Hoje completa-se 6 anos da morte do maior nome feminino do rock nacional da década de 50, Celly Campello.
Aos 15 anos, Celly Campello tornou-se a grande musa do rock nacional ao estourar, em todo o Brasil, com a canção Estúpido Cupido (versão de Stupid Cupid, de Neil Sedaka e Howard Greenfield). A canção foi lançada no programa de TV Campeões do Disco, em 1958.
Ao lado da irmão Sérgio - que, para lançar-se na carreira artística, trocou o nome para Tony - estrelou em 1959 o programa Crush em Hi-fi, primeira atração televisiva dedicada exclusivamente ao rock no Brasil.
A estréia em disco foi ainda em 58, dividindo um compacto com o irmão; no lado A, Celly cantava Handsome Man e no B Tony entoava Forgive Me (ambas da dupla Mario Genari Filho e Celeste Novais). Mas a garota já cantava desde criança, tendo sido estrela do rádio na cidade de Taubaté (SP).
Presença feminina mais forte, se não única, na geração primordial do rock nacional, Celly dividia as paradas de sucesso com nomes como Sergio Murilo, Carlos Gonzaga, Ronnie Cord, Baby Santiago e Dan Rockabilly. Sua fieira de hits (Banho de Lua, Túnel do Amor, Lacinhos Cor-de-Rosa, Biquini de Bolinha Amarelinha, Broto Legal, Hei Mama) exemplificaram à perfeição aquela fase da nossa música pop: romantismo ingênuo nas letras e na postura pessoal e repertório basicamente feito de versões de sucessos importados (quase todas as traduções eram feitas pelo compositor Fred Jorge).
Faltava aos roqueiros originais incorporar a brasilidade que viria, de forma ainda contida, na Jovem Guarda, e que explodiria na geração tropicalista.Eleita a Rainha do Rock (o rei era Sergio Murillo) em 1960 pela Revista do Rock, Celly também participou de vários filmes e ganhou diversos prêmios como os troféus Chico Viola e Roquete Pinto de melhor cantora.
O imenso sucesso que Celly fez no fim dos anos 50 e começo dos 60 não a impediu de desistir da carreira artística aos 20 anos de idade, quando casou-se com o contador José Eduardo Gomes Chacon, seu namorado desde a adolescência. Até nisso a cantora contrariou a "rebeldia" inerente ao rock, preferindo a pacata opção de cuidar dos filhos e do lar. A decisão, segundo consta, surpreendeu e contrariou o irmão Tony, que produzia seus discos e conduzia a carreira de Celly. Na verdade, talvez a cantora tenha demonstrado um senso de timing inesperado. Com o aparecimento de Roberto Carlos, em 63, com a (então) ousada É Proibido Fumar, e o advento da Jovem Guarda, em 1965, o roque cantado por Celly e sua turma passou a soar bobo, inofensivo. Embalada na nostalgia, a cantora chegou a fazer um comeback em 1976, quando por conta de uma novela da Rede Globo - Estúpido Cupido, grande sucesso de audiência que vinha puxado por seu hit de 1958 - seu nome voltou a ficar em evidência. Mesmo tendo gravado um disco (Celly Campello, de 1976) e feito algumas turnês, o sucesso de antes não voltou e sua carreira passou a resumir-se a apresentações esporádicas pelo interior de São Paulo.
Fica aqui então uma singela homenagem do Musicaria Brasil a essa mulher vanguardista e que mostrou que rock também poderia ser feito por garotas.
Esse discos foi sem dúvida alguma o disco de maior repercussão da Celly.
Celly Campello - Estúpido Cupido (1959)
Faixas:
01 - Estúpido cupido (Stupid Cupid)
02 - The Secret
03 - Muito Jovem (Just Young)
04 - Túnel do amor (Tunnel Of Love)
05 - Handsome Boy
06 - Who's Sorry Now
07 - Broto já sabe chorar (Heartaches At Sweet Sixteen)
08 - Fale-me com carinho (Dis-moi Quelque Chose)
09 - Querido cupido
10 - Tammy
11 - Melodie d'amour
12 - Lacinhos cor-de-rosa (Pink Shoe Laces)
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