Da primeira vez que se apresentou num programa de calouros, na extinta Voz da Democracia, em Campina Grande, na Paraíba, Marinês ganhou o prêmio de primeiro lugar . Eleita pelas palmas do público, que se concentrava na frente da rádio, levou pra casa um sabonete eucalol. Era o início de uma carreira que comemora meio século divulgando os ritmos nordestinos genericamente chamados de forró.
Fosse o baião simbolizado pelo triângulo e , sem dúvida, Marinês seria o vértice, tendo Jackson do Pandeiro e Luiz Gonzaga na base. Coroada pelo velho Lua Rainha do Xaxado, Marinês é o ''último mito vivo da música nordestina", como gosta de frizar, sua voz possante e cristalina, como água limpa de serra abaixo ainda se preserva e supreende como no último CD "50 anos de forró" em que emparelha o gogó com mais treze discípulos. divididos.
Filha do ex-cangaceiro do bando de Lampião Manoel Caetano de Oliveira e da dona de casa Josefa Maria de Oliveira, dona Donzinha, a menina Maria Inês Caetano de Oliveira nasceu em 1936, em São Vicente Ferrer , Pernambuco. Seria a Paraíba que acolheria no lombo da Borborema, em Campina Grande, a família que se mudou em 1940. Ali viveu a infância, a mocidade, o começo da carreira e a união com o sanfoneiro Abdias.
As músicas que mais atraiam a sua atenção eram os sucessos do Rei do Baião, divulgadas pelo altos falantes em postes das difusoras de Campina Grande. Qui nem Jiló, Respeita Januário, Xanduzinha, No Ceará não Tem disso não e Asa Branca, eram apenas algumas músicas que ela já sabia de cor por lhe tocarem a alma de sertaneja.
A primeira vez que viu seu Luiz, influência capital no desenvolvimento de seu estilo foi em 1950 , comício para escolha do Governador da Paraíba. Luiz Gonzaga estava animando o comício do candidato Argemiro de Figueiredo e do candidato a senador pela UDN Pereira Lyra, que encomendaram a ele e a Humberto Teixeira a música da campanha, chamada "Paraíba", hoje considerado uma espécie de segundo hino do estado.
Nesta mesma época, Maria Inês ingressa no ginásio no Colégio das Damas, frequentado pela classe média local. Sua estada por lá não iria durar muito. Ainda no primeiro ano largaria os estudos. Motivo: a velha falta de dinheiro. Não tirou por menos, sabedora do seu potencial vocal, se engajou na Voz da Democracia, no bairro da Liberdade.
e logo estava no papel de locutora. Passou depois para a difusora A Voz de Campina Grande. Só ia entretanto adentrar o mundo da música profissional em 1951, quando pelas mãos do compositor Rosil Cavalcanti (Sebastiana) , e do Diretor da Rádio Cariri, Arnaldo Leão, assinou contrato se integrando ao time da rádio. Debutou com o bolero Dez anos, número integrante do seu repertório romântico.
Sempre chamando atenção pelo seu canto afinado e pujante, atraiu a atenção dos diretores da Rádio Borborema, que a contrata para os seus programas de auditório em 1952. No mesmo ano contratariam o sanfoneiro paraibano Abdias Farias. Começam a namorar e após pedir permissão aos pais da moça , o talento da consertina se casa com a Maria Bonita do Forró ,dois anos depois. Cerimônia simples, só parentes e mais uns chegados.
Rescindem contrato com a Rádio Borborema e recebem em seguida convite para integrar o cast da Rádio Difusora de Alagoas- RDA- antigo lar artístico de Abdias. Foi preparada toda uma festança para a estréia do casal. Desde o programa de estréia Marinês roubou as atenções, castigando seu triângulo, xaxando que nem uma carrapeta. A apresentadora os batizaria como o "Casal da Alegria".
Começaram a fazer alguns shows pelo interior do estado e a fama do casal começou a reverberar por outras praças nordestinas. Marinês veio a falecer aos 72 anos, no Recife em uma data como hoje há 02 anos atrás.
MARINÊS E SUA GENTE - 50 ANOS DE FORRÓ
01 - A noite toda (Tadeu Mathias - Yeda Dantas)
02 - Coco da Mãe do mar (Siba - Lenine) - com Lenine
03 - Se lembra coração (Luiz Fidélis - Ferreira Filho)
04 - Forró das cumadre (João Silva) - com Elba Ramalho
05 - Mundo de amor (Dominguinhos - Anastácia) – com Dominguinhos
06 - Forró do beliscão (Ary Monteiro - Leôncio - João do Vale) - com Genival Lacerda
07 - Pelas ruas que andei (Alceu Valença - Vicente Barreto) - com Alceu Valença
08 - Fulutiado (Jarbas Marins - Chico César) - com Chico César
09 - Lamento sertanejo (Dominguinhos - Gilberto Gil) - com Ney Matogrosso
10 - Remelexo, swing e suor (Aracílio Araújo - Marinês)
11 - Meu Cariri (Dilú Melo - Rosil Cavalcanti) - com Zé Ramalho
12 - Bulir com tu (Cecéu) - com Marcos Farias
13 - Tempero do forró (Geraldo Amaral - Geraldo Azevedo) - com Geraldo Azevedo
14 - Rompeu aurora (Antônio Barros) - com Margareth Menezes
15 - Medley de xotes: com Antônio Barros e Ceceu
• Sou o estopim (Antônio Barros)
• Por debaixo dos panos (Cecéu)
• Bate coração (Cecéu)
• Desabafo (Cecéu)
16 - Mais dias, menos dias (Moraes Moreira) - com Morais Moreira
17 - Assim nasceu o xaxado (Agripino Aroeiro - Onildo Almeida)
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