HISTÓRIA DE MINHAS MÚSICAS – 03
CHICO DAS ÁGUAS
Sempre tive a maior dificuldade de me posicionar a respeito da transposição do São Francisco. Como é um tema profundamente técnico, toda e qualquer explicação, a favor ou contra, só contribui para aumentar minha dúvida sobre os benefícios – ou não, que a medida traria.
Mas, convencidamente incapacitado de fazer uma avaliação técnica sobre o assunto, me reservei o direito de posicionar-me favoravelmente pelo simples fato de que a transposição levará água para quem não a tem. Ou seja, num raciocínio simplista mas que me convenceu: ainda que seja apenas uma gota d’água que vá saciar a sede de algum sertanejo sedento, valerá a pena.
Baseado nisso e por solicitação do saudoso Toinho, do Quinteto Violado fiz a letra da música, que hoje está gravada por Cristina Amaral – CD e DVD e pelo próprio Quinteto Violado.
CHICO DAS ÁGUAS
Toinho Alves e Xico Bizerra
velho chico, no fuxico de tuas águas
as minhas mágoas se afogaram em teu correr
na canoa em que eu faço a viagem
no silêncio da paisagem vejo tudo florescer
eu te pergunto: quantas lágrimas matutas
se derramaram pra que fosses lindo assim?
desde a canastra até a última morada
em que te entregas ao mar num amor sem fim
junto ao teu leito, ora largo, ora estreito
as tuas águas pintam de verde o sertão
dando festa na vida do sertanejo
olho para ti e vejo: tens alma e coração
ó velho chico, quantas sedes saciadas
por tantas bocas que viveram a te beber
chico das águas, chico amigo, são francisco
vem de alegria a minha vida abastecer
vem dar água de beber, matar a sede da gente
vem transformar a semente em fruto bom de se comer
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