Por Bruno Negromonte
No último mês de julho, passado a alguns dias, parei alguns momentos para assistir a diversas coisas diante da TV. Confesso que não sou muito adepto da televisão, mas confesso também que as programações exibidas nela contribuem significadamente para essa hostilidade de minha parte. Durante essa minha observação não cheguei a ver nada de relevante em relação ao que procurava. Procurava algo referente a algumas datas significativas do mês, datas que para mim e para a nossa música popular brasileira teriam alguma relevância.
Porém, pelo o que percebi, essas datas tão importantes para mim e para nossa memória musical brasileira passaram desapercebidas durante os sucessivos dias em que a grande maioria dos canais (principalmente os da TV aberta) procuravam enfatizar: o caso do goleiro, seu harém e os trágicos acontecimento em torno dele.
A falta de memória de uma parcela significativa do povo brasileiro é algo que impressiona! Falo e trago como exemplo um comentário que ouvi ontem de duas jovens que tem por volta de seus 17 anos e que estavam questionando-se quem seria um cantor chamado Sérgio Reis... tenho meus 20 e poucos anos e me questiono: jamais teremos uma plena identidade cultural?
Fica também o convite à reflexão: por que temos uma memória tão fraca? Como podemos manter viva a obra e o talento de figuras marcantes da nossa cultura se os principais meios de comunicação não abrem espaço para isso?
Só a título de conhecimento, enumerando alguns fatos ao longo desses dias de observação que passaram desapercebidos da grande mídia: passamos pelo centenário de um dos maiores carnavalescos de nosso país e pelo menos no meio de comunicação mais popular que temos (a TV), observei que não saiu nem sequer uma referência a Haroldo Lobo; Cazuza talvez só tenha sido lembrado durante a passagem de morte de seus 20 anos por conta da trágica coincidência da morte de seu parceiro e amigo, o multifacetário Ezequiel Neves; os 10 anos sem Simonal nas minhas observações também passaram da mesma maneira que passam muitas outras coisas de nossa memória musical: desapercebida. E assim aconteceu com outros fatos relevantes de nossa memória musical brasileira ao longo do mês de julho e vem acontecendo ao longo de nossa história musical, política e social.
Posso até está sendo injusto por talvez ter saído alguma coisa na televisão e ter passado por mim de forma que eu não tenha observado, mas ressaltei aqui que tudo isto é fundamentado em minhas observações ao longo de minhas "zappeadas".
Fica aqui então a seguinte conclusão: a incapacidade de enxergar a nossa própria história nos afasta do sonho de um dia chegar ao status de uma nação de fato forte e soberana se não tivermos uma verdadeira identidade. Pensem nisso!
2 comentários:
Bruno, sempre estou aqui pelo blog, gosto muito. E concordo plenamente com o que vc expôs no post de hoje. Acho engraçado que muito brasileiro se interesse por artistas e músicos estrangeiros e nem queira se dar ao trabalho de conhecer a maravilha que temos aqui.
Um grande abraço e uma excelente semana!
Bruno sou obrigada a concordar com você.Sempre fui muito ligada a música e seus compositores e cantores no entanto vejo uma grande banalização com a história desses nossos representantes.A Globo de vez em quando faz uns especiais que só forçam a barra e não realçam a carreira, o talento do artista. Uma tristeza! Que bom que ainda existe pessoas como você para sempre divulgar a boa música brasileira e seus astros.
Abraço,
Roseli
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