A intérprete que impulsionou a carreira de Milton Nascimento, João Bosco e Fagner. Essa era Elis Regina.
Por Bruno Mazieri
Era 1982 e o Brasil estava prestes a conferir o lançamento do filme de E.T., de Steven Spielberg e a inauguração do sambódromo do Rio de Janeiro (ambos em dezembro). Porém, o fato que talvez tenha mais marcado os brasileiros, naquele ano, foi a morte da cantora Elis Regina de Carvalho Costa ou, simplesmente, Elis.
No próximo dia 19, faz exatos 30 anos que a “Pimentinha”, como foi batizada - por assim dizer - por Vinícius de Moraes, foi encontrada morta no quarto de seu apartamento, em São Paulo, deixando órfãos seus três filhos (Pedro, João Marcelo e Maria Rita), além de uma legião de fãs.
Elis faleceu em São Paulo em 1982, depois de misturar bebida alcóolica com tranquilizantes. Seus três filhos atuam no ramo musical. João Marcelo Bôscoli é fundador da gravadora Trama e Pedro Mariano e Maria Rita são cantores.
Para a cantora amazonense Márcia Siqueira, Elis era uma artista única e incomparável. “Uma pessoa que consegue eternizar o seu trabalho, como ela fez, é de uma importância tamanha. Não apenas para as cantoras, mas em um geral. Ela é uma referência e uma escola”, afirma.
Confirmando o dito por Márcia, a também cantora Lucilene Castro vai além e declara que ela faz parte de uma geração de grandes artistas. “Ela cantava rock, samba, baladinha e tudo isso com uma propriedade única. Ela vem junto a importantes nomes como Maria Bethânia, por exemplo. Mas sem dúvida ela se destacava em absoluto”.
Como a maioria dos brasileiros, os artistas também receberam a notícia da morte da artista como um “choque”. O cantor Serginho Queiroz lembra que estava no Diretório Central Estudantil (DCE), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
“Lembro que estávamos conversando e, de repente, fez-se um silêncio. Apesar de ainda não cantar profissionalmente a época, pegamos um violão que estava por lá e começamos a lembrar das canções gravadas por ela. Era mais choro que cantoria, na verdade”.
Márcia Siqueira conta que tem vagas recordações, mas o fato causou um impacto muito grande. “As revistas e jornais só falavam disso. O Brasil meio que parou para receber aquela notícia”, conta.
Tributos
Em comum, os três artistas já realizaram tributos à cantora. Lucilene Castrou apresentou o “Viajando no comenta Elis”; Serginho Queiroz fez uma temporada, em 2002, no Teatro Instalação com “Brasil saudades de Elis”, parafraseando o LP da cantora intitulado “Elis saudades do Brasil” e; Márcia Siqueira mostrou o celebrado “Nós, Voz, Elis”.
2 comentários:
Agora, todos falam bem. O que o tempo não faz...à época, a própria reclamava da incompreensão da mídia e das críticas ao seu temperamento forte e decisivo. Elis não era uma pessoa fácil, nem tampouco medíocre. Era necessário compreendê-la em sua genialidade. Mas há muita hipocrisia. De repertório irregular, mas com um temperamento e uma voz poderosos, ela surpreendeu meio mundo com o seu tirocínio e capacidade de acomodação à nova forma de comunicação que se firmava no horizonte midiático brasileiro de então: a televisão. Ninguém explorou com tanta certeza e talento o uso da própria imagem. Enfim, uma cantora moderna e envolvente. Saudade que se firma a cada dia e a certeza da absoluta ausência de alguém que chegue perto do seu imenso talento e criatividade. Que aquela voz linda, límpida e poderosa esteja alegrando lá em cima, na companhia certeira de Cartola, Clara Nunes, Maysa, Elizeth Cardoso, Núbia Lafayette e tantas e tantas outras maravilhosas intérpretes do cancioneiro popular brasileiro.
Josué vicente,que injustiça dizer que o repetório da Elis era irregular.Quase tudo que ela cantou virou clássico.
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