Cerca de cem mil pessoas assistiram à mostra, que teve uma de suas melhores programações, com 39 atrações, e mobilizou 650 profissionais
Por José Teles
Um dos guitarristas mais conceituados do jazz na atualidade, no meio da plateia, dando autógrafos e deixando-se fotografar com fãs. Difícil isto acontecer em grandes festivais de música, mas aconteceu, terça-feira, na Praça do Carmo, no final do show do americano Mike Stern, que também fechou a programação da Mostra Internacional de Música em Olinda, a Mimo (também com concertos no Recife e em João Pessoa). A diretora do festival, Lú Araújo, da Lume Arte Marketing Cultural, considerou a programação deste ano a mais equilibrada de todas as edições do evento: “O festival cresceu como um todo, inclusive em atrações. No ano passado foram 27, contra as 39 de 2010. Houve também o aumento de apresentações no Recife, com nomes de peso feito Egberto Gismonti e Carlos Malta, a expansão para João Pessoa. Este ano a Mimo conseguiu atender aos vários públicos, que também cresceu muito este ano.”
Estimou que, nos seis dias do festival, este público tenha sido de cerca de cem mil pessoas. Logicamente, nem todo mundo pode assistir dentro das igrejas, mas telões contribuíram para democratizar ainda mais o festival (que teve uma excelente mostra de filmes relacionados à música, palestras e as indefectíveis oficinas). Dando chances a se ver artistas que normalmente só aportam no Sudeste: “O festival está cumprindo também este papel, o de provar que existem caminhos e públicos, para consumir música de qualidade fora do Rio ou São Paulo. Quando a gente faz os convites, o pessoal sempre estranha porque não é no Rio. Mas quando chegam, ficam maravilhados com Olinda e com o Recife. E até isto mudou muito, porque o festival já tem cobertura nacional, e até internacional. Este ano vieram jornalistas da Alemanha, da França”, comenta Lú Araújo, acrescentando que uma prova da consolidação da Mimo é que muitos agentes de grandes artistas procuraram a produção da Lume Arte para sugerir seus contratados.
A impossibilidade de trazer todas as sugestões obrigou a produção a fazer opções, como a que resultou na vinda do pianista McCoy Tyner. “Ele veio ao Brasil, com exclusividade, para a Mimo. Podia escolher entre McCoy e David Sanborn, ambos estavam com trabalhos novos, mas o festival não tinha fôlego para os dois. Optei por McCoy Tyner, porque ele nunca veio a Pernambuco, pela idade dele, e pela importância histórica”, conta a produtora, que pensa no saxofonista David Sanborn para o próximo ano. Outro nome destacado por ela foi o de Mario Canonge, pianista nascido na Martinica, estabelecido na França e figura obrigatória nos festivais de jazz europeus. “É um cara que tem um prestígio enorme, uma carreira bem sucedida lá fora, mas é muito pouco conhecido no Brasil. Tivemos a oportunidade de mostrar sua música aqui, e ele, assim como os outros, ficou apaixonado pela cidade”.
Para garantir a infraestrutura de um evento com tantas atrações, a Lume Arte emprega 650 pessoas (incluindo os que vem do Rio, sede da produtora, e se vira para que os artistas acostumados a grandes eventos no exterior, tenham o pedem. “Os caras estão acostumados com equipamento de ponta. Foi preciso, por exemplo, conseguir os três amplificadores exigidos por Mike Stern, que usa os três e não toca com retorno. Piano é fundamental para que tem jazz e música erudita. Acho que será necessário comprar um bom piano exclusivo para a Mimo”, diz Lú Araújo, que já falar em adquirir também uma casa, em Olinda, para escritório permanente do festival.
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