Muitos festivais surgiram em 1969. Além dos dois da TV Record e do FIC, realizaram-se o Festival Universitário da Guanabara pela TV Tupi do Rio, o I Festival de Música Popular de Porto Alegre, o II Festival Fluminense da Canção de Niterói, o I Festival de Juiz de Fora, o Brasil Canta no Rio pela TV Excelsior, o II Festival Estudantil no Teatro João Caetano, o II Festival Estudantil Petropolitano de Música Popular e outros mais.
O IV FIC, que seria transmitido pela Eurovisão, contou com um desfalque de atrações internacionais que não estava no script. Jane Fonda, Roger Vadim, Nancy Wilson e até o beatle George Harrison, já anunciados, cancelaram suas vindas.
Outro diferencial dessa quarta edição foi a falta de notas nas eliminatórias. As 20 classificadas para final seriam anunciadas, mas notas só seriam atribuídas para definição dos 10 primeiros colocados.
Quarenta e uma canções foram classificadas, sendo que seis eram de São Paulo, entre elas “Ando Meio Desligado” (Os Mutantes), “Madrugada, Carnaval e Chuva” (Martinho da Vila) e “Charles Anjo 45” (Jorge Ben). Haviam ainda músicas da Bahia, Paraná, Pernambuco, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Entre as cariocas “Beijo Sideral”, “Cantiga por Luciana”, “Juliana”, e “Mercador de Serpentes” eram os destaques. Nada que gerasse qualquer trabalho à Censura.
A primeira eliminatória nacional teve transmissão direta para São Paulo, Belo Horizonte, Salvador e Porto Alegre. As 21 canções foram avaliadas pelo júri e pelo público, responsável pela eleição da música mais popular. Entre compositores e cantores, tanta gente nova, que o IV FIC parecia um festival universitário. Os novos grupos abriam espaço também para visuais mais extravagantes e coreografias, que a partir daí passaram a ser incorporados à produção de uma canção de festival.
As mais aplaudidas da noite foram “Madrugada, Carnaval e Chuva”, “Cantiga por Luciana” de Edmundo Souto e Paulinho Tapajós, “Visão Geral” de César Costa Filho, Ruy Mauriti e Ronaldo M. de Souza, e “Juliana” de Antônio Adolfo e Tibério Gaspar.
Na segunda eliminatória “Serra Acima’ (Sílvio da Silva Jr. e Aldir Blanc) e “Ave Maria dos Retirantes” (Alcivando Luz e Carlos Coqueiro), defendida por Maysa, foram muito aplaudidas, abrindo a noite. Terceiro a se apresentar, Jorge Ben, acompanhado pelo Trio Mocotó, cantou sua “Charles Anjo 45”, a temática transgressora e a apresentação diferenciada são consideradas precursoras do rap nacional. Muito vaiada, “Gotham City” (Jards Macalé e José Carlos Capinan) foi defendida com raça por Macalé. “Beijo Sideral”, de Marcos e Paulo Sérgio Valle e “Mercador de Serpentes”, de Egberto Gismonti foram os outros destaques da noite.
“Cantiga por Luciana”, defendida por Evinha, ex integrante do Trio Esperança era a preferida na opinião da maioria. Quando o resultado da fase nacional foi anunciado veio a confirmação: a música havia vencido e Evinha foi escolhida cantora revelação. Antônio Adolfo e Tibério Gaspar ficaram em segundo.
Apesar da boa aceitação, “Cantiga por Luciana” não era a eleita da plateia, que havia se encantado com a performance do cantor inglês Malcom Roberts cantando “Love Is All”. A vitória da música brasileira na fase internacional contrariando a escolha do público fez com que o xodó por Evinha se acabasse. Incoerentemente, “Cantiga por Luciana” foi a escolhida pelo voto popular. Fechando a noite, Wilson Simonal realizou outro show histórico, para um Maracanãzinho lotado.
Evinha interpretando "Cantiga por Luciana"
O festival lançou dois discos oficiais, um álbum duplo com 18 faixas, gravadas por artistas do elenco da Philips e convidados, e outro pela Odeon, com dez faixas, entre as quais, as duas primeiras colocadas na fase nacional do IV FIC.
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