Por Nelson Motta
No Jornal da Globo, na primeira coluna de 2010 (sáb, 02/01/10), Nelson Motta conta quem fez história na música brasileira no ano que acaba de terminar:
"Mesmo com a crise econômica, a indústria do disco resiste, se transforma e corre atrás do prejuízo. A música não pode parar. O jeito de ouvir e ganhar dinheiro com ela é que está mudando rapidamente.
No Brasil, uma revelação e uma continuação. Uma consagração e uma ressurreição marcaram o ano musical.
Paulista de 23 anos, baixinha marrenta, extremamente musical, Maria Gadu canta e compõe muito bem, com muito estilo e personalidade. Já no seu disco de estreia, anuncia um futuro brilhante no nosso concorridíssimo mercado de cantoras e compositoras. É a grande revelação do ano.
Se o sucesso da Maria Gadu é a novidade, o de Adriana Calcanhoto é a continuidade. Com o lançamento de “Partimpim Dois”, ela fez um disco ainda melhor do que o primeiro, que já era o máximo em matéria de músicas para crianças, mas crianças inteligentes.
Também foi o ano da ressurreição de Wilson Simonal. Um dos maiores cantores brasileiros de todos os tempos, morreu no ostracismo e renasceu artisticamente num espetacular sucesso do documentário “Ninguém sabe o duro que dei”, com a excelente biografia, “A vida e o veneno de Wilson Simonal”, de Ricardo Alexandre, e com o disco tributo, gravado pelos maiores nomes do nosso pop. O melhor de tudo, o relançamento de toda sua discografia estava banida das lojas.
Amigo e companheiro de geração de Simonal, Erasmo Carlos fez o caminho inverso e só fez crescer como compositor e como pessoa num reconhecimento do público, da crítica e dos seus colegas e retribuiu com um grande disco e uma turnê que levava alegria e emoção aos incontáveis fãs do nosso querido Tremendão."
Seria um pássaro? Seria uma atriz? Uma entidade? Há quarenta anos, Maria Bethânia constrói uma das carreiras mais brilhantes da música brasileira. Sem altos e baixos e indo cada vez mais fundo e mais alto. Sem nenhuma concessão a nada que não seja a sua arte. Dessa vez, ela lançou dois discos ao mesmo tempo, um para o corpo e outro para alma, cada um mais bonito que o outro. É o ano da consagração de Maria Bethânia. Como se ela ainda precisasse disso.
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Com todas as facilidades da tecnologia, nunca se produziu tanta música no Brasil. Da melhor e da pior… É justamente esse o problema. Como encontrar entre montanhas de lixo musical digital, o que vale a pena ser ouvido? Como competir com a obra de grandes músicos que hoje está disponível na internet?
Um feliz Ano Novo a todos, com Diogo Nogueira, que renovou o samba com um grande disco “To fazendo a minha parte”. Que cada um faça a sua."
Talvez cada um tenha seu mérito ao ser citado pelo Nelson, principalmente o Simonal que depois dos longos anos de ostracismo teve seu reconhecimento bem depois de seu falecimento, porém em minha modesta opinião faltaram nomes como Mariana Aydar, Bruna Caran, Céu, Ana Cañas e outros nomes que não estão em evidência na Som Livre (como Maria Gadu) nem tem o espaço na mídia de uma Bethânia e uma Calcanhotto, mesmo tendo um trabalho tão bom ou melhor que muitos medalhões da MPB lançados em 2009. Na opinião de vocês quem se destacou em 2009?
Vídeo com a matéria:
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