sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

NADA DO QUE NÃO ERA ANTES QUANDO NÃO SOMOS MUTANTES... (40 ANOS)

Vou falar de uma lenda do Rock nacional: Os Mutantes. Recentemente, o grupo foi reformulado pelos irmãos Arnaldo (Teclado) e Sérgio Baptista (Guitarra) para três únicas apresentações, sendo a primeira no dia 22/05 e as outras duas na terra do Tio Sam, onde tocaram nos dias 21/07 em Nova York e 23/07 em Los Angeles. Da formação original não participam a cantora Rita Lee e o baixista Liminha. A cantora que está acompanhando os irmão Baptista é Zélian Ducan. Além de Dinho na bateria, a banda conta com os músicos Vinicius Junqueira (Baixo), Henrique Peters (outro teclado), o multiinstrumentista de 21 anos Vitor Alexandre, a percussionista Simone Soul e os backing vocals Fábio Reo e Esméria Bulgari.

A história dos precursores do Tropicalismo brasileiro começa no inicio da década de 60, com os irmãos Arnaldo Baptista e Sérgio Dias. Antes eles integravam o “Woodfaces”, que teve seu fim por divergências musicais, mas deu origem a formação que entraria para história do rock e da música brasileira. No ano de 1965, Rafael apresentou aos irmãos Baptista as cantoras Suely e Rita Lee Jones, que juntos formaram a banda “Six Sided Rocker”. Já no ano de 1966, Mogguy entra no lugar de Suely e rebatizados de “Os Seis”, lançam o compacto “Suicida / Apocalipse” pela Continental. No dia 15 de outubro do mesmo ano, participam do programa “Pequeno Mundo” de Ronnie Von, já sob o nome de “Os Mutantes”. Começava então o que se poderia chamar de psicodelia da música brasileira. Em 1967 participam do festival da Record com a música “Domingo no Parque”, ficando em segundo lugar. Com o sucesso a vista, eles gravam seu primeiro Lp em 1968 sob o título “Mutantes”. Com a boa repercussão que conseguiram, abrem-se às portas para o exterior, onde são convidados para tocar no ano de 1969 em Cannes, na França, no famoso Midem (Mercado Internacional de Discos e Editores Musicais). No mesmo ano foi lançado o segundo Lp, trazendo trabalhos magistrais como “Dom Quixote” e “Rita Lee”. Já em julho o grupo estreou o espetáculo “Planeta dos Mutantes” que misturava música, colagens lisérgicas e cenas bizarras. Para fechar o ano com chave de ouro, se apresentam na quarta edição do Festival Internacional da Canção, apresentando a música “Ando Meio Desligado“.


Na segunda quinzena de 1970, os Mutantes lançam o Lp “A Divina Comédia Ou Ando Meio Desligado”. A partir desse Lp o grupo contava com Ronaldo Leme (Dinho) na bateria. Com a nova formação foram ao famoso Olímpia, na França, e também aproveitaram para gravar algumas faixas em estúdios europeus. No inicio de 1971 são contratados pela Rede Globo para se apresentar no programa “Som Livre Exportação”. Ainda no mesmo ano soltam mais um Lp. “Jardim Elétrico” traz os maiores sucessos da banda, “Top Top”, “Virgínia” e “El Justiciero”. Desse álbum em diante, passam a contar com o novo baixista Arnalpho Lima (Liminha). Arnaldo Baptista se dedica aos teclados. O ano de 1971 acaba com muitas confusões para os Mutantes. Uma no programa do Flávio Cavalcanti e outra no programa de Hebe Camargo, onde Arnaldo se desentende com o também tecladista Caçulinha (hoje no programa do Faustão).

O ano de 1972 se inicia com o lançamento de “Mutantes e Seus Cometas no País dos Baurets”, que trouxe ainda problemas com a censura na faixa “Cabeludos Patriotas”. Eles são obrigados a trocar o nome da música e a letra (no mesmo álbum encontra-se a clássica “Balada do Louco”). No segundo semestre do mesmo ano lançam “Hoje é o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida”. Ainda no mesmo ano (72) participam do último Festival Internacional da Canção, que estava em sua sétima edição, com a música “Mande um Abraço Pra Velha”.

Após o festival, Rita Lee deixa os Mutantes, que continuam suas atividades. O ano de 1973 começa em alta voltagem, estreando em São Paulo o show “Mutantes” com 2000 Watts (potência na época comparável a do Pink Floyd). Com o sucesso do show, entram em estúdio para gravação do seu sexto álbum. A gravação é interrompida pela gravadora que opta por não lançar o Lp, alegando que o mesmo não é comercial, com letras que ultrapassavam sete minutos. Começavam então as primeiras crises internas com Arnaldo deixando a banda, dando a entrada de Manito (ex-Incríveis) que não permanece por muito tempo, assim como outros músicos que passaram pelos Mutantes. No ano de 1974, o grupo decide se mudar para Petrópolis, no Rio de Janeiro e assinam contrato com a Som Livre. Com material pronto pra ser lançado, o baixista Liminha deixa os Mutantes após discussão com Sérgio Dias. Com o novo baixista, Antonio Pedro de Medeiros, lançam o Lp “Tudo Foi Feito Pelo Sol”. Dois anos depois (1976), novas turbulências afetam a banda, dando as saídas de Túlio e Antonio Pedro. Em seus lugares entram Luciano Alves e Paul de Castro (ex-Veludo Elétrico). Com a nova formação estabilizada, dão inicio aos shows que resultam em um novo álbum ao vivo, sem muita repercussão.


O fim da década de 70 se aproxima e no ano de 1977 embarcam para Milão, na Itália, para algumas apresentações. Às vésperas do show, o tecladista Luciano Alves discute com Sérgio, deixando a banda em baixo astral. Ao retornar para o Brasil, Paul de Castro deixa a banda. No inicio de 1978, sem muitas expectativas, o grupo volta a ser um quinteto com a entrada de Fernando Gama e de sua esposa Betinha. Com a nova formação, Sérgio tenta (sem sucesso) resgatar a velha essência da banda, que havia ficado pra trás. E o inesperado acontece. No dia 06 de julho de 1978, o grupo faz seu último show, na cidade de Ribeirão Preto, encerrando as atividades dos Mutantes.

Quatorze anos depois (1992) os rumores de que os Mutantes poderiam voltar circulavam por todo o Brasil. Mas, o que aconteceu foi uma “jam” em um show de Rita Lee com os irmãos Baptista. Chegando ao fim do século XX, no ano de 1999, a gravadora Universal lança o prometido CD “Tecnicolor”, álbum gravado em 1970, no auge da carreira do grupo. Recentemente foram lançados sete CD`s dos Mutantes, remasterizados, todos com as capas originais e novos textos. O pacote ainda tem raridades como o trabalho, “A Banda Tropicalista do Duprat” de 1968, um disco do maestro Rogério Duprat, com a participação dos Mutantes e outras novidades (Rogério Duprat faleceu no fim do segundo semestre de 2006).

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