quinta-feira, 14 de abril de 2011

HYLDON, 60 ANOS DE MUITA MUSICALIDADE

Hyldon, um dos três grande vértices do soul brasileiro da década de 70, chega aos 60 anos no próximo dia 17.

Por Marcus Jacobson e Bruno Negromonte

O autor de sucessos como Na Rua na chuva na fazenda e as dores do Mundo que ficaram ainda mais conhecidas depois de regravadas respectivamente pelas bandas Kid Abelha e Jota Quest completa 60 anos no próximo dia 17. Seus grandes sucessos retornam às patreleiras das lojas de disco com o mais recente lançamento intitulado Hyldon Ao Vivo, lançado em Cd e Dvd (o primeiro do artista). O registro deste álbum e DVD veio em comemoração aos 35 anos de carreira fonográfica de Hyldon, tanto que das 19 faixas do DVD e/ou 13 do Cd, a maioria das canções não são inéditas. Uma característica peculiar nos álbuns do Hyldon são as alquimias que ele sempre vem procurando mostrar em seus álbuns, produzindo uma MPB com tinturas de funk e soul.

Nascido na Bahia, radicado no Rio de Janeiro e residindo atualmente em Teresópolis, o veterano Hyldon, formou com Tim Maia e Cassiano um dos movimentos mais significativos da música negra, a Soul Music Brasileira, quando o triunvirato freqüentava um barzinho em Copacabana chamado "Vagão" na década de 70. No violão, que passava de mão em mão, foram compostos vários sucessos que atravessaram o tempo como "I don´t know what to do with myself", parceria com Tim Maia.


Hyldon, desde jovem, já sentia a música correndo nas veias. Na adolescência interessou-se pela guitara elétrica e por Iê-iê-iê, por influência de seu primo Pedrinho (integrante do conjunto Os Fevers). Montou uma banda chamada Os Abelhas. Por essa época, sua mãe resolveu voltar para a Bahia. Aos 14 anos tocou guitarra na gravação do disco do conjunto Os Fevers. Logo depois (a convite de Mazzola) passou a trabalhar no selo Polydor (da gravadora PolyGram), como produtor de artistas novos, entre os quais Erasmo Carlos, Jerry Adriani, Wanderléa, Odair José, Adilson Ramos e Wanderley Cardoso, este último gravou de sua autoria "Chove, a natureza chora" e Roberto Livi interpretou "Eu me enganei".

Por essa época, junto com Cassiano, Camarão (irmão de Cassiano) e Amaro, formou o grupo Os Diagonais, grupo com o qual viajou por cidades baianas e mineiras. Trabalhou como guitarrista de Tony Tornado, Frank Landi e de Wilson Simonal. No ano de 1974, lançou o seu primeiro disco, um compacto simples com a canção "Na rua, na chuva, na fazenda - casinha de sapê", seu maior sucesso. No ano seguinte, lançou o seu segundo compacto, também com êxito, apresentando a música "As dores do mundo" Os dois sucessos o levaram a gravar um LP pela Polydor no mesmo ano, "Na rua, na chuva, na fazenda", no qual misturava elementos da música rural com o soul e foram incluídos os sucessos "Na rua, na chuva, na fazenda", "As dores do mundo" e "Na sombra de uma árvore".

Em 1976 gravou o LP "Deus, a natureza e a música". Disco que gravou com os músicos da banda Azymuth. Ainda deste disco destacaram-se as faixas "Pra dizer adeus" (Edu Lobo e Torquato Neto) na qual constou arranjo e performace do pianista Cristóvão Bastos (na época, integrante da Banda Black Rio) e "Primeira pessoa do singular", música de Hyldon com letra de Caetano Veloso. No ano de 1977 gravou o LP "Nossa história de amor". Disco no qual participaram Dominguinhos, Ed Lincoln, Maurício Einhorn e Zé Bodega. Gravou, com sua mulher Zoé Ruth, o disco infantil "A turminha do bebê". Por essa época, compôs o tema "O Seu Boneco é o terror", para o personagem do ator Lug de Paula, produzindo também o álbum.



No ano de 1998, a convite do poeta Sergio Natureza, participou dos shows em homenagem ao compositor Sérgio Sampaio. Neste mesmo ano, a gravadora Universal Music relançou o disco "Velhos camarada", coletânea que reuniu Cassiano, Tim Maia e Hyldon. No ano 2000 participou do show e do disco "Tributo a Tim Maia", lançado pela gravadora Som Livre. No ano seguinte, sua composição "Na rua, na chuva, na fazenda" interpretada pela dupla Cristian e Ralf entrou na trilha sonora da novela Amor e Ódio do SBT. Neste mesmo ano produziu e lançou o CD "Pra todo mundo cantar junto", disco no qual incluiu sucessos seus e de outros autores da MPB.

Em 2003, refez o disco "Deus, a natureza e a música". O LP que havia sido feito em 1976 como último disco de contrato com a gravadora, apesar de ter contado com músicos importantes na época: Oberdan Magalhães e Robson Jorge (ambos já falecidos) e ainda Banda Black Rio, Azymuth, Ed Maciel,
Jorginho da Flauta, Chacal, Tony Bizarro e cordas do Teatro Municipal regidas por Waltel Branco, o LP ficou um pouco aquém na qualidade técnica, agora refeita, (a mixagem e nova voz do cantor), além de serem incluídas três faixas-bônus: "Táxi pra Bahia", "Palavras de amor ao vento" e "Pelas ruas de Los Angeles", contando com músicos de renome como Zé Canuto e Paulinho Trompete.

Mesmo não tendo hoje o mesmo espaço na mídia como tinha na década de 70, o cantor e compositor baiano completa 60 anos continuando na ativa. Hyldon continua a se apresentar pelo Brasil afora e está mais vivo do que nunca no coração daqueles que se nutrem das mais belas letras e melodias de um gênero musical no qual ele foi um dos precursores (juntamente com Tim Maia e Cassiano).

Hoje, os três são, por muitos, considerados a santíssima trindade do soul no Brasil.

Parabéns Hyldon! Que Deus o cubra desaúde, felicidades, sucesso e inspiração para que nós possamos ouvir lindas letras e melodias.

1 comentários:

Anônimo disse...

Grande Hyldon!!!! Suas musicas vivem ate os dias de hoje. Saudades do tempo das boas musicas.

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