sábado, 7 de fevereiro de 2009

OS HOMENAGEADOS DO CARNAVAL DO RECIFE EM 2009

Carlos Fernando
Carlos Fernando nasceu em Caruaru, mas há trinta anos vive no Rio de Janeiro. Ainda na década de 60, começou suas atividades artísticas como ator, no Teatro Amador de Caruaru. Veio morar no Recife em 1962 para trabalhar no Movimento de Cultura Popular (MCP), fundado por Abelardo da Hora, e localizado no Sítio da Trindade.
Nessa época participou de espetáculos teatrais nas periferias recifenses e em circo. O MCP, entretanto, foi dissolvido pelo golpe militar de 64. Dez anos depois, uma mudança daria início a sua carreira como compositor. Carlos chegou ao Rio de Janeiro em 1974, onde começou a fazer parcerias musicais com Geraldo Azevedo, Alceu Valença, Geraldo Amaral e outros. Foi produtor e compositor da série "Asas da América Frevo", ainda nas décadas de 1970 e 1980.
Em seu currículo, mais de 150 músicas se tornaram sucessos. Entre elas, inesquecíveis canções como "Banho de Cheiro" e "Canta Coração", na voz de Elba Ramalho. "Noites Olindenses", com Caetano Veloso. "Forrozear", interpretada por Gilberto Gil, e "Sou Eu o Teu Amor", uma homenagem a Cacho de Côco, interpretada por Gilberto Gil e Jackson do Pandeiro.
Recentemente, Carlos produziu e dirigiu o CD duplo 100 anos de frevo – é de perder o sapato, lançado durante o Projeto 100 Anos do Frevo, quando o ritmo recebeu do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan, o título de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro. Os arranjos são dos maestros Spok, Clóvis Pereira e Edson Rodrigues. Cantores participantes do calibre de Gilberto Gil, Lenine, Maria Bethânia, Maria Rita, Luiz Melodia, Wanessa da Mata e Antônio Carlos Nóbrega

Cícero Dias – artista plástico
Artista plástico, considerado um dos pioneiros do modernismo no Brasil, Cícero Dias nasceu no dia 05 de março de 1907, no Engenho Jundiá, município de Escada, Pernambuco, onde ainda menino teve os primeiros contatos com a pintura. De sua cidade natal, veio para o Recife e, em 1925, foi para o Rio de Janeiro, estudar arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes.
Foi no Rio que Cícero Dias estreou profissionalmente, expondo seus trabalhos pela primeira vez. A exposição aconteceu em 1928 no saguão de uma clínica médica porque, à época, havia grande desconfiança em torno do tipo de pintura que ele fazia e quase nenhuma galeria carioca tinha interesse pela arte moderna. A mostra não fez grande sucesso mas foi visitada por todos os modernistas, entre os quais Villa-Lobos, o poeta Murilo Mendes, o artista plástico Ismael Nery e outros.
Simpatizante do Partido Comunista, ele foi perseguido em 1937 quando Getúlio Vargas instalou a ditadura do Estado Novo. Era chamado pelas autoridades pernambucanas como "o artista que pinta retratos de Lênin a pedido de estudantes esquerdistas" e, por várias vezes, seu atelier no Recife foi invadido por tropas policiais. Foi aí que ele decidiu viver em Paris.
Desde que deixou Pernambuco, vinha anualmente ao Recife rever amigos e "preservar as raízes". Durante a Segunda Guerra Mundial, depois que o Brasil rompeu relações diplomáticas com a Alemanha nazista e a Itália fascista, ele foi preso na cidade alemã de Baden-Baden. No grupo, estava também o escritor Guimarães Rosa.
O motivo da prisão foi apenas o fato de ser brasileiro. Em seguida, numa ação diplomática, o grupo foi trocado por espiões nazistas que se encontravam presos no Brasil. Libertado, Dias seguiu para Portugal. No dia 27 de maio de 1998 foi condecorado com a Ordem Nacional do Mérito da França, maior honraria concedida pelo Estado francês.
Autor do primeiro mural abstrato da América Latina, feito em 1948 no prédio da Secretaria da Fazenda de Pernambuco, Cícero Dias fez grandes amigos na Europa. Um deles foi o pintor espanhol Pablo Picasso.
Autor de uma obra universal, exposta em centenas de países, nunca negou suas origens: "Toda minha obra foi fundada em Pernambuco, no início dos anos 20. Em mim, as raízes são mais fortes do que tudo".
Uma de suas principais obras no Recife é a Rosa dos Ventos. Fincada no ponto de origem da capital pernambucana, a obra faz parte do principal projeto artístico de Cícero Dias, "Eu vi o Mundo... Ele começava no Recife". O painel foi concluído em 2000, e situa-se na área central do Marco Zero. Possui cerca de 40 m² e tem em sua configuração pedras de quartzo e granito com pigmentação colorida. A obra foi a maneira encontrada pelo autor para descrever a origem do mundo a partir do Recife, utilizando elementos astrológicos, geométricos e intimistas.

Enéas Freire
Enéas Alves Freire "Neinha", nasceu no Recife, no dia 02 de dezembro de 1921, no Pátio do Terço, bairro de São José. Foi o sétimo e último filho do casal Enéas Garcia Freire e Bernardina de Lima Alves. O Pátio do Terço, naquela época, já era um pólo de animação do carnaval do Recife. Ainda criança, Enéas mudou-se para a Rua Padre Floriano, 41, onde morou até casar-se em 1946.
Naquela época, a Padre Floriano também já era um pólo de animação do Carnaval do bairro de São José e do Recife. Assim, podemos dizer que Enéas cresceu "brincando Carnaval". Foi nesta rua, no número 43, que, em 1978, juntamente com vários amigos, que "Neinha" fundou o maior bloco da terra: "O Galo da Madrugada", que entrou, em 1995, para o Livro dos Recordes - "GUINESS BOOK", como o maior Bloco de Carnaval do Mundo.
Mas o carnavalesco começou em 1938, quando fundou sua primeira agremiação: a troça "Papagaio Louro". Era o início de uma grande jornada dedicada ao Carnaval e à cultura popular do Recife. Enéas era casado com Maria do Carmo Travassos Freire, D. Carminha. O casal teve quatro filhos: José Mauro, Antônio Carlos, Ana Nery e Gustavo Henrique Travassos Freire, todos grandes foliões, como seus pais.
No ano de 1949, Enéas participou, junto com vários amigos, da fundação da "Escola de Samba Estudantes de São José". Nos carnavais das décadas de 40 e 50, formou vários grupos mascarados e fantasiados de palhaços, que se destacavam pela beleza das fantasias, especialmente as máscaras e coletes.
Já nas décadas de 50 e 60, comandou o Carnaval da Rua Padre Floriano, com o irmão Cláudio Freire, tornando aquela rua um dos melhores e mais animados pólos do carnaval de rua do bairro de São José e do Recife.
Profissionalmente, Enéas sempre atuou de maneira autônoma, como corretor de seguros e imóveis e representante de madeiras do sul do País. Em novembro de 1977, surgiu a idéia de criar um bloco carnavalesco, do bairro de São José, que tocasse exclusivamente frevos e outros ritmos originais e tradicionais de nosso carnaval. Foi assim que, no dia 24 de janeiro de 1978, junto com seus filhos, genro e amigos, fundou o CLUBE DAS MASCARAS O GALO DA MADRUGADA, que realizou o primeiro desfile já no carnaval de 1978, então com 75 participantes. "Clubes das Máscaras" porque todos os participantes deveriam sair fantasiados de almas, morcegos, palhaços etc., usando máscaras, como os antigos grupos de foliões das décadas de 40, 50 e 60. "Galo da Madrugada" porque o bloco saia às 05h da manhã do sábado de Zé Pereira, ouvindo o cantar do galo.
O objetivo do bloco era que às 08h da manhã os participantes já estivessem nas ruas do Centro do Recife ( Concórdia, Nova, Camboa do Carmo, Dantas Barreto, Guararapes, Duque de Caxias, etc), "brincando o carnaval" junto aos comerciários e comerciantes que estavam abrindo suas lojas para iniciar o "trabalho" no sábado de Carnaval.
No ano de 1981, Enéas criou o Baile dos Estandartes, que foi realizado no Clube Português do Recife por 13 anos consecutivos. Nos anos 80 e 90 realizou o desfile de "Banho à Fantasia de Papel", na Avenida Boa Viagem. Em 1983 realizou um Carnaval especial no bairro de São José, transformando o local em um imenso Palco Carnavalesco.
Em 1984 teve a coragem de inovar e colocar as Orquestras de Frevo em Trios Elétricos, para melhor atender aos milhares de foliões que já acompanhavam o "Galo da Madrugada". Em 1984 fundou o Bloco das Ilusões, em conjunto com sua esposa, diretores do "Galo da Madrugada" e outros amigos, entre eles: Fernando Azevedo, Fernando Bezerra, Dirceu Paiva, Marcos Macena, Nilzardo Carneiro Leão e Arnaldo Rocha.
Ainda em 1984, em pleno mês de maio, realizou um grande desfile em Boa Viagem recepcionando os participantes do Congresso Internacional das Agências de Viagem, realizado no Recife, pela ABAV – Associação Brasileira das Agências de Viagens.
Em 2007, ano do Centenário do Frevo, Enéas Freire foi homenageado no desfile da "Escola de Samba Mangueira", do Rio de Janeiro, que levou o Recife para a Marquês de Sapucaí.

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