Idealizado há 10 anos, CD tem como temática a sanfona e dele participam praticamente todos os nomes importantes da música nordestina.
Por José Teles
Cearense, do Crato, Sertão do Araripe, Xico Bizerra idealizou, há dez anos, o projeto Forroboxote. O oitavo CD da série chama atenção a qualidade gráfica dos discos do projeto. Este oitavo Forroboxote, cujo título é Com a sanfona agarrada no peito, tem antológicas caricaturas de todos os que participaram do álbum, inclusive dos três homenageados – Sivuca, Dominguinhos e Luiz Gonzaga. “Entendo que um disco, para ser considerado bem produzido, além dos músicos, dos intérpretes, do repertório e do estúdio, tem que ter uma boa capa, uma boa embalagem. Desta feita, contei com o auxílio luxuosíssimo de Ana Rios e de Humberto Araújo”, diz o organizador.
Tem-se a impressão de que o compositor já conhecia os artistas há anos, daí foi só convocá-los para a gravação. Mas não foi bem assim, conforme ele conta: “Até então, conhecia na condição de fã a maioria deles. Depois do primeiro disco essa condição se ampliou, e hoje posso dizer que sou amigo de quase todos os nossos grandes cantadores de forró”.
Embora o forró seja seu forte, Xico Bizerra aos poucos vem incursionando por outros gêneros musicais, inclusive o frevo. É de se perguntar: será que vem algum Forrobofrevo por aí? “As pessoas às vezes me cobram isso. Na verdade, poderia me considerar um especialista em forró, mas também faço frevos, sambas, choros, valsas, canções. Tenho participado de alguns festivais com músicas que não forró e a experiência tem sido gratificante. No próximo ano talvez faça um disco comemorativo dos 10 anos, mostrando esse lado. Seriam cinco faixas de cada ritmo, divididas em Xico do forró, Xico do samba e choro, Xico das canções e Xico do Carnaval. Por enquanto é só um projeto que vagueia na minha cabeça. Mas, para ser sincero, gosto mesmo é de nossa música regional, do nosso xote, do baião e de um arrasta-pezinho”.
Reunir tanta gente em torno de um projeto certamente tem suas dificuldades. Xico Bizerra chuta a modéstia para escanteio e afirma que os cantores e músicos comparecem porque a música que lhes é oferecida é de boa qualidade. “Infelizmente, a cada disco, tenho que me justificar pelo não convite a alguns para dele participarem. Infelizmente, digo-lhes, e é verdade, da limitação física de um disco, onde só cabem 14, 15 faixas. O processo de feitura de um disco como os meus, ou o Asas (da América, de Carlos Fernando), por exemplo, é um pouco mais complicado desde a elaboração dos arranjos, da marcação de estúdio, compatibilização de horários etc. A evolução da informática também é parceira no processo: hoje, um disco pode ser totalmente gravado sem que os músicos e intérpretes se encontrem. No Forroboxote 6, por exemplo, gravei as bases aqui no Recife e fui pro Sertão pra colocar as vozes dos intérpretes, todos residente na região do Araripe”.
A cada ano a série aumenta seus títulos, e o compositor garante que não tem dificuldades para formar um repertório: “Sou aposentado, e meu tempo pode ser integralmente dedicado à música. Daí o estoque suficiente para um disco de 13, 14 faixas por ano, além das cedidas para outros discos e que não constam nos Forroboxotes. Hoje, tenho música gravada por 172 vozes diferentes, em vários Estados brasileiros – Rio, SP, MG, GO, BA e todo o Nordeste.
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