domingo, 17 de janeiro de 2016

LIVRO TRAÇA PANORAMA DO ROCK INDEPENDENTE NO BRASIL

Em 600 páginas, autor escreve perfis que contextualizam a música indie do país

Por Gabriel Albuquerque


Processo de pesquisa do livro durou sete meses e acumulou cerca de 220 horas de entrevista.


Vocalista e guitarrista da banda paulista Firefriend, Yury Hermuche lança hoje o livro Rcknrll – Outsiders, Viciados em Música, Procurando Confusão. A festa será às 18h no Caramiolas Lab, no 7º andar do Edf. Pernambuco (Av. Dantas Barreto, 324, Santo Antônio) e terá shows de D’Mingus, Zeca Viana e Verdes & Valterianos, além da própria Firefriend. O livro custa também está à venda no site www.rcknrll.com.br e custa R$ 60.

O livro traça um panorama das movimentações da música underground no país a partir de perfis de nove bandas de referência do cenário – Supercordas, Pin Ups, Forgotten Boys, Thee Butchers Orquestra, Giallos, Lê Almeida, entre outros. O processo de pesquisa durou sete meses e acumulou cerca de 220 horas de entrevista. Mais outras 300 bandas são citadas durante a leitura.

“Conversei com mais de 50 músicos e produtores e nós falamos sobre tudo: sexo, drogas, dinheiro, música, sucesso, underground, racismo, preconceito, imprensa, trabalho, traição, profissão, religião, brigas, amores, paixões. Sobre crescer e andar por aí. Falamos sobre essa sensação de ser diferente em um planeta confuso e violento. Sobre como o rock pode ser aquele prisma através do qual você olha para o mundo e começa a perceber as coisas de uma forma diferente”, conta Yury, que também é autor de outros quatro livros, entre romances e contos.

Escrito no formato de história narrada, Rcknrll diverte com histórias curiosas de bastidores. Mas o forte do livro é a contextualização política e cultural pós-regime militar no qual aquela geração estava inserida e que Yury, como objeto e personagem, retrata. 

“Eu queria incomodar, fazer as pessoas acordarem. Você não precisa de consistência pra fazer isso. Você só precisa de energia. E isso era o Pin Ups. Chegava no palco, era um horror. Era mesmo. Era briga. Eu já tive uma overdose em cima do palco. Era um barulho, uma coisa visceral. Era provocação pura”, conta Luiz Gustavo, vocalista da Pin Ups, em seu depoimento. Marco Butcher, da Thee Butchers Orchestra analisa: “O que tinha em volta era muito mais pop, adocicado, estava começando aquela bobagem de emocore, todo mundo super ensolarado e de shortinho. A gente fazia uma música bem mais adoentada, camisa de força. Acabou dando um tapa na orelha”.

Yury diz que já fará ainda um segundo volume, que incluirá a pernambucana Quarto Astral. “O meu foco com este livro foi descobrir porque essas pessoas se envolveram com o underground, com banda de rock independente, que viaja milhares de KM sem saber se vai conseguir o dinheiro pra voltar. Por que eles fazem essas músicas que parecem tão barulhentas e pouco comerciais e dão tanto sangue por isso? As histórias explicam”, conclui.

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