Pianista e tecladista, dispensa comentários… sua musicalidade, balanço e versatilidade já fez estória no cenário da música brasileira, trabalhando ao lado dos grandes da música… só pra dar um curto exemplo: na MPB- Djavan, no rock - Léo Jaime, e na música instrumental – Arthur Maia…
Participante do primeira temporada do Projeto "2+2 = Jazz", ele nos conta um pouco da sua trajetória musical…
Fale de sua formação musical e de sua opção pelo piano.
GC - A opção foi mais uma coisa "medieval" (rsrs), ou seja me foi passado o ofício da minha mãe, que é formada em canto e piano pela antiga ENM, hoje UFRJ. Desde os seis anos entrei em um curso técnico que havia na Escola de Música, naquele tempo chamado de "Iniciação Musical" e lá fiquei, passando por seus diversos níveis, até completar 17 anos de idade. Concomitantemente, minha mãe, que é professora aposentada de Declamação Lírica da UFRJ, me dava aulas de piano em casa, até que veio a rebeldia, o abandono do piano e, à época do vestibular, a opção por Engenharia Agronômica. Já com perto de 70% do curso de E. Agronômica concluído, me vi às voltas com o piano de novo e optei por seguir carreira na música, agora já pensando em termos jazzísticos, o que a deixava, pelo menos para mim, muito mais palatável.
Quais foram as suas principais influências e qual a importancia deles na sua música?
GC - Acho que, no que diz respeito ao jazz, Herbie Hancock e McCoy Tyner foram os principais, pela maneira como encaram a música e pelas possibilidades que extraem desta. Foram os principais mas não os únicos, então, temos uma gama de instrumentistas, como Lyle Mays, Pat Metheny, Rick Wakeman ( pois é... talvez tenha sido o principal responsável por me fazer voltar ao piano... ), César Camargo, Jota Moraes, muitos guitarristas ( Larry Carlton, Mike Stern, Pat Martino, Robben Ford, etc.). Na formação do que eu chamo de "minha música", todos contribuíram, muito ou pouco, uns com muito swing, outro com grande inventividade melódica, outro com sua inquietação e inventividade...
Cite os CDs que mais te influenciaram.
GC - Herbie Hancock - The Prisoner, Pat Metheny Group ( aquele todo branco, de 1979 ), Larry Carlton ao vivo no Japão ( o segundo disco ), Chick Corea Secret Agent e The Mad Hatter, um do Miles ao vivo que tem All Blues e Seven Steps to Heaven, e por aí vai...
Como foi a sua experiência nos Estados Unidos e qual a influência que essa experiencia teve no seu trabalho profissional?
GC - Foi muito bom. Você sofre um processo de imersão musical que te beneficia muito, você vê pessoas tocando muito bem, arranjando muito bem, aquilo te dá muita força para voce buscar seu caminho, é uma espécie de "inveja saudável" : voce quer se superar tendo como meta alguém que voce admira, que voce vê tocar sempre... é muito bom ir a um clubinho de jazz e ver o Jim Beard tocando, o McCoy... são essas "sacudidas"que fazem voce progredir.
A seriedade contida no meio acadêmico musical dos USA é muito saudável e faz com que voce "pense"a música de maneira mais objetiva e, ao contrário do que o "folclore" apregoa, isso não tira a espontaneidade do processo. Apenas ajuda a agilizá-lo. Coisas como leitura, raciocínio harmônico e objetividade - ou pragmatismo musical, como queira - só fazem com que o processo seja menos demorado.
E o seu CD - aguardado pelos que te admiram e não desistem vai sair?
GC - Rapaz, por enquanto, não. Tenho coisas na gaveta, mas falta tempo hábil para transformá-las em música propriamente dita.
Qual conselho daria para um jovem músico?
GC - Invista numa loja de esfihas... hahaha!!!... desculpe, não resisti.... bem, invista sim, mas na criatividade. Não só musical, mas em outros campos também. Até porque no estado em que está o mercado fonográfico, a criatividade não pode só se resumir em música, mas em descobrir novas formas de veicular seu trabalho, comercializá-lo, afinal de contas, isso é uma profissão, não é? Não chego ao cúmulo de chamar música de "produto", mas, sem dúvida, é uma coisa que deve ser vendida, para nossa própria subsistência. Grande parte da nossa profissão, ao contrário do que parece, não é fazer música. Essa é a parte mais prazerosa. Mas se não houver o lado business, o "escritório aberto", voce vai fazer a sua linda música e ninguém vai comprar o DVD, nem baixar daquele site pago da internet, e nem ir ao show no clube em que voce vai tocar. Por que? Porque voce só fez a música e esqueceu do business. Ou voce achava que eram só flores?
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