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terça-feira, 31 de janeiro de 2017

RÁDIO MPB FM, DO RIO DE JANEIRO, SAIRÁ DO AR À MEIA-NOITE

Segundo apuração da coluna, todos os funcionários foram demitidos.

Por Leo Dias
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As últimas informações dos bastidores do entretenimento afirmam que a Rádio MPB FM sairá do ar hoje, à meia-noite. A emissora, que pertence ao Grupo Bandeirantes, teria demitido todos os funcionários. Segundo apuração da coluna, a Bandnews FM pode ocupar o dial de 90,3 FM.

Na internet, o site oficial da MPB FM já se encontra fora do ar. Nas redes sociais, ouvintes questionam sobre o encerramento das transmissões. A rádio foi fundada em 1994 com cobertura para praticamente todo o estado do Rio de Janeiro.

LENDO A CANÇÃO

Por Leonardo Davino*



Dois lados da canção


Exatamente por não ter a pretensão de ser plena, e por apontar algo íntimo ao gesto antropofágico (brasileiro), a definição de cultura que mais considero funcional é a de Lotman: "O conjunto de informações não-hereditárias, que as diversas coletividades da sociedade humana acumulam, conservam e transmitem" (In. Schnaiderman. Semiótica Russa, 1979, p.31).
Além de distinguir o acumular, o conversar e o transmitir, o semioticista russo destaca a não-hereditariedade. E é isso o que me interessa nesse conceito de cultura. Acredito que é este "sol que nasce, a cada dia / a cada aniversário / contra o que for hereditário", como cantam os Titãs, o que "sustenta" o conjunto de informações que compõem a(s) cultura(s). Este não-hereditário de Lotman me remete ao predomínio do materno, à problematização do patriarcado, à violência do instituto da herança patrilinear. Questões-base do pensamento oswaldiano.
Outro motivo da minha bem-querência em relação à definição de Lotman é a representação de cultura como uma estrutura horizontal, não-pré-hierarquizada, mas com uma hierarquia de códigos complexa, como rede sistêmica formada por definidores pontos de contato. Para o autor, "todo o material da história da cultura pode ser examinado sob o ponto de vista de uma determinada informação de conteúdo e sob o ponto de vista do sistema de códigos sociais, as quais permitem expressar esta informação por meio de determinados signos e torná-la patrimônio destas ou daquelas coletividades humanas" (p. 33). Daí que tudo é significativo: e o que é variável e o que é invariável na cultura?
Faço estas anotações para alicerçar meu comentário sobre a canção "Dois lados da canção", de José Luis Braga e Luiz Gabriel Lopes (Graveola e o Lixo Polifônico, 2009). Temos aqui a explosão do protocolo da assinatura autoral comum à cultura cancional contemporânea, pois o sujeito da canção parece investido do instinto caraíba, reescrevendo versos canônicos da canção popular. Por exemplo: "Hoje eu ouço as canções que você fez pra mim" transforma-se em "Quando eu ouço as canções que eu fiz pra você". Ou "Eu juro que é melhor / não ser o normal" ("Balada do louco") em "Eu juro que é melhor, enfim / eu juro vai ser melhor assim".
Seria o sujeito da canção "Dois lados da canção" o destinatário da canção "As canções que você fez pra mim", de Roberto Carlos e Erasmo Carlos? Pode ser. A mudança no tempo - "hoje" versus "quando" - é significativa. Enquanto o primeiro parece imóvel, fixo ("amanhã já é outro lugar"), o segundo sugere retorno, mobilidade e volta. É esse gesto de receber e conservar torcendo e distorcendo a informação o que parece caracterizar a "cultura brasileira".
Em tempos de inúmeras e confortáveis (econômica e esteticamente) releituras, reedições e regravações, tendo como base aquilo que Zeca Baleiro bem definiu como "É mais fácil mimeografar o passado que imprimir o futuro", "Dois lados da canção" se impõe como ácido antropofágico necessário ao acúmulo, à conservação e à transmissão da cultura, este palimpsesto infinito (Barthes).
As citações não se limitam ao campo da letra. O andamento melódico complexo é a bricolagem das linhas melódicas tanto da versão de Roberto Carlos, quanto da versão de Maria Bethânia para "As canções que você fez pra mim", com mais aproximação desta. Além disso, há um rascunho de imitação do registro vocal de Bethânia aqui e de Belchior ali, nada caricato, mas destronizante - convivência de temporalidades históricas distintas; agravamento da "crise do museu", daquilo que está tombado, canonizado, entronizado (Bakhtin).
O sujeito da canção, aqui, é um operador de relações intertextuais: diálogo entre sujeitos cancionais e da canção. Canções iluminando canções, rompendo a noção de linha evolutiva, naquilo que isso se refere a certo "passar o bastão" (hereditariedade). Continuidade e movimento a serviço da vivência sem centro dos "tênues fios" que ligam uma canção à outra. Esta relação afetiva e não submissa com o passado é decisiva: "pra que te esquecer / se o amor é tanto? / existo em você / por louco engano", diz o sujeito da canção. "Mas louco é quem me diz / E não é feliz / Eu sou feliz", ecoam os mutantes.


***

Dois lados da canção
(José Luis Braga / Luiz Gabriel Lopes)

quando eu ouço as canções que eu fiz pra você
o tempo vem dizer
o que o tempo deve ser
o espaço em que agora o meu passo chegar
vai dizer: - amanhã já é outro lugar

eu juro que é melhor, enfim
eu juro vai ser melhor assim

eu já não ligo mais para você
hoje não canto
não falo, não saio, não durmo bem
os tênues fios que me ligam a você estão hoje em prantos
e no entanto arriscamos tanto nos envolver

desligo você
nus, deslizamos
pra que te esquecer
se o amor é tanto?
existo em você
por louco engano




* Pesquisador de canção, ensaísta, especialista e mestre em Literatura Brasileira pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e doutor em Literatura Comparada, Leonardo também é autor do livro "Canção: a musa híbrida de Caetano Veloso" e está presente nos livros "Caetano e a filosofia", assim como também na coletânea "Muitos: outras leituras de Caetano Veloso". Além desses atributos é titular dos blogs "Lendo a canção", "Mirar e Ver", "365 Canções".

FRANCISCO PETRÔNIO, 10 ANOS DE SAUDADES

Foi motorista de táxi. Foi chamado pelo apresentador de Tv Airton Rodrigues de "A voz de veludo do Brasil".



Resultado de imagem para francisco petronioComeçou a carreira artística já com 37 anos de idade, em 1960, quando era motorista de táxi e ao transportar o amigo e radialista Nerino Silva, disse que gostaria de cantar. O amigo levou-o então para um teste nas Emissoras Associadas no qual foi aprovado e contratado por um período de 2 anos. Em 1961, começou a atuar profissionalmente nas Rádio e TV Tupi de São Paulo. No mesmo ano, gravou seu primeiro disco, pelo selo Chantecler, com o bolero "Agora", de Don Fabian e Paulo Augusto e o tango "Não me falem dela", de Jorge Moreira e Sebastião Ferreira da Silva com acompanhamento da orquestra Chantecler com regência do maestro Élcio Alvarez. Em 1962, transferiu-se para a gravadora Continental na qual permaneceu por mais de vinte anos levado pelo compositor sertanejo e produtor Diego Mulero, o Palmeira. No mesmo ano, gravou os boleros "Segredo", de Daniel Magalhães e Cid Magalhães e "Disfarce", de Umberto Silva, Luiz Mergulhão e Toso Gomes. Este disco levou o número 005 e fez parte da série 78-000, última em 78 rpm lançada pela Continental. Ainda no mesmo ano, gravou a "Balada do homem sem rumo", de Castro Perret e o "Bolero triste", de Paulo Augusto e Nízio. Também em 1962, gravou com Dilermano Reis o LP "Uma voz e um violão em serenata - Francisco Petrônio e Dilermano Rei", o primeiro de sua série de 7 LPs, com destaques para as valsas "Rapaziada do Braz", de Alberto Marino; "Arrependimento", de Gastão Lamounier e Olegário Mariano; "Tardes em Lindóia", de Zequinha de Abreu, "Se ela perguntar", de Dilermando Reis e Jair Amorim e "Ave Maria", de Erotides de Campos e a canção "Chão de estrelas", de Orestes Barbosa.


Em 1963, gravou os boleros "Caminho escuro", de Willy Sampaio Ruiz e Paulo Augusto e "Eu...te amo", de Paulo Augusto e Arquimedes Messina. No mesmo ano, gravou as canções "O amor mais puro", de Palmeira, com declamação de Almeida Passos e "Maria das bonecas", de sua autoria e Enzo de Almeida Passos, com declamação de Júlio Fernandes. Também no mesmo ano, gravou da dupla Palmeira e Mário Zan as canções "Natal da minha terra" e "Nova flor", um clássico da música sertaneja. Nesse mesmo ano, ganhou o troféu "Chico Viola", criado pela Tv Record, pela gravação da música "Romance". Também em 1963, gravou o segundo disco com o violonista Dilermando Reis, com destaque para "Sob o céu de Brasília", de Dilermando Reis e José Fortuna; "Última inspiração", de PeterPan; "Dois destinos", de Dilermando Reis e José Fortuna; "Revendo o passado", de Freire Júnior e "Lágrimas", de Cândido das Neves. Em 1964, gravou o bolero "Cigana", do compositor gaúcho Túlio Piva e a canção "Trono azul", de Gavote e Czibulca, com versão e adaptação de Palmeira e Alfredo Corleto, com acompanhamento de Élcio Álvares e sua orquestra. Ainda no mesmo ano, gravou um dos cinco últimos discos em 78 rpm lançados pela gravadora Continental, com a "Valsa dos namorados", de Silvino Neto e "Eu pago esta noite", de omenico Modugno e versão de Valdir Santos. Por essa época, passou a atuar como free lancer em rádios e tvs. Também em 1964, gravou o LP "O romântico", que trazia entre outras "Nova flor", de Palmeira e Mário Zan; "Cigana", de Túlio Piva e "Io che amo solo te", de Sergio Endrigo.



Em 1965, apresentou show no Cassino Estoril em Portugal. No mesmo ano, gravou o LP "Baile da saudade", cuja música título, de Palmeira e Zairo Marinoza, tornou-se seu maior sucesso. Com direção e produção de Palmeira, o disco tinha ainda como destaques as valsas "Branca", de Zequinha de Abreu e Duque de Abrante; "Bodas de prata", de Roberto Martins e Mário Rossi e "Eu sonhei que tu estavas tão linda", de Lamartine Babo e Francisco Matoso.

Por essa época passou a divulgar pelo Brasil o "Baile da saudade", promovido pelo "Clube da Saudade", especializando-se a partir de então em cantar serestas. Em 1966, foi contratado pela TV Globo onde passou a apresentar o progrma "Baile da saudade". Em 1968, passou a produzir seu próprio programa "Baile da saudade" que passou a apresentar na Rádio Gazeta. Atuou ainda nas Rádios Record e Nove de Julho. Nesse período criou a Orquestra da Saudade, contando com dançarinos para divulgar músicas de serestas pelo Brasil. 

Resultado de imagem para francisco petronioEm 1971, lançou o sexto volume da série "Uma voz e um violão em serenata", gravada com Dilermando Reis na Continental, com destaque para as músicas "Cantiga por Luciana", de Paulinho Tapajós e Edmundo Souto; "Laura", de Alcyr Pires Vermelho; "Ave Maria no morro", de Herivelto Martins; "Boneca", de Benedito Lacerda e Aldo Cabral e "Três lágrimas", de Ary Barroso. Dois anos depois, lançou com Dilermando Reis o sétimo volume da série "Uma voz e um violão em serenata" no qual cantou "Pierrot", de Joubert de Carvalho e Paschoal Carlos Magno; "Maria Betânia", de Capiba; "Maringa', de Joubert de Carvalho; "Modinha", de Sergio Bittencourt e "Último desejo", de Noel Rosa. Em 1976, gravou com o Conjunto Época de Ouro o LP "Tempo de seresta" com destaque para "Aos pés da cruz", de Marino Pinto e José Gonçalvez; "Fita amarela", de Noel Rosa; "Feitio de oração", de Noel Rosa e Vadico; "Felicidade", de "René Bittencourt"; "Meu romance", de J. Cascata e "Favela", de Hekel Tavares e Joracy Camargo. Em 1977, gravou o LP "Francisco Petrônio homenageia Francisco Alves', pela Continental reeditando antigos sucesso do "Rei da voz", como ficou conhecido Francisco Alves: "A voz do violão", de Francisco Alves e Haroldo Campos; "Boa noite, amor", de José Maria de Abreu e Francisco Mattoso; "A mulher que ficou na taça", de Francisco Alves e Orestes Barbosa e "Caminhemos", de Herivelto Martins.

Em 1978, gravou o LP "Tributo a carinhoso", com obras de Pixinguinha como "Carinhoso", com João de Barro e "Rosa"; além de "Lágrimas", de Cândido das Neves e "Lábios que beijei", de J. Cascata e Leonel Azevedo. Gravou dois LPs em italiano. Esteve por dois anos na RCA Victor e retornou em seguida para a Continental. 

Em 1995, gravou pela RGE o CD "Trinta anos de saudade". Em 1997, lançou o CD "Lembranças", também pela RGE. Em 2000, gravou o LP "Nostalgia Dela Terra nostra". Em 2003, continuou a apresentar seu programa "Baile da saudade", desta feita, na Rede Vida. Durante aproximadamente 40 anos dirigiu o "Baile da saudade", show no qual apresentava seus grandes sucessos, entre os quais, "Baile da saudade", "Agora" e "Não me falem dela".

NELSON AYRES, 70 ANOS


Pianista, arranjador e compositor, Nelson Ayres teve contato com a música desde pequeno. A mãe era pianista e, logo aos cinco anos de idade, ele ganhou seu primeiro instrumento. Apesar da influência materna, o fascínio por Luiz Gonzaga não lhe deixou dúvidas. Queria um acordeon. Sete anos depois, entrou no conservatório e finalmente decidiu seguir os passos da mãe.

Trocou o acordeon pelo piano, mas não restringiu seus estudos à música erudita. Começou as aulas com Paul Ursbach em 1959 e se enveredou pelos caminhos do jazz brasileiro e da Bossa Nova. A decisão valeu a pena. Anos depois gravaria com músicos como Dizzy Gillespie e Benny Carter. No Brasil, tocou com Chico Buarque, Milton Nascimento, César Camargo Mariano, Dori e Nana Caymmi.

Formou a São Paulo Dixieland Band em 1962, com a qual gravou seu primeiro álbum. Os trabalhos na banda duraram até 1968, quando já tocava havia um ano com Os Três Morais.

Foi nessa época que Nelson Ayres começou a diversificar seu trabalho. Largou a faculdade de Administração de Empresas da Fundação Getúlio Vargas e entrou de cabeça no mundo da música. Recebeu prêmios pelos arranjos de jingles e trilhas sonoras de propagandas e foi diretor musical da peça “Chiclete com Banana”, de Augusto Boal.

Apostou na aventura de estudar na afamada Berklee School of Music, em Boston (EUA), e se tornou, junto com Victor Assis Brasil, o primeiro brasileiro a entrar na instituição. Fez um pouco de tudo para bancar o curso.

Começou acompanhando strip-teases em clubes do porto da cidade e tocou em diversos conjuntos de jazz e rock. Ainda em solo americano – a estadia durou dois anos e meio –, acompanhou Astrud Gilberto e participou das apresentações da banda de Airto Moreira. Gravou com The Platters, Ron Carter e Flora Purim. Outros convites vieram, inclusive para integrar a banda de Buddy Rich, mas a saudade do arroz com feijão o trouxe de volta ao Brasil.

Ao chegar em casa, organizou seminários de estudo para músicos profissionais, um encontro semanal para troca de informações sobre teoria musical e técnicas de orquestração e interpretação. Em um desses eventos, surgiu a proposta de criar uma orquestra que funcionasse como um laboratório para músicos.

As reuniões aconteciam na casa nortuna Opus 2000, na capital paulista, e deram origem à Banda de Nelson Ayres. A idéia pegou e os vinte músicos que participavam do projeto empolgaram o público por oito anos. A formação era bem interessante, com destaque para os metais: cinco saxofones, quatro trompetes e quatro trombones. Em 1979, o arranjador lançou seu primeiro álbum solo, ano em que também organizou o I Festival de Jazz de São Paulo.

Nelson Ayres voltou aos palcos internacionais com a Banda Pau Brasil, cujo nome foi inspirado no “Manifesto Antropófago”, de Oswald de Andrade. Enquanto os conjuntos instrumentais do país bebiam na fonte do jazz, a Banda Pau Brasil mergulhava na música brasileira. Antes de deixar o grupo, Ayres gravou três discos e participou de diversas turnês pela Europa e Japão.

Em 1985, a convite de César Camargo Mariano, participou do projeto Prisma. Com dois tecladistas à frente de uma grande parafernália eletrônica, essa foi uma das primeiras iniciativas com o gênero eletrônico no Brasil. Sete anos depois, o pianista assumiu a regência e a direção artística da Orquestra Jazz Sinfônica, função que ocupou por nove anos.


Fonte: http://www.ejazz.com.br/

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

PAUTA MUSICAL: DIEGO FIGUEIREDO E AS LÁGRIMAS DE GEORGE BENSON

Por Laura Macedo

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Nascido em Franca (SP), em 1980, Diego Figueiredo estudou violão erudito, jazz e música popular, em conservatórios de Franca, Ribeirão Preto e Tatuí.

Quem o conhece apenas pelos seus primeiros trabalhos pode ter ficado com a errônea impressão de que ele é apenas um excelente guitarrista, mas Diego é também produtor, arranjador emultiinstrumentista, dominando com competência a arte de tocar guitarra, violão, cavaquinho, viola, bandolim e contra-baixo. Além do trabalho como instrumentista ele lançou o livro "Novos Padrões" (New Patterns), cujo foco é a improvisação, pela Editora Irmãos Vitale.

Seu talento começou a despontar quando exibiu-se em importantes festivais pela América Latina, a partir de 1999.

Já apresentou-se em vários países, como Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, Suécia, Bolívia, Dinamarca, Espanha, Argentina, Portugal e Suiça. Na Bolívia foi convidado pelo governo de La Paz para a realização de um show em homenagem a Tom Jobim, intitulado "Jobim de los Andes", e para gravação de um CD/DVD.

Considerado um dos melhores guitarristas da atualidade pela crítica especializada e músicos do quilate de Paulo Bellinati, Guinga, Roberto Menescal, Hermeto Pascoal, Paulinho Nogueira, George Berson, Al Di Meda, Pat Metheny...

Em 2005 foi aclamado pelo "Montreux Jazz Festival" um dos três maiores guitarristas do mundo e em 2007 conquistou o 2º lugar no "Montreux Jazz Guitar Competition", um dos concursos mais conceituados da atualidade que, nesta edição, foi presidido pelo guitarrista norte-americano George Benson.

Relata o jovem músico: "Foi uma honra muito grande. Eu me apresentei solo e com banda, tocando arranjos originais para 'standards jazz'. O momento mais marcante foi quando interpretei em guitarra solo o tema "Round Midnight". O George Benson chegou a chorar. Isso me emocionou muito também".

São inúmeras as emoções que experimentamos ao longo da nossa vida. No dia em que o ser humano deixar de emocionar-se, será que a vida terá sentido?

O comportamento altruístico (tão em desuso) nos leva a sentir, também, a emoção desse jovem músico ao perceber lágrimas na face do seu ídolo, emocionado com a sua performance.

Sem mais palavras... Só emoção...

01 - "Na baixa do sapateiro", de Ary Barroso


02 - "Lamentos do morro", de Garoto




Fonte de Pesquisa: Revista Violão PRO, números 15 e 16.

MINHAS DUAS ESTRELAS (PERY RIBEIRO E ANA DUARTE)*




02 - Cassino da Urca

Lembranças: viagem ao passado. Algumas imagens são bem nítidas. Fecho os olhos e me vejo no Cassino da Urca. Ao apagar das luzes, posso sentir o frio do corrimão dourado, a maciez do tapete ouro-velho, o perfume francês das mulheres no ar, e aí, do alto da escadaria, vejo mulheres lindas, homens elegantes em seus smokings e, o mais impressionante, os shows. Que maravilha de shows! Irrequieto como qualquer garoto de cinco anos, estou descendo de degrau em degrau, de bunda, a escada acarpetada até o final, subindo novamente e recomeçando a brincadeira, enquanto assisto aos shows de Jean Sablon, Josephine Baker, Charles Trenet, Carmen Miranda e, claro, de meus pais, Dalva e Herivelto. Entra a dupla de acrobatas Vicky and Joy : seus corpos, cobertos de purpurina dourada ou prateada, evoluem em câmera lenta, diante de meus olhos de criança, extasiados com a beleza dos movimentos. E as dançarinas, mulheres lindas de origem europeia, em geral muito altas, com figurinos muito ricos… Interessante: vejo agora que minha fixação por mulheres altas e loiras deve ter nascido aí, olhando as gringas. Assim, entrando pela porta dos artistas no Cassino da Urca, derrapando pelas escadas, fui apresentado ao mundo artístico de meus pais. O jogo nos cassinos funcionava a todo o vapor. Recebia turistas do Brasil e do exterior. Motoristas de táxi, garçons, crupiês, arrumadeiras, maîtres, músicos, bailarinos, cantores, cozinheiros, eletricistas. O jogo e os shows milionários davam trabalho a milhares de profissionais. Os espetáculos se alternavam entre os cassinos do país: Urca, Copacabana, Icaraí, Pampulha, Santos, Guarujá, Quitandinha. O Brasil assistia a grandes artistas internacionais: Pedro Vargas (México); Bing Crosby (eua); Yma Sumac (Peru); Trio Los Panchos (México), que gravou “Caminhemos”, de Herivelto, para a América Latina; da França, Jean Sablon, Charles Trenet, George Boulanger, Josephine Baker, que contracenou com Grande Otelo; nossa Carmen Miranda; entre tantos outros anônimos talentos vindos de todas as partes, trazendo brilho e alegria ao público, lotando os cassinos e criando no Brasil um polo do show business mundial. Morávamos na Urca, ao lado do Cassino. O dono, Joaquim Rolla, fazia questão de apresentar também shows com elenco nacional, a chamada “prata da casa”. Herivelto era o diretor artístico da parte nacional, ao lado de Carlos Machado. Junto com Chianca de Garcia, montou um dos maiores espetáculos já vistos no Rio: Vem, a Bahia te espera, com tema especialmente composto por eles e um dos maiores sucessos do Trio de Ouro. O show tinha a participação de Grande Otelo, nosso vizinho na Urca. Ele não saía lá de casa! Também eram nossos vizinhos Carmen Miranda, Dick Farney, 
Nelson Gonçalves, Lourdinha Bittencourt, entre outros artistas. A Urca foi um lugar fantástico nos anos 40, até perder o brilho quando o presidente recém-eleito, general Eurico Gaspar Dutra, em seu primeiro despacho, decretou, em 1946, o fechamento dos cassinos em todo o território nacional, deixando sem trabalho famílias inteiras de um exército de profissionais. O povo brasileiro e a classe artística, principalmente, se sentiram traídos, pois em campanha, quando já se especulava sobre o destino dos cassinos, Dutra prometeu jamais fazer isso. Muito se discute sobre os porquês dessa atitude, porém o que sempre vem à tona é que Dutra teria sucumbido à dona Santinha, sua mulher, conhecida carola. Em nossa pesquisa, nos aproximamos de uma personagem que viveu de perto toda essa história e pôde nos contar o que realmente se passou. Essa senhora — que nos pediu sigilo de seu nome — frequentava a mesma mesa de jogo que o filho de Santinha e do presidente Dutra. Ele jogava sem controle algum, vivia mergulhado em dívidas. A família acudia sempre. Comentava-se na época que chegaram ao ponto de vender a maravilhosa casa em que viviam na rua São Clemente, onde havia morado Rui Barbosa e hoje é um espaço cultural da cidade, para pagar suas dívidas de jogo. Daí a ojeriza de dona Santinha e do general Dutra pelo jogo, que consideravam coisa do diabo. Jamais assistirei novamente a cenas de tanta tristeza, revolta, indignação, sentimento de traição, como quando fecharam o Cassino da Urca. Famílias inteiras indo em romaria até o Palácio do Catete, então sede do governo federal, pedindo, implorando ao presidente. Chefes de família se suicidando, problemas de toda ordem. Tudo em vão. O Brasil, que era colorido, ficou cinza, negro, banhado em lágrimas. E, a partir daí, músicos, bailarinos, girls, contra-regras bus-caram outras soluções para poder continuar vivendo daquilo que sabiam fazer. Nasceram os espetáculos em nightclubs: Night and Day, Grill do Copacabana Palace, Cassino Atlântico. Surgiram os primeiros shows na praça Tiradentes, nos teatros João Caetano, Carlos Gomes e Recreio. Nessa fase, despontou o maior produtor de shows que este país conheceu. Walter Pinto foi o criador do Teatro de Revista, espetáculo de esquetes variados, reunindo cantores, humoristas, bailarinos e as vedetes. Nomes como Virgínia Lane, Eloína, Wilza Carla e Carmen Verônica estrelaram seus shows. Nessa época, mesmo que os artistas e compositores não morassem no mesmo bairro, a música popular brasileira era uma única e grande família. Todos se frequentavam, trocavam experiências. Nossa casa se tornou ponto de encontro de compositores, cantores, músicos, artistas de teatro, atraídos pela inteligência, pelo humor e espírito crítico de meu pai, no auge do sucesso do Trio de Ouro. Um compositor, apesar de sua tendência clássica, ia à nossa casa com frequência. Dizia: “Herivelto, como é possível, você não sabendo uma nota musical, tocando mal esse violão, ser autor de uma maravilha como ‘Ave Maria no morro’? Enquanto eu, formado, erudito, não consegui ainda fazer algo assim?”. Seu nome era Heitor Villa-Lobos. Amante da música popular brasileira, admirador do talento inato de Herivelto e apaixonado por Dalva, a quem considerava a maior cantora de todos os tempos, impressionadíssimo por sua voz, Villa-Lobos tinha personalidade forte e sistemática. Estava sempre tentando convencer Herivelto a estudar música. Quando diziam que Villa havia chegado, ele resmungava: “Lá vem aquele chato”. Mas havia muito respeito nessa intimidade, e Villa-Lobos, quando resolveu se mudar para a Europa, insistiu muito com Herivelto para ir também. “Fazer o que no estrangeiro?”, dizia Herivelto. “Não sei a língua deles, nem sei música, como você mesmo fala.” “Ora, Herivelto, com esse talento todo, basta estudar um pouco que terá a Europa a seus pés. E, não se esqueça, lá é o berço sagrado da música.” Mas meu pai não deu bola àquele convite para o berço da civilização ocidental.



* A presente obra é disponibilizada por nossa equipe, com o objetivo de oferecer conteúdo para uso parcial em pesquisas e estudos acadêmicos, bem como o simples teste da qualidade da obra, com o fim exclusivo de compra futura. É expressamente proibida e totalmente repudiável a venda, aluguel, ou quaisquer uso comercial do presente conteúdo.

REINO UNIDO REGISTRA RECORDE DE VENDAS DE DISCOS DE VINIL EM 25 ANOS

Em 2016, foram vendidos mais de 3,2 milhões de LP's no Reino Unido; 'Blackstar', de David Bowie, foi o mais vendido


David Bowie liderou a venda de discos em 2016. (foto: Reprodução)


A ressurreição dos discos de vinil no Reino Unido continuou em 2016 com as melhores vendas em 25 anos, segundo dados da indústria discográfica divulgados nesta terça-feira, 03.

Em 2016 foram vendidos no Reino Unido mais de 3,2 milhões de LP (discos ''Long Play'', longa duração, por oposição aos ''singles'' ou ''canções individuais''), um aumento de 53% em relação ao ano anterior e o número mais alto desde 1991, segundo a British Phonographic Industry (BPI, Indústria Fonográfica Britânica).

O artista David Bowie foi o que vendeu mais discos ano passado, emplacando cinco entre os 30 mais vendidos após sua inesperada morte em janeiro.

O último disco de Bowie, Blackstar, publicado dois dias antes de sua morte, foi o vinil mais vendido em 2016.

As vendas de discos de vinil não pararam de aumentar nos últimos 9 anos, e já representam 5% das vendas totais de álbuns, disse a BPI. No total, em 2016 foram vendidos 123 milhões de álbuns, a maioria on-line.


Fonte: AFP 

domingo, 29 de janeiro de 2017

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DA MPB

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Por vezes pareço-me repetitivo, mas há álbuns artistas que merecem laudas e laudas de destaque como é o caso de Braguinha. Falar de artistas dessa envergadura nunca é demais quando se vive em um país notoriamente conhecido por sua memória curta. Além de se destacar como exitoso compositor da história de nossa música, Braguinha também, como diretor artístico da gravadora Continental, foi responsável pela projeção fonográfica de nomes como Radamés Gnattali, Tom Jobim, Lúcio Alves, Dick Farney, Doris Monteiro, Tito Madi, Nora Ney, Jorge Goulart e Jamelão entre outros. Como autor outra façanha não destacada em minhas abordagens anteriores é a composição de "Copacabana", cuja gravação de Dick Farney, em 1946, com arranjo de cordas de Radamés Gnattali, seria considerada precursora da bossa nova. Outra composição de destaque é "Balancê", gravada originalmente por Carmem Miranda em 1937, foi regravada por Gal Costa em 1978. No ano seguinte, a marchinha se tornaria a mais tocada no carnaval, com 2357 execuções, segundo dados do ECAD. Multifacetado, ele também arquitetou com delicadeza a mais impressionante coleção de discos infantis até então lançada no Brasil. Na direção da gravadora Continental, Braguinha criou o selo Disquinho, que lançou várias adaptações suas para histórias tradicionais como Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, Alice no País das Maravilhas; além de recuperar inúmeras cantigas de roda. Em 1976, a série atingiu a marca dos cinco milhões de cópias editadas. Vinte anos mais tarde, em 1996, a Editora Moderna transformou as histórias criadas por ele em livros coloridos.


Uma passagem interessante na biografia do saudoso compositor aconteceu no jogo Brasil e Espanha ocorrido na copa de 1950. Sentado na cadeira cativa do Maracanã para assistir ao jogo da seleção brasileira, Braguinha não imaginava que uma composição sua iria fazer parte da trilha sonora da torcida presente no estádio. Chegando como favorita, a seleção espanhola levou uma goleada da equipe brasileira. A cada gol era possível ver um público estimado em mais de 150 mil pessoas cantarem:

Eu fui às touradas em Madri
Paraná – tchim – bum – bum – bum
Paraná – tchim – bum – bum – bum
E quase não volto mais aqui
Pra ver Peri
Beijar Ceci”.

Então o ocupante daquela cadeira cativa não consegue mais se conter e chora. E, quando a enorme torcida festeja a vitória final, Braguinha ainda está chorando. Enquanto dezenas de milhares de torcedores brasileiros gozam o time espanhol, ele é o único que naquele momento não consegue cantar de tanta emoção. Em vida, Braguinha ainda teve a oportunidade de usufruir de outras diversas homenagens, dentre elas os dois espetáculos montados em sua homenagem: O Rio amanheceu cantando, em 1975, e Viva Braguinha, na Sala Sidney Miller, em 1983. Em 1984, com a inauguração do Sambódromo, a Mangueira homenageou o compositor com o samba-enredo "Yes, nós temos Braguinha". Com o tema, a escola de samba recebeu o título de Super Campeã daquele ano. (Em 2007, a Mangueira voltou a homenagear o compositor por seu centenário). Destaque ainda para o Prêmio Shell para Música Brasileira que recebeu no Teatro Municipal, em 1985 e a medalha da Ordem do Mérito Cultural com a qual foi agraciado aos 90 anos, em 1997. A condecoração foi entregue pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Nosso eterno Carlos Alberto Ferreira Braga (ou se preferir Braguinha ou João de Barro) faleceu aos 99 anos em 24 de dezembro de 2006, vítima de falência múltipla dos órgãos provocada por infecção generalizada.

SR. BRASIL - ROLANDO BOLDRIN

A HISTÓRIA MUSICAL DO RÁDIO NO BRASIL

As dez canções mais populares no Brasil a exatamente 100 anos eram as seguintes:
01 - Pelo Telefone – Bahiano
02 - Sofres Porque Queres – Choro do Pixinguinha
03 - A Baratinha – Bahiano
04 - Vagalume Sorrindo – Grupo de Caxangá
05 - Rosa – Choro do Pixinguinha
06 - Santa Lucia – Enrico Caruso
07 - Maricota Sai da Chuva – Grupo O Passos no Choro
08 - Urubu Subiu – Vicente Celestino & Bahiano
09 - O Sole Mio – Enrico Caruso
10 - Aida: Celeste Aida – Hipolito Lazaro

sábado, 28 de janeiro de 2017

PETISCOS DA MUSICARIA

SÉRIE DOSE DUPLA – CRÔNICAS SÁTIRAS E LETRAS JOCOSAS – PAULO VANZOLINI

Paulo Vanzolini, nosso zoólogo e compositor


Entre os indvíduos da zoologia que receberam seu nome estão Alpaida vanzolinii; Alsodes vanzolinii; Amphisbaena vanzolinii e Anolis vanzolinii.

Paulo Emílio Vanzolini se encaixaria perfeitamente no dito popular que afirma “a ciência perdeu uma grande nome, mas a música ganhou um mestre”.

Qual nada, Paulo Vanzolini, embora sempre afirmasse ser um cientista em primeiro lugar e que fazia música, de vez em quando, pela vocação de boêmio, foi grandioso nas duas atividades.

Um compositor de observação aguda do cotidiano, cronista, que fez também músicas belíssimas e marcantes.

Um dos fundadores da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), Vanzolini foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico; e premiado pela Fundação Guggenheim, em Nova Iorque, em virtude de suas contribuições para o progresso da ciência.

Entre suas grandes contribuições, adaptou a ‘Teoria dos Refúgios’, a partir de estudos com o geógrafo Aziz Ab’Saber e o norte-americano Ernest Williams.

Feitas as devidas e necessárias referências ao cientista Vanzolini, passemos a parte que aqui queremos abordar. Paulistano de 1924 (faleceu em 2013) fez muito mais do que ‘Ronda’, ‘Volta Por Cima’ e ‘Praça Clovis’. É compositor, por exemplo, de ‘Samba Erudito’.
Aliás, como boa parte dos ouvintes comuns, eu não tinha a mínima ideia de que ‘Ronda’, com Bola Sete e Marcia e ‘Volta por Cima’, por Noite Ilustrada eram da autoria de um zoólogo.

Primeiro aprendi a cantar e memorizei a deliciosa “Samba Erudito”, na voz, vejam só, de Chico Buarque, que nem tinha tirado ainda a carteirinha de cantor..

Mas ouvi demais. Achava as informações históricas surpreendentes para uma canção popular. Ficava muito confuso quando se referia a um “tal” de velho Pickard?”. Eu sei lá quem é Picar, rapaz!

Fui à enciclopédia e aprendi. Ouçam como ouvi a primeira vez….


Samba Erudito, de Paulo Vanzolini, 1967, com Chico Buarque

Andei sobre as águas
Como São Pedro
Como Santos Dumont
Fui aos ares sem medo
Fui ao fundo do mar
Como o velho Piccard
Só pra me exibir
Só pra te impressionar

Fiz uma poesia
Como Olavo Bilac
Soltei filipeta
Pra ter dar um Cadillac
Mas você nem ligou
Para tanta proeza
Põe um preço tão alto
Na sua beleza

E então, como Churchill
Eu tentei outra vez
Você foi demais
Pra paciência do inglês
Aí, me curvei
Ante a força dos fatos
Lavei minhas mãos
Como Pôncio Pilatos

Andei sobre as águas (…)


Samba Erudito, de Paulo Vanzolini, 1967, pelo autor

Ah, ia me esquecendo. Afinal quem foi o tal Piccard, a que Vanzonlini, entre tantos inventores, descobridores e personalidades da história, introduziu em seu samba?

Confesso que, além de desconhecer o Piccard referido, digo que a família do sujeito é enorme e todos com alguma história para contar.

Vamos, então a ela: Auguste Antoine Piccard (é assim que escreve). Nasceu na Basileia, na Suíça, em 1884, e morreu em Lausanne, em 1962. Foi físico, inventor e explorador suíço.
Entre suas principais invenções está o batiscafo, espécie de submarino, utilizado para pesquisas em grandes profundidades. Ele e seu irmão gêmeo (olha aí!) Jean Picard foram também balonistas.

Calma, tem mais: seu filho, Jacques Piccard, desceu ao fundo das ‘Fossas Marianas’, no Pacífico, além de ser conhecido como hidronauta e explorador. Sim, tem mais: Bertrand Piccard foi aeronauta e balonista; Jean-Felix Picard, químico orgânico, aeronauta e balconista; Jeanette Piccard (mulher de Jean Felix) aeronauta e balonista; e dom Piccard, balonista. Espero ter sido fiel à brilhante família!!!

Feliz ano novo! Semana que vem tem mais…

40 ANOS SEM MAYSA

A trajetória da cantora que morreu em um trágico acidente de carro em 1977, aos 40 anos 


Por Bruno Astuto


Maysa morreu aos 40 anos em um acidente de carro a caminho de Maricá, onde vivia em 1977


Uma das vozes mais marcantes da história da música popular brasileira, Maysa Monjardim Matarazzo – ou simplesmente Maysa – estaria com oitenta anos se não tivesse morrido em um trágico acidente de carro na Ponte Rio-Niterói em 1977, aos 40 anos. 

“Era um pouco atormentada, temperamental, mas sempre muito franca, transparente e de grande coração com os amigos. Uma cantora inimitável”, lembra o pesquisador musical Rodrigo Faour. 

Maysa iniciou a carreira em 1956, mesmo ano em que deu à luz o diretor Jayme Monjardim, seu único filho, fruto do casamento com o empresário André Matarazzo. O álbum Convite para ouvir Maysa, todo autoral, logo se tornaria um grande sucesso. Mas foi no segundo disco que a cantora e compositora emplacou “Ouça”, um hit definitivo.

Sempre às voltas com a balança, Maysa, que era mais gordinha no começo da carreira, passou a vida inteira fazendo regimes. Sua trajetória também foi marcada por amores violentos, bebedeiras, brigas e escândalos – ela se desquitou do marido em 1958, sendo extremamente prafrentex, como se dizia na época, e também precisou fazer uma cirurgia plástica no rosto após bater de carro embriagada anos depois. 

O temperamento forte e os hábitos da cantora, que nunca largava o cigarro nem o copo de uísque, foram imortalizados na música “Demais”, de Tom Jobim, um clássico do repertório da diva. Detalhe: a música havia sido lançada por Sylvia Telles anos antes, sem o mesmo impacto. Mas nenhuma se compara a seu maior sucesso, a fossa “Meu mundo caiu”. 

Depois de flertar com a bossa nova no começo da década de 1960, Maysa se mudou para a Europa, onde se apresentou em grandes capitais, como Paris, Madri, Londres e Roma. Ela voltaria ao Brasil em 1968, com um show que ganhou registro em LP no ano seguinte, Maysa – Ao vivo no Canecão, em que revisitava todos os sucessos e ainda contava com suas versões, hoje clássicas, para “Light my fire”, do The Doors, e “Ne me quitte pas”, conhecida na voz de Jacques Brel. 

Nos anos 1970, a cantora chegou a trabalhar como atriz – ela atuou na novela O cafona, na Globo – e amargou momentos de ostracismo: chegou a cantar em churrascarias e se isolou com o ator Carlos Alberto, seu namorado na época, em Maricá, lugar que escolheu para viver. Foi numa dessas viagens do Rio para a cidade, na região metropolitana, que ela sofreu o acidente que lhe tirou a vida precocemente. Em 2009, a trajetória da artista foi documentada na minissérie Maysa – Quando fala o coração.

DAVID NASSER, 100 ANOS


“Adeus, ano velho!
Feliz ano novo!
Que tudo se realize
No ano que vai nascer
Muito dinheiro no bolso,
Saúde pra dar e vender…”

Cantados há 65 anos pelos brasileiros em toda virada de ano, os versos da valsa Fim de ano, lançada em outubro de 1951 em gravação do cantor paulista João Dias (1927 – 1996), lembram o compositor e jornalista paulista David Nasser (1º de janeiro de 1917 – 10 de dezembro de 1980), nascido há exatos 100 anos. Fim de ano é composição creditada a Nasser e a Francisco Alves (1898 – 1952), Jornalista polêmico, do tipo que adicionava doses de ficção aos fatos que contava em controvertidas reportagens, Nasser nasceu na cidade paulista de Jaú (SP), foi criado na mineira Caxambu (MG) e acabou fazendo nome na cidade do Rio de Janeiro (RJ), onde saiu de cena aos 63 anos, vítima de diabetes e câncer no pâncreas, deixando extensa obra musical que fez o Brasil cantar na era pré-Bossa Nova.

Com o compositor mineiro Alcyr Pires Vermelho (1906 – 1994), Nasser fez um dos mais belos títulos do gênero samba-exaltação, Canta Brasil, lançado em 1941 na voz do parceiro, amigo e padrinho artístico Francisco Alves. Com o compositor fluminense Herivelto Martins (1912 – 1992), o mais bem-sucedido parceiro musical de Nasser, o jornalista criou folhetinescos clássicos da canção popular brasileira como A camisola do dia (1953), Atiraste uma pedra (1958), Carlos Gardel (1954), Hoje quem paga sou eu (1955), Mamãe (1957), Pensando em ti (1957) e Vermelho 27 (1956), todos – com exceção de Mamãe – lançados na voz de barítono do cantor gaúcho Nelson Gonçalves (1919 – 1998), também intérprete original de Normalista (1949), parceria de Nasser com o compositor fluminense Benedito Lacerda (1903 – 1958).

Versátil, David Nasser também fez sambas e marchas para a folia de Momo. Nessa seara carnavalesca, o maior sucesso do compositor foi Nega do cabelo duro (1942), hit nas vozes do grupo vocal Anjos do inferno. Com cerca de 300 músicas gravadas, entre elas Mãe Maria (Custódio Mesquita e David Nasser, 1943), Nasser tem obra musical que, diferentemente da produção jornalística do repórter, jamais teve a veracidade questionada. É como compositor que o Brasil deve celebrar em 2017 o centenário de nascimento de David Nasser.


Fonte: http://www.sobrenoticias.com.br/

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

CANÇÕES DE XICO


HISTORIA DE MINHAS MÚSICAS

FRUTO SEVERINO (Ao Mestre SIVUCA)
De Xico Bizerra e Ozi dos Palmares

Na voz de Flávio José
FORROBOXOTE 8

Fruto severino de fino sabor 
peregrino ‘biu’, feira de amor 
tempero itabaiana, iguaria cigana 
da paraiba ao mundo arriba com o seu dom

no peito brilha o matiz da luz 
e na cabeça o algodão cor da paz 
dedos de uma doce magia 
fazem poesia embutida no som 
mangaios de um ser tão feliz 
de quem quis a vida em tom maior

meu cavalo fala português
e um baião já ensaio pras matinês 
o rei, o bedel e o juiz 
riem todo o riso que há no país
a zefa de purcina veio
teu floreio ouviu e então pôs-se a dançar

não se vê mais verde nos quintais 
e já passou o tempo dos pardais
joões e marias lá do joá 
choram a saudade que é tua 
naquela vendinha da rua
onde o povo todo ia se animar


ANO SERÁ DE MUITOS LANÇAMENTOS NA MÚSICA PERNAMBUCANA; VEJA CALENDÁRIO

Da MPB ao rap, passando pelo forró e heavy metal, artistas estão a pleno vapor preparando a trilha de 2017




Sofia Freire, Johnny Hooker e Nação Zumbi lançarão novos trabalhos


O ano promete ser frutífero para a música pernambucana no que depender dos lançamentos já confirmados. Mais de trinta álbuns, entre produções de veteranos e novatos, transitarão pela pluralidade da produção local, oferecendo de frevo tradicional ao heavy metal e o novo rap feito no Estado.

Ainda em janeiro, no dia 15, a Projeto Sal disponibiliza Sem Medo, Sem Freio, Sem Dor, EP que, se fizer jus ao show apresentado no último Coquetel Molotov, em outubro, vem com menos sonoridades nordestinas e maior flerte com camadas pop e eletrônicas. Já em A Cabeça de Felipe, o vocalista da Mombojó, Felipe S., faz o primeiro experimento solo, com previsão de lançamento para o próximo dia 23. O mês será de primeiros passos também para Ayrton Montarroyos. Dono da voz que encantou os expectadores do The Voice Brasil, ele chega com o registro homônimo que, ainda sem data definida, contará com versões para faixas de Zé Manoel, Lula Queiroga e demais conterrâneos. 

Fevereiro vem plural. Vai de CD e DVD do Sons da Latada, de Josildo Sá, ao Suspenso, o terceiro de Juvenil Silva. A essa dupla se unem o Projeto Arrete, de Nina Rodrigues, Weedja Lins, Ya Juste e DJ Baloo, experientes na cena rap que, juntos, assinam as dez músicas de Sempre Com a Frota, um manifesto das vivências acumuladas em cerca de quinze anos de estrada.

O pós–reinado de Momo promete a maturação de dois antigos conhecidos. Ottomatopeia será o sétimo de inéditas de Otto, após circular o país revisitando a carreira com a turnê Recupera. Já Futifilosofia é o título provisório para o novo de Lula Queiroga, com a participação luxuosa de Elza Soares. “As músicas estão praticamente prontas, agora estou naquela fase de convidar as pessoas”, comentou ele em conversa ao telefone. Os primeiros seis meses de 2017 devem receber também Líquido, o segundo solo de Tibério Azul, Vende-se, de Júnior Black, e a volta aos estúdios da Banda de Joseph Tourton. O grupo Bongar vem com Ogum, disco produzido pelo maestro baiano Letieres Leite com incentivo do edital Rumos do Itaú Cultural.

No segundo semestre, mais uma fornada mista, com um quê de expectativa que os segundos discos costumam carregar. Após a comoção da estreia, com direito a trilha sonora em novela global e shows lotados pelo Brasil, Johnny Hooker exorciza as mágoas de Eu Vou Fazer Uma Macumba Pra Te Amarrar, Maldito! e estende bandeira branca em Corpo Fechado, um dos vencedores do edital Nacional do Prêmio Natura Musical 2016. "O próximo disco será como se o Young Americans, de David Bowie, e Cinema Transcendental, de Caetano Veloso, tivessem um filho em Recife. Ele é mais romântico, tem mais calor. É pra dançar juntinho, menos sofrimento. Mais solar", disse Johnny em entrevista durante o Rec-Beat do ano passado.

A Nação Zumbi chega em dose dupla. Em Radiola NZ, fará versões para repertório dos artistas que consideram elementares em sua formação musical: da estrela David Bowie à recente explosão Amy Winehouse. Sozinho, o guitarrista Lúcio Maia aposta no terceiro sob alcunha própria. 

O rap mais uma vez se faz presente com Livre, de Lívia Cruz, e o debut do Coletivo Poder Feminino Crew, com Subversiva. Zé Brown lança Poesias do Povo, disco que é fruto de quatro anos de pesquisa de ritmos regionais nordestinos e conta com diversas participações especiais, incluindo Alessandra Leão, Fernandinho Beat Box, Maciel Melo e DJ Hum. O Faces do Subúrbio também volta a gravar este ano, mas não há previsão de lançamento.

No mês derradeiro, a cantora e pianista Sofia Freire apresenta o resultado do projeto aprovado na categoria popular do Prêmio Natura. Se no primeiro, Garimpo, as melodias quase eruditas deram corpo às poesias do pai, Wilson Freire, o segundo terá como inspiração para a jovem de 20 anos os versos escritos por outras mulheres.


CALENDÁRIO

JANEIRO
André Rio – Meu Carnaval é Frevo (12)
Projeto Sal – Sem Medo, Sem Freio, Sem Dor (15)
Felipe S. (Mombojó) – A Cabeça de Felipe – (23)
Almério - Desempena
Ayrton Montarroyos - Ayrton Montarroyos
Victor Camarote - Quem Disser

FEVEREIRO
Josildo Sá - CD e DVD Sons da Latada
Arrete - Sempre com a Frota

MARÇO
Juvenil Silva - Suspenso
Graxa - A Concorrência é Demais
Orquestra Quebramar - Quebramar

ABRIL
Mateus Alves e Caio Lima - EP
Bongar – Ogum (29)

JUNHO
Kalouv - Elã


ATÉ O PRIMEIRO SEMESTRE
Diomedes Chinaski - Ouroboros
Rua - Queda
A Banda de Joseph Tourton - 2017
Babi Jacques e Lassere - Sóis
Tibério Azul - Líquido
Jr. Black - Vende-se
Otto - Ottomatopeia
Lula Queiroga - Futilosofia
Johnny Hooker - Corpo Fechado
Zé Brown - Poesias do Povo
Publius - Dia de Sol
Ylana Queiroga - Vento

AGOSTO
Will2Kill - Another Way (título provisório)

NOVEMBRO
Poder Feminino Crew - Subversiva
Henrique Albino Trio – Atravessando a Rua
Renato Bandeira & Som de Madeira - Cheiro de Terra

DEZEMBRO
Sofia Freire - sem título

ATÉ O FIM DO SEGUNDO SEMESTRE
Igor de Carvalho - Profeta do Passado
Nação Zumbi – álbum de inéditas
Nação Zumbi - Radiola NZ (covers de Bowie, Amy Winehouse, Luiz Gonzaga entre outros)
Juliano Holanda - sem título
Silverio Pessoa - Sangue de Amor (título provisório)
Lívia Cruz - Livre




Fonte: JC online

LÚCIO ALVES, 90 ANOS

Resultado de imagemMudou-se com a família para o Rio de Janeiro quando tinha sete anos de idade. Começara a aprender violão um ano antes, estimulado pelo pai, que era maestro da Banda de Cataguases. Atraído pelo repertório de Orlando Silva, interpretou, aos nove anos de idade, no programa radiofônico de Barbosa Júnior, a música "Juramento falso", de Pedro Caetano. Participou pouco depois do programa da Rádio Mayrink Veiga "Picolino", apresentado pelo mesmo Barbosa Júnior. Ainda garoto, integrou o elenco da radionovela "Aladim e a lâmpada maravilhosa", da Rádio Nacional, onde interpretava o personagem principal. O radialista Silvino Neto o apelidou de "Cantor das multidinhas", em comparação a Orlando Silva, conhecido como "Cantor das Multidões".

Iniciou a carreira artística com apenas 14 anos de idade, em 1941, quando formou o grupo vocal e instrumental Namorados da Lua. Era não só o crooner e o violonista, mas também o arranjador. O grupo apresentou-se nos cassinos Copacabana e Atlântico. Ainda em seu primeiro ano, venceu o concurso de calouros no programa de Ary Barroso, na Rádio Tupi, do Rio de Janeiro e logo depois o concurso carnavalesco do Teatro República com a marcha "Nós, os carecas", de Arlindo Marques e Roberto Roberti. Em 1942, Os Namorados da Lua gravaram seu primeiro disco, pela Victor, o 78 rpm que trazia duas composições de Assis Valente: "Vestidinho de iaiá" e "Té logo, sinhá". O conjunto passou por diferentes formações ao longo de seis anos de existência e seu grande sucesso foi "Eu quero um samba", de Janet de Almeida e Haroldo Barbosa. Com o mesmo Haroldo Barbosa compôs em 1943 o samba "De conversa em conversa", gravado em 1947 por Isaura Garcia na Victor. Em 1947, Os Namorados da Lua chegaram ao fim. No ano seguinte, lançou sua primeira gravação solo pela Continental, o bolero "Tres palabras", de Osvaldo Farres, vertido para o português por Aloysio de Oliveira com o título de "Solidão". Pouco depois, lançou o 78 rpm com duas composições de Luís Bittencort e Benny Woldorff: "Aquelas palavras" e "Seja feliz... adeus".

No mesmo ano, convidado para integrar os Anjos do Inferno partiu com o conjunto numa turnê por Cuba, México e Estados Unidos, onde se apresentaram com o nome de "Hell's Angels" em boates novaiorquinas como Reuben Bleu e Blue Angel. Nessas apresentações, cantavam em português composições de Dorival Caymmi, "Doralice" e de Geraldo Pereira, "Bolinha de Papel", entre muitas outras. Pouco menos de um ano depois, retornou ao Rio de Janeiro. Em 1949 lançou de sua autoria o bolero "Brumas", um dos sucessos do ano e, de Dorival Caymmi o samba "Nunca mais". No ano seguinte gravou a canção "Na paz do Senhor", de José Maria de Abreu e Luiz Peixoto e os sambas canção "Terminemos agora", de Gilberto Milfont e "Amargura", de Alberto Ribeiro e Radamés Gnatalli. Em seguida, registrou os sambas "Só Deus", de Marino Pinto, "Toureiro sou eu", de Paulo Soledade e Fernando Lobo e "Sábado em Copacabana", de Carlos Guinle e Dorival Caymmi, este último com acompanhamento de Radamés Gnatalli e sua orquestra. Em 1952, gravou com o companhamento da orquestra do maestro Radamés Gnatalli os sambas "Tormento", de Claudionor Cruz e Pedro Caetano e "Rugas", de Newton Teixeira e David Nasser. Em 1954, gravou o samba tango "Buenos Aires",de sua autoria, o samba canção "Por que, meu amor?", de Hianto de Almeida e André Rosito e a "Valsa de uma cidade", de Ismael Neto e Antônio Maria. No mesmo ano, aproveitando a suposta rivalidade que ele teria com o cantor Dick Farney a gravadora Continetal encomendou a Antônio Carlos Jobim e Billy Blanco uma música para ser interpretada pelos dois cantores. Surgiu então o samba pré-bossa nova "Tereza da praia" que proporcionou aos dois cantores um diálogo musical com acompanhamento de Tom Jobim e seu conjunto.



Falando sobre esta música os pesquisadores Zuza Homem de Melo e Jairo Severiano, disseram: "Traduzindo o ambiente carioca dos anos 50, o disco tornou-se um sucesso total, jamais sendo igualado por outras gravações da mesma canção". No mesmo período, passou a gravar na Sinter onde estreou cantando o samba "Faceira", de Ary Barroso e o "Baião de Copacabana", de sua autoria e Haroldo Barbosa. Em 1955, gravou com destaque o samba canção "Manias", de Flávio Cavalcânti e Celso Cavalcânti. Em 1956, teve a valsa "Valsinha do amor", com Reinaldo Dias Leme, e o samba-canção "Eu já disse" gravados pela cantora Heleninha Costa em LP lançado por ela pela gravadora Copacabana. Em 1957, gravou pela Mocambo seu primeiro LP, "Serestas", no qual interpretou, entre outras, "Serenata", "Chão de estrelas", "Suburbana" e "Arranha céu", todas da dupla Silvio Caldas e Orestes Barbosa. A partir de 1958, com o surgimento da bossa nova, participou de shows e de programas de televisão. Ainda em 1958 gravou com Sílvia Teles na Odeon o samba canção "Eu não existo sem você", de Antônio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes e a canção "Tu e eu", de Altamiro Carrilho e Armando Nunes. No ano seguinte, gravou de Antônio Carlos Jobim e Dolores Duran, o samba canção "Estrada do sol". No mesmo ano, lançou o LP "Lúcio Alves, sua voz íntima, sua bossa nova, interpretando sambas em 3-D" no qual cantou "Lá vem a baiana" e "Nem eu", de Dorival Caymmi, "Se todos fossem iguai a você", de Tom Jobim e Vinicius de Moraes, "Agora é cinza", de Bide e Marçal e "Ninguém me ama", de Fernando Lobo e Antônio Maria. Em 1960, gravou pela Philips o "Samba triste", de Baden Powell e Billy Blanco e o samba canção "Dindi", de Antônio Carlos Jobim e Aloísio de Oliveira.

Resultado de imagem para Lúcio Alves

No mesmo ano, lançou pela Odeon o LP "A noite do meu bem" homenageando a cantora e compositora Dolores Duran, morta no ano anterior, e no qual interpretou composições dela, entre as quais, a música título, "Castigo", "Noite de paz", "Fim de caso" e "Vou chorar", esta, uma parceria dos dois. Ainda em 1960, recebeu o troféu Disco de Ouro no quesito cantor do ano pela comissão da Rio Gráfica e Editora promotora do prêmio, através da Revista Radiolândia e do Jornal O Globo. Sua adesão à bossa nova ficou marcada pelo LP "A bossa é nossa", lançado pela Philips em 1961, no qual interpretou, entre outras canções, "Dindi", de Tom Jobim e Aloysio de Oliveira, "Nova ilusão", de Luís Bittencourt e José Meneses e, "O samba da minha terra", de Dorival Caymmi. Contratado pela gravadora Elenco, de Aloysio de Oliveira, lançou em 1963 o LP "Balançamba" reunindo canções da dupla Menescal-Bôscoli como "Rio", "Ah! Se eu pudesse" e "O barquinho". Ao longo da década de 1960 participou da produção de gravações de conjuntos vocais e de programas para a TV Record, onde criou o quadro "Roda de samba", que reunia cantores na formação de quartetos vocais. Também nesta época foi produtor da TV Tupi trabalhando em programas como os de Flávio Cavalcanti e atuou como um dos diretores musicais da TV Excelsior. Em 1970, João Gilberto regravou "De conversa em conversa" em disco produzido no México. No início da mesma década tornou-se produtor musical da TV Educativa, no Rio de Janeiro. Em 1974, participou da série radiofônica "MPB 100, ao vivo", escrita e locutada por R. C. Albin para o Projeto Minerva na Rádio MEC, que viraria oito elepês com o mesmo título, edição Tapecar. Coube a ele o período da bossa nova, em que aparece ao lado de Dóris Monteiro, Johnny Alf e Alaíde Costa. Em 1975, pouco depois de gravar a canção "Helena, Helena, Helena", de Alberto Land, vencedora de um festival da canção onde foi defendida por Taiguara, lançou pela RCA o LP "Lúcio Alves", com composições com nomes de mulher cantando músicas, entre outros, de Chico Buarque, "Januária" e "Carolina", Tom Jobim, "Lígia" e Pixinguinha, "Rosa".




Em 1978 partcicipou com Dóris Monteiro do Projeto Pixinguinha do qual resultou um LP, onde os dois interpretaram, entre outras, as músicas "Pra dizer adeus", de Edu Lobo e Torquato Neto, "Conversa de botequim", de Vadico e Noel Rosa, "Mocinho bonito", de Billy Blanco e "Razão de viver", de Paulo Sergio Valle e Eumir Deodato. Em 1988, participou do disco "Há sempre um nome de mulher", volume duplo criado por R. C. Albin para campanha de aleitamento materno, patrocinado pelo Banco do Brasil e do qual se venderam 600 mil cópias apenas nas mil agências do Banco do Brasil. Em 2008, continuando por 2009, foi homenageado pelos cantores Andreia Ferr e André Poubel no espetáculo Lúcio Alves - Enquanto a vida passa" apresentado no Bar do Tom, em Ipanema, Rio de Janeiro. Em 2011, foi lançado pelo selo Discobertas em convênio com o ICCA - Instituto Cultural Cravo Albin a caixa "100 anos de música popular brasileira" com a reedição em 4 CDs duplos dos oito LPs lançados com as gravações dos programas realizados pelo radialista e produtor Ricardo Cravo Albin na Rádio MEC em 1974 e 1975. No volume 5 estão incluídas suas interpretações para os sambas-canção "Foi a noite", de Tom Jobim e Newton Mendonça; "Se todo fossem iguais a você", "Eu sei que vou te amar" e "A felicidade", de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, e no volume 6 para o samba-canção "Fim de noite", de Chico Feitosa e Ronaldo Bôscoli.



Fonte: Dicionário da MPB

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

GRAMOPHONE DO HORTÊNCIO

Por Luciano Hortêncio*



"Dois boleros clássicos e inesquecíveis interpretados magnificamente por Agnaldo Rayol em gravações Copacabana. O primeiro é de Carlos Arturo Briz, em versão de J. Miranda e Genival Melo, este último, mais tarde, conceituado empresário artístico, editado em 1963 no 78 rpm n.o 6575-B, matriz M-3779, e depois incluído no LP "Meu amor é mais amor". "De joelhos" é de Benito de Jesus em versão de Jota Morais, lançado em 1962 no 78 rpm n.o 6455-B, matriz M-3488, e mais tarde incluído no LP "Plenitude". Ambas as músicas também saíram juntas no compacto simples n.o 0369." (Samuel Machado Filho)




Canção: Acorrentados (Encadenados) - De Joelhos (De Rodillas)

Composição: Carlos Arturo Briz, em versão de J. Miranda e Genival Melo / Benito de Jesus em versão de Jota Morais

Intérprete - Agnaldo Rayol

Ano - 1964 / 1962

78RPM - Nº 6575-B, matriz M-3779 / n.o 6455-B, matriz M-3488



* Luciano Hortêncio é titular de um canal homônimo ao seu nome no Youtube onde estão mais de 10.000 pessoas inscritas. O mesmo é alimentado constantemente por vídeos musicais de excelente qualidade sem fins lucrativos).

ISOLDA, 60 ANOS



Cheguei nesse planeta no dia 9 de janeiro, nos idos dos anos 50, na cidade de São Paulo, capricorniana com ascendente em libra, apaixonada por tudo que fosse arte: música, poesia, teatro, literatura, cinema etc. Sempre imaginei que seria jornalista, mas pelo visto, a vida já tinha inventado uma outra história pra mim. Só tive um irmão, que também sonhava com a arte. Queria ser cantor. Acho que não era uma simples coincidência, já que venho de uma família de músicos, por parte de minha mãe. Meu bisavô era maestro, compositor, meu avô também e minha mãe, só não seguiu sua vocação musical porque minha avó não aprovava, de maneira alguma, essa aptidão feminina nos anos 40. Então, por motivos alheios a sua vontade, como diria ela, mamãe acabou se tornando apenas uma incentivadora da arte que meu irmão e eu começamos a fazer desde crianças, quando nossa brincadeira preferida era criar histórias e músicas, para o nosso teatrinho de bonecos.

No decorrer da nossa adolescência, começaram a aparecer os festivais de música, espalhados pelo interior de São Paulo, Minas, Rio e outros mais. Participamos de muitos, perdemos alguns, mas ganhamos vários. Um número suficiente para a gente acreditar que aquele era o nosso caminho. Meu irmão, Milton Carlos, foi convidado a gravar e a partir do seu disco, outros cantores começaram a nos pedir músicas.

Além de festivais, além das músicas, nós fazíamos vocais em estúdios e foi num desses trabalhos que tivemos a oportunidade de enviar uma canção nossa para Roberto Carlos. Algum tempo depois, para nossa surpresa, encontramos no jornal os títulos das músicas que fariam parte do disco do Roberto para aquele ano e entre elas estava lá: “Amigos, amigos” – de Isolda e Milton Carlos. Acredito que tenha sido essa a mola mestra para toda uma carreira, o motivo maior para que levássemos muito mais a sério nossa vida profissional.

Depois dessa, vieram outras, sempre festejadas com a mesma alegria, enquanto outros cantores gravavam nossas composições também. Formávamos uma boa dupla. Meu melhor amigo, por coincidência, era também meu irmão e a gente fazia músicas com o coração, com vontade, unicamente por amor e elas nos retribuíam com a mesma intensidade.

Foram muitas viagens, muitas comemorações, gravações e shows, até a madrugada em que cheguei em casa e fiquei sabendo do acidente que meu irmão havia sofrido. Ele tinha nos deixado, embora pra mim ainda pareça apenas uma viagem demorada, como tantas outras que ele fazia, e que um dia vai estar de volta, como sempre voltava pra casa.

Acho que minha vida se divide em antes e depois desse dia. Pensei em voltar a estudar, em tomar outro rumo, mas no meio dessa tempestade encontrei vários amigos que me abrigaram, emocionalmente, e mesmo sem perceber continuei fazendo sozinha, o que sempre fiz desde menina. Brincar de fazer músicas. Desse momento em diante, sem mais o meu amigo para brincar comigo.

Foi assim que fiz, numa madrugada, uma música desprovida de qualquer ambição futura, uma confidência sincera: “Outra vez”. Gravei essa canção numa fita entre outras e entreguei para Roberto Carlos.

“Outra vez”, é uma canção que nunca mais me abandonou. Ela já fez parte de trilhas para novelas, foi gravada pela maioria dos nossos intérpretes, instrumentada ou cantada nas mais diferentes interpretações e arranjos, ganhou muitos prêmios, inclusive o de música do ano e eu sei que sempre vai me acompanhar.

Tive, tenho e sei que terei, muitos outros parceiros musicais ao longo da minha vida. Continuei a fazer canções sozinha ou acompanhada, gravadas por pessoas que sempre admirei, conseguindo sucessos sempre inesperados e agradecendo aos meus anjos da guarda por cada um deles.

Deixando de lado as decepções, que esqueço até sem querer e que na sua maioria sempre vêm do lado que não é o artístico, só posso concluir que tudo deu muito mais certo do que a gente esperava, o que me faz acreditar que a realidade é muito melhor do que o sonho.

Hoje, ainda moro em São Paulo, continuo compondo, escrevendo, brincando, com as tantas formas de arte que sempre amei, realizei mais um sonho – de gravar minhas próprias canções, da maneira que sempre quis – . Ainda tenho comigo os mesmos antigos amigos e a cada dia encontro mais um, que identifico pela sensibilidade, pela mesma vontade de brincar, que as pessoas chamam de arte.


Fonte: Site Oficia da Artista

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