quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

QUASE NÃO HÁ NOVIDADES NA FOLIA

Alceu Valença, Alcymar Monteiro e André Rio estão entre os poucos artistas que lançaram música nova para o Carnaval deste ano.

Por José Teles

Frevo da Lua, parceria com Maurício Oliveira e Gabriel Moura, foi a única música gravada por Alceu Valença para o Carnaval 2010. Detalhe: não saiu em disco. Está disponível no site oficial do cantor, para ser baixada gratuitamente. André Rio, outro veterano animador da folia pernambucana, assim como Alceu, gravou apenas um frevo-canção para este Carnaval, paradoxalmente chamado de Pernambuco frevando para o mundo, que não sai em disco, e está igualmente liberado para download na página de Rio na internet.

Há 20 anos, no ramo, remanescente da extinta rede Aky Discos, Reginaldo Fernandes, gerente da Sol CD, na Siqueira Campos, Santo Antônio, uma das poucas que restaram no Centro, afirma que nestas duas décadas não lembra de um ano em que se lançaram tão poucos títulos de frevo. “Teve um disco do Bloco das Flores, de Alcymar, de Almir Rouche, Gustavo Travassos, mas chegam muito em cima do Carnaval”, comenta Fernandes, acrescentando: “O que sempre sai muito é aquele de Capiba, 25 anos de frevo. Eu mesmo encomendei mil cópias. Teve o nome dele vende, sempre tem coletânea nova dele a cada ano. Claudionor Germano também vende bem”.

Os discos na Sol CD tem precinhos camaradas, em média R$9,99: “Tem uns mais caros, mas até que vendem bem, feito o disco 100 anos de frevo, da Biscoito Fino. O da orquestra de Spok também vende bem”, diz Fernandes, reafirmando que disco de Carnaval vende, faltam mais títulos, e mais divulgação. Ali perto, na Oficina da Música, na avenida Guararapes, especializada em música pernambucana em geral, a oferta de títulos de frevo é grande. “Mas não tem muita coisa nova, não”, diz o vendedor Maicom Tavares, que em 16 anos neste comércio, confirma que são muito poucas as novidades: “Tem o Bloco das Flores, este outro Marinho do Recife, O galo canta. Ele canta no Galo e está acompanhado pela orquestra do clube”. Também ali, Capiba, falecido em 1967, é o campeão de vendagem com um disco gravado em 1959, para o Carnaval de 50 anos atrás, na extinta Rozenblit: “Pode sair com qualquer capa, mas sempre vende bem. Como vende esta coletânea”, aponta ele para um disco da série 20 Supersucessos, da Polydisc, que também relançou coletâneas de marchas-de-bloco e frevos-de-rua.

O grupo Patusco não tem axé no repertório, mas o espírito é o mesmo dos baianos, ou seja, de levar o público à dança. A Patusco, cujo estilo é definido como “escola de samba”, mas é na verdade uma banda de baile de carnaval, com muita percussão. Patusco lançou CD e DVD que mistura o sambão carioca, com frevo, manguebeat, Jorge Ben Jor, o que interessa é animar a festa. A Orquestra Popular da Bomba do Hemetério não veio com novidades para o Carnaval, a não ser um CD ao vivo, que é o áudio do DVD que lançaram no ano passado.

Novidade de frevo vem do Rio de Janeiro, com o disco Frevo diabo, também nome do grupo que o gravou (por sua vez composição de Edu Lobo e Chico Buarque) tendo como núcleo o carioca Daniel Marques, e o pernambucano Armando Lobo (que no Recife, no começo dos anos 90, foi da Santa Boêmia, banda de relativo sucesso na época). O repertório da Frevo Diabo é formado por frevos de Edu Lobo, Chico Buarque, Capiba, Guinga e Aldir Blanc e autorais. Bem cantados e arranjados, por Armando Lobo, que entende de frevo. O que a Frevo Diabo tem de original é ser a primeira banda especializada em frevos na história do gênero.

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