Uma data que não pode ser esquecida: dia 10 de setembro completa-se o centenário de nascimento de Manuel Pereira de Araújo, conhecido como Manezinho Araújo, embolador e artista plástico cabense falecido em 23 de maio de 1993, em São Paulo.
Além cantor e compositor era jornalista e pintor. Aprendeu a cantar emboladas com um dos maiores mestres do gênero, Severino de Figueiredo Carneiro, o Minona, quando morava em Casa Amarela, no Recife, ainda adolescente.
Seu disco Cuma é o nome dele? ficou entre os 300 mais importantes da música brasileira, segundo o livro “300 Discos Importantes da Música Brasileira”, de Charles Gavin, Tárik de Souza, Carlos Calado e Arthur Dapieve, lançado em outubro de 2008.
Segundo o escritor e folclorista Mario Souto Maior, a carreira de Manezinho Araújo surgiu quando da Revolução de 30, em show inusitado dentro do navio de soldados que partira do Recife em direção ao Rio de Janeiro. Na volta, foi convidado a cantar em show de Carmen Miranda, Almirante, Josué de Barros e outros, dentro do próprionavio, e fez sucesso com suas emboladas. Apenas em 1933, porém, gravou, em selo Odeon, seu primeiro disco, compacto que tinha de um lado A Minha prantaforma e, do outro, Se eu fosse interventô, duas emboladas de sua autoria, procurando satirizar a política e os políticos da época. Fez sucesso e rapidamente ficou famoso, tendo sido considerado O Rei da Embolada. Foi o primeiro artista a gravar um jingle no Brasil, para o sabonete Lifeboy, composição de Rodolfo Lima Martensen e Paulo Barbosa, em 1937.
Como cantor, participou de vários filmes, e como jornalista atuou no rádio e na Revista do Rádio, onde tinha uma coluna.
Nos meados da década de 1950, "a música nordestina passou a ceder lugar a novos ritmos, muitos deles importados. Desapontado com o ambiente artístico e pressentindo o fim de uma época, Manezinho Araújo despediu-se de seu público, aos 44 anos, em 1954, num espetáculo no Tijuca Tênis clube que lotou o auditório com 15 mil pessoas. Com a renda, montou no Rio um restaurante, o Cabeça Chata, servindo culinária nordestina e inclusive inventando pratos que até hoje levam seu nome.
Por volta de 1960 passa a dedicar-se à pintura, em estilo primitivo. Passava para as telas cenas da infância, da juventude e da maturidade, retratando as raízes do Nordeste do Brasil: cidades, paisagens, palafitas, barqueiros, marinhas, pescadores e baianas. Segundo a Fundação Joaquim Nabuco, realizou mais de trinta exposições e os seus quadros sempre foram bem vendidos. Algumas de suas pinturas se encontram em museus regionais, como o de São Luís (MA), o de Araxá (MG), de Feira de Santana (BA). Duas telas do autor, inclusive, estão expostas no museu da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, Portugal.
Manezinho Araújo morreu esquecido por sua cidade natal e pelo povo pernambucano.
Diz ainda Mário Souto maior: “Será que ainda está em tempo de Pernambuco resgatar o valor da arte e o trabalho de Manezinho Araújo, dando-lhe o nome de uma rua ou de uma escola? E a cidade do Cabo, também não teria o dever de prestar uma homenagem ao filho que tanto honrou seu berço natal, divulgando a nossa música e a gostosura de nossa culinária, mostrando em suas telas a paisagem humana, as frutas e as coisas do Nordeste?”
Vale ressaltar que o primeiro jingle brasileiro, cantado por Manezinho Araújo, o rei da embolada, foi para o sabonete Lifebuoy.
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