Por Carolina Santos
O segundo disco da carreira de um artista é visto como um momento de afirmação. Se o primeiro deu certo, a expectativa é que o segundo o supere. Se deu errado, também. Marcelo Camelo chega ao seu segundo disco em carreira solo sem pressões. Afinal, Toque dela já é o seu sexto, se contar os quatro álbuns com os Los Hermanos. Tematicamente é uma continuação de Sou, seu primeiro solo, de 2008, mas com uma produção mais cuidadosa. "Ao contrário de Sou, que foi gravado ao vivo, o novo disco foi gravado instrumento por instrumento. Deu para mexer mais. Gravei novamente com a Hurtmold, mesma banda que fez Sou", conta Marcelo.
O disco foi elaborado ao longo de 2010 e gravado na ponte aérea entre o Rio de Janeiro, onde Marcelo nasceu, e São Paulo, para onde se mudou para ficar mais perto da namorada, a cantora Mallu Magalhães. Para ajudar na composição dos metais, Camelo chamou um companheiro de Los Hermanos, o saxofonista Índio. Mas ainda não mostrou o álbum para os demais hermanos. "Acho que vou mandar o disco para eles depois", desconversa.
Nas primeiras ouvidas, Toque dela se apresenta como um conjunto sonoro bonito, porém insosso. A afinação e doçura da voz de Marcelo atingem o ápice no refrão de ÔÔ, cheio de vogais repetidas. A impressão que é tudo perfeitinho demais segue nas faixas seguintes, sem sobressaltos.
É na repeticão das músicas que Toque dela conquista. Os contornos da delicada instrumentação vão se revelando e as melodias passam a adquirir um certo sabor até despertarem apego. O amor que Camelo canta não é daqueles que arrebata. É um amor tranquilo, preguiçoso até, mas que agrada pela sensação de conforto, como é o caso da bela Acostumar. Tudo no álbum parece ser mais afinidade e rebuscamento do que paixão. Toque dela fica sempre na suave zona de conforto do que se conhece do trabalho de Camelo, preferindo a repeticão à renovacão.
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