domingo, 17 de julho de 2011

SEM DESCANSO, ANDRÉ MASTRO MOSTRA TODA HOMOGENEIDADE DA MÚSICA POPULAR EM SEU ÁLBUM DE ESTREIA

O ator, poeta, cantor e produtor paulista lança seu primeiro álbum intitulado "Sem descanso", trabalho este que traz a boa música popular brasileira em todos os seus nuances, dando destaque ao samba de breque, uma das referências que o influencia.


Por Bruno Negromonte


André Mastro procura fazer jus ao título do seu disco de estreia quando, pela excelência do trabalho, não consegue dar descanso aos ouvidos daqueles que o ouvirem. Quem escuta esse primogênito álbum dificilmente cessará, pois a audição deste trabalho é uma excelente oportunidade de viajar em um repertório coeso e de bom gosto ímpar. As canções foram equilibradamente selecionadas de maneira que há tanto canções inéditas quanto regravações de compositores do quilate de Adoniran Barbosa, Cartola e Itamar Assumpção. A atenção exigida para a apreciação deste trabalho se dá não só pela escolha do primoroso repertório, mas também por trazer exímios músicos na execução das faixas.

André Mastro nasceu no estado de São Paulo, mais precisamente em Olímpia (cidade localizada a cerca de 448 quilômetros da capital do estado) e tem como lembrança mais remota de seu envolvimento com a música a audição de boleros e chorinhos nas vozes dos grandes nomes da nossa música popular. Segundo Mastro, essas canções permeavam sua infância através de sua arvore genealógica paterna, despertando o pequeno André para a excelência ao qual a música brasileira está inserida e moldando o apurado gosto musical de uma criança fazendo com que mais tarde se traduzisse em uma predileção. Talvez o fato do pequeno André interessar-se, apesar da tão pouca idade, substancialmente pelas canções que o cercava fez com que uma de suas primas o observasse e o tenha escolhido para presenteá-lo com uma caixa de compactos simples. Para ela não teria mais serventia alguma, porém para uma criança que tinha por volta dos seus 06 anos descobrir canções interpretadas por nomes como Elis Regina, Renato e seus Blue Caps, Chico Buarque, Carlos Lyra entre outros foi algo indescritível e marcante.

Talvez tenha sido algo tão avassalador que em "Sem descanso" seja perceptível toda essa influência arraigada. Na gênese do disco percebe-se as fortes ascendências exercidas pelos grandes nomes que nortearam a infância do Mastro juntamente com outras influências tais quais nomes como o do cantor Moreira da Silva e do grupo Premeditando o Breque que dão essa unidade perfeita ao álbum. Tudo isso transforma essa integração da poesia, interpretação e música em uma verdadeira celebração em pró do talento de André; talento este que vem sendo lapidado não é de hoje, mas sim a alguns anos atrás.

André Mastro é o tipo de artista que muitos o chamam de multifacetado, pois o ofício de cantar profissionalmente vem acompanhado por outras diversas atividades intrinsecamente relacionadas com o mundo das artes. Formado em artes dramáticas pela Escola Teatro Macunaíma, Mastro também cursou canto popular na Universidade Livre de Música na década de 9o e ao longo do curso, em determinado momento, teve como professoras de canto as cantoras Cida Moreira e Ná Ozzétti. Munido desse conhecimento prático-teórico ele chegou a participar como membro do CoralUSP no naipe dos barítonos sob a regência da maestrina Vera Novack, apresentando-se em diversos palcos do estado de São Paulo (tanto na capital quanto em cidades do interior paulista).

Como ator André participou da montagem de diversas peças teatrais no circuito comercial de São Paulo, dentre as quais “Mowgli, Homeninlobo”, “A Cor de Rosa – A Vida de Noel Rosa”, ambas no Centro Cultural São Paulo; “Salve o Prazer – A Vida de Assis Valente”, no Teatro Cultura Inglesa; “Bella, Ciao”, na sala Guiomar Novaes – Funarte; “Viagem ao Centro da Terra”, no túnel sob o Rio Pinheiros-SP e também chegou a conceber como cantor e intérprete os espetáculos musicais “Mambembe”, composto por canções de Chico Buarque; “Mais uma Boca”, só com músicas de Fátima Guedes e “Olhares”, com composições de diversos autores da MPB.



Dentre outras atividades participou, por mais de dois anos, como apresentador e produtor, do evento “Praça do Choro”, realizado pela Secretaria do Estado da Cultura de São Paulo e como cantor apresentou-se em espaços paulistas como o Café Piu-Piu, Feitiço de Áquila, Vou Vivendo Bar, Teatro Crowne Plaza, Centro Cultural São Paulo, Funarte (Sala Guiomar Novaes), Teatro Crowne Plaza-SP, MAM (evento Grupo Pela Vida), Secr. Mun. Cult. de SP: Proj. Arte nas Ruas, circuito SESC/SP (Itaquera, São Caetano do Sul (três shows), Belenzinho e Ribeirão Preto, Theatro São Pedro- SP, Teatros Municipais de São José do Rio Preto, Olímpia, Jundiaí, São Bernardo do Campo e Salto) dentre outros. Em 2006, participou do DVD "Breve História da Música Caipira de São Paulo" exercendo diversas funções, dentre as quais de pesquisador do elenco e da trilha sonora. Esse espetáculo contou com a participação de nomes como Inezita Barroso, Mário Zan, Irmãs Galvão, Tinoco, José Ramos Tinhorão, Zuza Homem de Melo etc. Não achando pouco, André tem um extenso "Know how" na área de promoção de eventos traz cerca de 250 eventos emm seu exercício de produtor de shows. Nesta função (exercitada desde 2003 através da AM promoções de eventos) traz como experiência cerca de 250 eventos com a participação de nomes como Guinga, Elba Ramalho, Arthur Moreira Lima, Paulinho Nogueira, MPB 4, Wanda Sá, Leny Andrade, Chico César, Danilo e Dori Caymmi, Os Cariocas, Marcos Valle, João Bosco, Johnny Alf, Kleiton e Kledir, Simoninha, Roberto Menescal, Fátima Guedes, Hermeto Pascoal, Paulinho Moska, Zélia Duncan, Miúcha, Altamiro Carrilho, Ney Matogrosso, Mônica Salmaso, Banda Mantiqueira, Jorge Aragão, Eduardo Gudin, Marina Lima, Ademilde Fonseca, Renato Braz, Dominguinhos, Leila Pinheiro entre outros.

Tanta experiência resultou em um álbum muito bem dosado e concebido sob a produção do próprio André, Deni Domenico, Zeca Loreiro de forma independente. Tendo como uma de suas características, o álbum "Sem descanso" traz a divisão exata do repertório entre canções inéditas e regravações de canções em sua maioria pouco conhecidas. São ritmos diversos tendo como eixo norteador o velho e bom samba e suas variantes nas dez faixas presentes no álbum. Dentre as faixas inéditas que o disco possui uma delas é a que abre o álbum e dá nome ao disco, de autoria dos compositores Guca Domênico (pai do músico e produtor Deni Domenico) e do mineiro Irineu de Palmira, “Sem Descanso” foi escolhida por André devido “A densidade da música”, que o impactou-me na hora. A música é executada por um quarteto de cordas, violões e percussão e sua letra traz elementos que a caracteriza dentro da literatura barroca quando em sua densa letra percebe-se o dualismo presente. O álbum segue com um desfile de sambas-de-breques originais e bem humorados como"Sacerdotisa de vodu", de autoria do piauiense Carlos Castelo (fundador do grupo Língua de trapo) , o samba-choro-de-breque "Circular 46" (Guca Domenico e Carlos Mello) e "Menopausa Masculina" (Léo Nogueira e Márcio Policastro) dentre outras canções de gêneros distintos como a salsa "Encrenca e formosura" (Álvaro Cueva).

Dentre as regravações presentes no álbum é encontrado, dentre outras faixas, um clássico da música popular composta por Cartola: "As rosas não falam", a cinquentenária "Prova de carinho" (Adoniran Barbosa e Hervê Cordovil) e a canção que deu o sub-título do álbum "Sampa midnight" do cantor da vanguarda paulista Itamar Assumpção. Além de uma interpretação muito particular e lancinante da canção "Marinheira" (Fausto Nilo e Fernando Falcão).



A acompanhá-lo neste álbum estão nomes como Zeca Loureiro e Deni Domenico (arranjo, cavaquinho, violão e vocal), Alexandre Cuerva (violão), Edson Tobinaga, Lucas Silva e Douglas Alonso (percussão), Lucas Penteado (cavaquinho), Gabriel Millet (flauta), o quarteto de saxofone formado por Eliazafe Silva, Rogério Albarelli, Kleber Martins, Diego Lisboa entre outros. Além das participações de nomes de peso como o de Toninho Ferragutti (acordeon), Cezar do Acordeon, Ulisses Rocha (violão) e Nailor ‘Proveta’ Azevedo (clarinete). Todos esses nomes dão forma e precisão a um trabalho bastante peculiar não só pelo repertório, mas também por uma interpretação bastante singular, com uma leitura diferenciada de cada canção feita pelo André Mastro, que dá vazão ao lado intérprete sem deixar de lado características de suas experiências teatrais, e são essas peculiaridades que dão o suporte necessário e consistente a todos os nuance e dualidades que os gêneros musicais presentes no disco requer.

"Sem descanso" é sem dúvida alguma um álbum flamejante, que não só faz um trabalho de resgate do samba-de-breque (um sub-gênero do samba que se popularizou no país e teve seu auge nos anos 50 na voz do carioca Moreira da Silva e que nos dias atuais anda meio esquecido) a partir de uma lavra de compositores contemporâneos, mas também traz interpretações singulares o suficiente para chegarmos a acreditar que tamanha originalidade só pode vir dessa miscelânea cultural que não só preencheu o currículo desse paulista como também deu o "know-how" necessário para a primazia ao qual faz jus esse seu álbum de estreia.


Maiores Informações:
Contato para shows - (11) 9822-4892
Clube caiuibi de compositores - http://clubecaiubi.ning.com/profile/AndreMastro

3 comentários:

Anônimo disse...

Muito bom o comentário sobre o trabalho de André Mastro. Tenho a felicidade de conhecê-lo há muitos anos e, ainda assim, me surpreendi pela qualidade técnica e plástica do CD. Parabéns pela matéria!
Blanche Amancio - Ribeirão Preto-SP

brunonegromonte disse...

Amancio, agradeço a participação aqui em nosso espaço. Ao longo do próximo mês haverá uma entrevista exclusiva com o André para o Musicaria. Acompanhe-nos!

Abraço!

Anônimo disse...

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