Os forrozeiros João Silva, Luizinho Calixto, Alcymar Monteiro e Maciel Melo lançam novos disco para enfrentar a onda da fuleiragem music
O forró autêntico hoje luta taco a taco contra as bandas de fuleiragem music e saem ganhando porque continuam lançando discos, a maioria de boa qualidade. É o caso de Maciel Melo, um talento inegável, que este ano vem de Debaixo do meu chapéu, um dos melhores lançamentos desta safra. Renovador do forró nos anos 90, Maciel continua inovando sutilmente.
Debaixo do meu chapéu começa com Quixadá, um maxixe (em parceria com José Viana), e termina com uma valsa, Sanfona dourada (parceria póstuma com Luiz Gonzaga, para um projeto do baiano Gereba). Entre uma e outra ele vai de xote, baião, arrasta-pé, presta homenagens ao forró clássico, com um pot-pourri em que canta Assisão (Esquenta moreninha), Gonzaga/Zé Dantas (Noites brasileiras), e Onildo Almeida (Aproveita gente). Ele também inicia uma parceria com Geraldo Azevedo, com Duas caravelas, e canta um xote meio esquecido de Gilberto Gil, Chororô. Disco para ser ouvido ou dançado o ano inteiro. Vale lembrar que apesar de ter sua origem “debaixo do barro do chão”, com o canta Gilberto Gil, Maciel Melo não dispensa instrumentos plugados na tomada, e em busca de uma diferenciação de sonoridades, dois mestres da sanfona revezam-se no disco, Genaro e Adelson Viana.
O arcoverdense João Silva está entre os compositores clássicos do forró. Assim como Maciel Melo, conhece bem o idioma para não se limitar a xote românticos. Nação forrozeira é um baião daqueles que dá vontade de poder escutá-lo com Luiz Gonzaga. Mas João Silva canta bem, com um fraseado certeiro, e um timbre agreste. Acompanhado por alguns dos melhores instrumentistas do gênero, Sertão puro é um disco de forró vintage, com perdão do termo pedante. Mas não há um equivalente para este trabalho, que lembra os grandes álbuns de forró que se gravavam até os anos 60.
Vale ressaltar, que João Silva canta um repertório de composições inéditas, todas de qualidade irretocável, a exemplo, de Bodo Bodocó (pareceria com José Maria Marques), mais outra que Gonzagão pediria para gravar assim que a escutasse, o mesmo para Fique linda e bote cheiro, um xote que lembra menestrel do sol (Humberto Teixeira).
Alcymar Monteiro vem de DVD, e CD, Tradição & tradução (Ingazeira Discos), gravado no Marco Zero, no ano passado. O palco é o seu habitat. Ele traduz a tradição cantando com acompanhamento que tem guitarras, cavaquinho,s percussão de efeito, baixo elétrico, ao lado com os instrumentos tradicionais do forró. Mas este não é apenas um DVD (e CD), de forró. Chega a ser didático, pois o cantor faz uma panorâmica da música nordestina, em geral, e pernambucana em particular. Trazendo para o palco uma trinca de tocadores de oito baixos impecável, Arlindo, Zé e Luizinho Calixto. Outra convidada é Lia, nesta festa que termina com frevo.
Muitos forrozeiros torcem o nariz quando André Rio grava forró. Mas ele faz isso há tanto tempo, que as críticas não tem mais razão de ser. É certo que ele ainda tem cacoetes da época em que animava carnavais fora de época na Avenida Boa Viagem, ao mesmo tempo este período o deixou com um pique ao vivo, que ele não consegue com a mesma energia passar para discos de estúdio. Registro de shows realizados no Brasil e no exterior, em junho do ano passado, Rapsódia nordestina é um disco para alegrar a festa.
O repertório está equilibrado, com músicas autorais e regravações de nomes como Bráulio Tavares, Zé Ramalho, Carlos Pita, Dominguinhos, Nando Cordel e naturalmente Luiz Gonzaga. Um disco que é um convite à dança, coisa que o São João não pede, exige.
A capa do CD Discoteca do Calixto vol.2, pode levar a equívocos: mostra uma sanfona, e um casal dançando o que mais parece um tango lascivo. É a única falha no disco de um dos mestres do fole de oito baixos, Luizinho Calixto, que vem de uma família de tocadores de pé de bode do primeiro time, irmão de Bastinho e de Zé Calixto.
Infelizmente, o luxuoso Jacinto Silva no coração gente, produzido pela Link, um tributo a jacinto Silva, prestado por, entre outros, Tom Zé, Maciel Melo, Xangai, Josildo Sá é um brinde da empresa, com poucas cópias à venda na Passa Disco. Talvez ainda reste algumas.
Do forró pé de serra às misturas de ritmos
Discos bem produzidos com belas capas ou de produção irregular e capas de design primário. Tem de tudo nos lançamentos que os forrozeiros prepararam para animar o São João 2010
Um pecado capital de grande parte dos discos do chamado forró pé de serra é o péssimo design das capas. São trabalhos lançados no mercado na base do deixa-que-eu-chuto. É o caso do CD Maria Forrozeira, Vol. 1. A capa é péssima, mas o disco é bom, com algumas faixas que se aproximam nas letras das desditadas bandas. Mas o grupo vai além do xote. Arrasta-pé, xaxado, o grupo incursiona por várias facetas do forró, em algumas faixas com balanço irresistível, feito Tililingo, de Almira Castilho. O time de músicos garante a qualidade. Estão no CD a sanfona de Beto Hortiz, a guitarra de João Netto, a percussão de Quartinha, o baixo de Mongol.
Nádia Maia celebra seus 15 anos de forró com um CD bem-acabado, inclusive no design da capa. A maioria das 19 faixas capricha no tema romântico. Nada contra canções de amor, mas acaba cansando. Mesmo com a participação de Dominguinhos, na ótima Algodão doce (Accioly Neto). É emblemático que quase todas as músicas que não insistem no “romantismo” sejam assinada por veteranos: Onildo Almeida (Vamos misturar), João Silva (Nação forrozeira), J. Michiles (Festa fogueteira). Mais um ponto a favor, pelo menos não se ouve xote faixa por faixa, há outros itens da prateleira do forró.
Valdir Santos é um dos destaques da nova geração de forrozeiros de Caruaru. Sua música já alcançou outros países e ele tem feito turnês pela Europa, mas continua pouco conhecido na capital. Seu mais recente disco é o Projeto outra via, no qual o forró se une à poesia de Dja Vasconcelos e Demóstenes Félix. Este é quase um projeto paralelo dos três, algumas faixas estão mais para o que se convencionou chamar de “cantoria”, música de forte apelo sertanejo de Xangai ou Vital Farias. Com exceção de alguns xotes bem balançados, este disco está mais para MPB.
Fátima Marinho vem este ano com Festa junina, um disco feito para a festa, com marchinhas, cocos, xotes, mais inclinado às raízes, ao folclore. No disco há até um pot-pourri de acorda povo. Fátima Marinho está no forró desde 1985, fez um disco bom, que merecia uma produção de estúdio mais apurada.
Dois bons CDs dos herdeiros da Mestre Ambrósio
Nos anos 90, a Mestre Ambrósio batizou uma nova vertente do forró, o pé de calçada, com a rabeca unindo-se à sanfona. O grupo durou pouco, mas fez amigos e influenciou pessoas. Dois destes acabam de ser lançados Na caixinha, com o Forró de Cana, e Luz do baião, de Cláudio Rabeca (ambos com patrocínio do Funcultura).
O Forró de Cana faz o link entre o pé de serra, no xote J. Borges, e o cavalo-marinho, em Acende a candeia. Em Carrinho de rolimã, se mostra como estes dois estilos musicais estão tão próximos. Um Mestre Ambrósio mais acelerado.
Integrante do atuante Quarteto Olinda, Cláudio Rabeca vai além do forró, é um virtuoso do instrumento, e fez um disco solo irretocável, passeando pelos diversos ritmos pernambucanos, do samba de matuto, frevo, ao maracatu, (a belíssima Rei Bantu, de Zé Dantas/Gonzagão). A maioria das faixas é assinada por Cláudio Rabeca, algumas com parcerias.
1 comentários:
Oi querido, o seu pedido, um deles, claro que eu não digo qual é...rs vai ter que ouvir no domingão tá??? das 8 s 10, mais presisamente no bloco das 9...rsrs abraço
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