Por José Teles
Há quatro anos, apresentou-se no Sítio da Trindade (popular parque aqui da cidade do Recife), Marinês, o maior nome feminino do forró, e parte da santíssima trindade do gênero – com Luiz Gonzaga e Jackson do Pandeiro. Ela desfiou uma série de clássicos, Peba na Pimenta, Pisa na fulô, Por debaixo dos panos, Meu cariri, e o distinto público não estava nem aí. Poucos casais se renderam à música da Rainha do Xaxado para cair na dança. A maioria dos que estava no Sítio não tinha nem ideia de quem era Marinês, e da sua importância para a música nordestina, em particular, e para a MPB em geral.
Sábado, no Sítio da Trindade, foi a vez de Alceu Valença. Não que a resposta da platéia para a música de Alceu tenha sido igual à de Marinês em 2006. Até porque ele tem uma legião de fãs mais que fiéis, e muitos sucessos, mais ou menos, recentes, que continuam a tocar no rádio. Porém, longe do palco, dava para se medir o embotamento estético de um contingente de parte da população, causado pela música de má qualidade que, coincidentemente, imperava a alguns quilômetros dali, no Chevrolet Hall, no São João da Capitá, que por sinal acontece em Olinda, e não na capital. Ali, a fuleiragem music é alojada no palco principal, e o forró autêntico é enquadrado numa Sala de Reboco. Senão como explicar fenômeno de milhares (sic) de nordestinos que lotaram o Sítio da Trindade, indiferentes a um pot-pourri que o cantor fez de clássicos como Baião, Vem morena, Pisa na fulô, O canto de ema, e Asa branca, o hino não oficial do Nordeste?
O embotamento é tão avassalador que, antes de Alceu Valença, a banda Território Nordestino não conseguiu entusiasmar o público, mesmo que seu repertório tenha ido de Gonzagão a Accioly Neto. Não é nem pelo repertório, mas por o grupo fazer forró com forte tempero de axé na pegada, só faltou o cantor gritar o indefectível “Tira o pé do chão, Recife!”. Mas, no final, Alceu acabou ganhando a batalha, não apenas porque é um dos melhores artistas do palco do País, como pelo seu repertório autoral, de dezenas de hits, que já fazem parte do inconsciente coletivo. Pelas ruas que andei, Anunciação, La belle de jour, Táxi lunar. Ele chamou ao palco o sanfoneiro Mardoni, para tocar uma música que está no filme que ele está dirigindo.
O público que frequenta o Sítio da Trindade, que está com programação impecável, em sua maioria é dos altos e afastados bairros da Zona Norte, jovens crescidos com a música das Saias Rodadas da vida. Bem que a Secretaria de Cultura poderia criar uma cadeira de música nordestina nas escolas da rede municipal, que abrisse os olhos e ouvidos dos alunos para entender o que é inspiração e apelação.
2 comentários:
Olá Bruno, Acho bem válida essa reivindicação do nosso amigo Alceu hein!!! rsrs, Bom eu citarei vc e a amiga Mariana no progrma de hj como ganhadores do CD do Eddy, ok, estou enviando -os amanhã...um abração sonoro...
É mesmo Bruno, tens razão, mas sabe como é né...as vezes é difícirrrrr...rsrsrs, mas a gente morre tentando...valeu mermo por tudo hein... beijão sonoríssimo...
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