sexta-feira, 9 de março de 2012

01 ANO SEM LULA CÔRTES

Em março de 2011 morria o cantor, compositor, poeta e artista plástico Lula Côrtes, deixando uma lacuna irreparável na arte pernambucana.





Luiz Augusto Martins Côrtes nasceu em Recife, no dia 09 de maio de 1949. Mais conhecido como Lula Côrtes poderia dizer que foi uma artista de múltiplas artes, pois além de cantar e compor também era poeta e pintor.



Inovou o jeito de fazer música no nordeste no início da década de 70 quando, em dupla com Lailson, lançou no início de 1973 o álbum Satwa, o primeiro disco independente da música brasileira moderna, além de ter sido um dos primeiros a fundir ritmos regionais nordestinos com o rock and roll, juntamente com Zé Ramalho e outros artistas.Este primeiro álbum de Lula chegou a ser relançado na década de 2000 nos Estados Unidos pela gravadora Time-Lag Records.


Em 1975, lança o raro e cultuado álbum Paêbirú em dupla com Zé Ramalho. Quase todas as cópias do álbum foram destruídas em uma inundação, tornando-o muito difícil de ser encontrado. O álbum foi relançado em 2005 pela gravadora alemã Shadoks Music, e em 2008 na Inglaterra pelo selo Mr. Bongo (MRBCD050).



Ainda em 1976 fez parte da banda de Alceu Valença. Após isso, gravou alguns álbuns solo pela gravadora Rozenblit que nunca foram lançados. Entre eles está Rosa de Sangue, que em 2009 foi finalmente lançado pela gravadora estadunidense Time-Lag Records (Time-Lag 041).

Em 1980 finalmente teve um álbum solo lançado, chamado O Gosto Novo da Vida, pela gravadora Ariola.

Durante a década de 1980, a maioria de seus trabalhos foram produzidos com a banda Má Companhia. Côrtes também não deixou de fazer algumas colaborações com Zé Ramalho em outros álbuns, incluindo o álbum de estreia do cantor de 1978, Zé Ramalho, o De Gosto de Água e de Amigos de 1985 e o Cidades e Lendas de 1996. Também publicou livros de poesia.

Vale salientar que ele desde criança desenhava todas as paisagens que via. Aos 15 anos começou a pintar a óleo, passando a freqüentar um atelier coletivo no Braz em São Paulo. Passou então, nessa época, a elaborar uma pintura absolutamente surrealista e psicodélica que chamou de “ATÍPICOS”. Definindo como organismos de uma “natureza inexistente”. De tempos em tempos, voltava a abordar esse tema. A primeira coleção de “Atípicos”, foi também a sua primeira mostra, feita em Juiz de Fora, com o resultado surpreendente de ter vendido todas as peças.

Mudou-se então para Juiz de Fora, pois lá o movimento pictórico era muito intenso. Começou a freqüentar a Galeria Celina, onde conheceu e conviveu com Carlos Bracher, um grande expoente da pintura mineira. A escola de pintura mineira o influenciou a retornar às paisagens. Sua segunda mostra foi no I Festival de Inverno de Ouro Preto, as paisagens tinham uma paleta bem surreal. Dessa época em diante passou a participar de todos os Festivais de Arte e Mostras Alternativas. Depois foi para o Rio de Janeiro, absolutamente engajado no movimento Beat Nick, morava e pintava nas praças e expunha nas ruas.

Foi a São Paulo e expôs na Praça Carlos Gomes junto a outros integrantes do mesmo movimento, dessa feita, a pintura se mesclava em paisagens, organismos e colagens. Retornou para Pernambuco e nesse período, em meio a outras atividades, como escritor, cantor e compositor, Lula pintava paisagens de Itamaracá, lugar que freqüentava assiduamente. Disto resultou a terceira mostra, que aconteceu na Casa Holanda e teve continuidade. Outras 15 exposições aconteceram. Nesta mesma época, fazia a primeira série de desenhos dos “Signos do Zodíaco”, que foi editada em São Paulo por Poster’s Esdras, que por conta da “repressão”, teve um mandato de apreensão e busca em todo território nacional, por serem representados por formas sensuais. Participou de uma das bienais de São Paulo nos anos 80.



Continuou seu trabalho com regularidade; pintando e desenhando com as mais variadas técnicas. Pintou painéis contendo paisagens do sertão, agreste, mangues e marinas. Dizia Lula: “O valor da paisagem pintada à óleo, ao meu ver, é que ali fica estampado não só o local, seus relevos, mas... é o mundo interior de cada pintor o que torna precioso cada quadro. A forma tão peculiar de cada homem ver e abordar o universo que habita. Com fidelidade, técnica, observação e emoção, unidos num só momento.” Seus desenhos e pinturas por vezes se fundiam, dando um resultado surpreendente. Assim se deu com as séries: “SIGNOS DO ZODÍACO” e “SEXO DAS PLANTAS”. O “Sexo das Plantas” foi, por assim dizer, um desenvolvimento dos “Atípicos”.

Na madrugada do dia 26 de março de 2011, Lula Côrtes faleceu aos 61 anos no Hospital Barão de Lucena no Recife.


Eis algumas de suas exposições mais representativas:


1969 – sua primeira exposição no Clube de Juiz de Fora em Minas Gerais – Coletiva com tema “ATÍPICOS”.

1994 - Exposição individual em São Paulo – Tema “Sonhos e Marinhas”.

1995 – “Expovisão” – Coletiva no Cabanga Iate Clube – Tema Paisagens Vistas do Cabanga.

1996 - Coletiva na Galeria Luannartes em Candeias – Temas variados.

1998 – Coletiva realizada pelo projeto Arte até Você. Sendo participante especial deste evento na Praça do Entroncamento – Temas variados.

1999 - Individual realizada no Centro de Convenções, através do projeto Arte até Você –– Tema “PAISAGENS PERNAMBUCANAS”, coleção composta por cento e duas telas à óleo e vários estudos. Alguns dos quadros da série foram levados para Portugal.
2000 - exposição individual realizada no MUPE Museu Pernambuco Integrado, com a retrospectiva de todo seu trabalho. –. Após esta exposição, passou a ser o curador do museu.

2001 – Exposição individual no MUPE Museu Pernambuco Integrado – Tema “PAISAGEM DOS CARNEIROS”.

2002 – Exposição individual no MUPE Museu Pernambuco Integrado – Tema “O IMAGINÁRIO DA PRAIA DOS CARNEIROS”.

2002 – Coletiva na Casa Cor Pernambuco no “Corredor de Arte” - Tema “COISAS QUE SE AMAM”, uma ramificação dos Atípicos. 2003 – Individual na OAB – Tema “AS FACES DA JUSTIÇA”.

2003 – Na Arte & Cia – exposição conjunta com a artista plástica Sônia Malta.

2004 Individual realizada na Sociedade Lula Côrtes - Tema “VULVARES”, uma ramificação dos Atípicos. Grande parte dessas telas foram adquiridas por colecionadores da arte brasileira. Entre eles personalidades como; Paulo Klein, que na época era curador da Galeria Renato Magalhães Gouveia e Anita Harlley Lundgren, que coleciona obras do artista desde os anos 70.

2007 – Exposição individual na Galeria Arte Plural – Tema “Sexo das Plantas”.




Discografia


Satwa (Rozenblit, 1973), com Lailson
Faixas:
01 - Satwa
02 - Can I Be Satwa
03 - Alegro Piradíssimo
04 - Lia, a Rainha da Noite
05 - Apacidonata
06 - Amigo
07 - Atom
08 - Blue do Cachorro Muito Louco
09 - Valsa dos Cogumelos
10 - Alegria do Povo


Paêbirú (Rozenblit, 1975), com Zé Ramalho
Faixas:
01 - Trilha de Sumé
02 - Culto à Terra
03 - Bailado das Muscarias
04 - Harpa dos Ares
05 - Não Existe Molhado Igual ao Pranto
06 - O M M
07 - Raga dos Raios
08 - Nas Paredes da Pedra Encantada
09 - Marácas de Fogo
10 - Louvação a Iemanjá
11 - Regato da Montanha
12 - Beira Mar
13 - Pedra Templo Animal
14 - Trilha de Sumé


Nordeste, Repente e Canção (Discos Marcus Pereira, 1975) (Participação na coletânea com uma música gravada em dupla com Zé Ramalho)


Rosa de Sangue (Rozenblit, não lançado na época, lançado em 2009 pela gravadora estadunidense Time-Lag Records)
Faixas:
01 - Lua viva
02 - Balada da calma
03 - Casaco de pedras
04 - Nordeste oriental
05 - Bahjan - oração para Shiva
06 - São tantas as trilhas
07 - Noite prêta
08 - Dos inimigos
09 - A pisada é essa


A Mística do Dinheiro (Rozenblit, nunca lançado)


O Pirata (gravado em São Paulo, também nunca lançado)


O Gosto Novo da Vida (Ariola, 1980)
Faixas:
01 - Desengano
02 - Dos Inimigos
03 - Lua Viva
04 - São Várias as Trilhas
05 - Patativa
06 - Canção da Chegada
07 - Quadrilha Atômica
08 - Brilhos e Mistérios
09 - Gira a Cabeça
10 - O Morcego


Bom Shankar Bolenath (Instrumental, Lula Côrtes e Jarbas Mariz) (1990)
Faixas:
01 - Balada para quem nunca morre
02 - Orvalho na paisagem
03 - Shotsy
04 - Valeu a pena
05 - Forró pro mundo inteiro
06 - Eu tentei
07 - Maracatu pesado
08 - Inverno I e II
09 - Tema para Christina


Lula Cortes & Má Companhia (1995)
Faixas:
01 - Reduzido à pó
02 - A tirana
03 - Meus caros amigos
04 - As estradas
05 - Nasce para chorar
06 - Balada do tempo perdido
07 - A força da canção
08 - Rock do segurança
09 - Os piratas
10 - O homem e o mar


A vida não é sopa (1997)
Faixas:
01 - Eu fiz pior
02 - Versos perversos
03 - A seca
04 - Israel
05 - O balada cavernosa
06 - O clone
07 - O indiozinho
08 - Tá faltando ar
09 - Qualquer merda
10 - Pense e dance

1 comentários:

LULINHA disse...

Obrigado por lembrarem de Lula Côrtes.
Só quero salientar que ele não morreu de um câncer na garganta. O Câncer estava controlado...

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