", de Sereno e Manoel Ferreira, pelo selo Star. Em 1956 gravou aquele que seria o seu primeiro grande sucesso, a valsa “Meu benzinho”, de Hawe, Gussin e Caubi de Brito o fazendo ganhar o primeiro disco de ouro de uma sequência de quatro que viria a ganhar consecutivamente, tornando-se um dos maiores nomes da música dali em diante.

Esse sucesso talvez tenha se dado porque Agostinho mesmo sem fazer qualquer tipo de concessão comercial sempre tinha em seus discos grandes canções, pois ele era detentor de uma ousadia que não o privava de apostar em novos nomes que estavam debutando na música. Muitos destes talentos posteriormente viriam a se tornar grandes nomes de nossa música como foi de Antônio Carlos Jobim, Marcos Valle, Sérgio Valle e Milton Nascimento.

Com Tom Jobim Agostinho apostou alto em 1958, quando seu dedicou todo o lado A do LP daquele ano ao jovem maestro que ainda procurava se firmar como grande compositor e instrumentista. Neste disco Agostinho gravou canções como “Estrada do sol” (Jobim e Dolores Duran), “Sucedeu assim” (Tom e Marino Pinto), “Foi a noite” (Newton Mendonça e Jobim) e por fim três parcerias de Tom com Vinícius de Moraes: “Se todos fossem iguais a você”, “Por causa de você” E “Eu não existo sem você”. Esse disco foi o passaporte para que o artista paulista viesse a participar da gravação da trilha sonora do filme “Orfeu da conceição” com outra composição da dupla Tom e Vinícius. Agostinho gravou “A felicidade” e consagrou-se também como um dos grandes intérpretes de um movimento que estava surgindo naquele momento: a Bossa Nova. E foi como intérprete desse movimento, participando do antológico show no Carnegie Hall, a mais tradicional sala de concertos de Nova Iorque, em 1962 que ao lado de nomes como Oscar Castro Neves, Sérgio Mendes, Carlos Lyra, Carmem Costa, Sérgio Ricardo, Milton Banana e outros, o artista foi ovacionado de pé interpretando canções como “Manhã de carnaval” e a já citada “A felicidade”. Essas interpretações foram os pontos altos do histórico show de 21 de novembro de 1962.

Sem contar que na década de 1960 foi, de certo modo, digamos, padrinho do então aspirante a cantor Milton Nascimento. Além de ter indicado três canções ao diretor artístico do II Festival Internacional da Canção em 67, Agostinho gravou “Travessia” (sucesso composto por Milton e Fernando Brant) e declarou que Nascimento seria um dos grandes nomes da música brasileira fazendo jus ao faro ao qual me referi no início deste artigo.

Em 11 de julho de 1973 Agostinho, aos 41 anos, estava a caminho da Grécia para participar de um festival onde defenderia uma canção “Paz sem cor” de sua autoria em parceria com a filha Nancy, quando foi vitimado por um acidente aéreo a cerca de 5 km do aeroporto de Orli - França. O avião que pegou fogo em pleno voo vitimou mais de 130 pessoas.

Certa vez, em entrevista a Rádio Batuta do Instituto Moreira Sales a cantora e compositora Mart’nália contou uma passagem curiosidade sobre este acontecimento. Ela disse ao apresentador do programa "As canções que eles fizeram pra mim" Francisco Bosco que seu pai, o também cantor e compositor Martinho da Vila, era para estar presente naquele avião juntamente com a instrumentista Rosinha de Valença, porém Agostinho pediu para o Martinho trocar de lugar com ele assim como uma outra pessoa pessoa pediu para a Rosinha também. Sem contar que curiosamente, uma de suas últimas gravações do cantor foi "Avião", de Maurício Einhorn, Durval Ferreira e Hélio Mateus.

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