domingo, 10 de janeiro de 2016

10 CANÇÕES OBRIGATÓRIAS PARA ENTENDER O SAMBA - PARTE 01

Seleção tem de Donga e Ataulfo Alves a Nelson Sargento, que faz show em São Paulo




Para se ter uma ideia da riqueza musical do samba, basta dizer que a bossa nova, internacionalmente conhecida por misturar nele ingredientes do jazz, é apenas um dos mais de 30 subgêneros que essa espécie de gênero-ônibus comporta em harmonia ou (muitas vezes) em fusão.

Anote aí: samba batido; samba corrido; samba de roça ou rural; samba raiado; samba de roda; samba de terreiro ou de quadra; samba de partido alto; samba-canção; samba sincopado; samba de gafieira; samba de enredo; samba exaltação; samba de breque; samba-coco; samba-joia; sambalanço; samba-rock etc etc etc.

É a partir dessa variedade que um compositor como Padeirinho, de Mangueira, pôde afirmar que “até um inocente sabe o que é sambar”.



"A Dama do Cabaré" (1936), de Noel Rosa



Registra o primeiro encontro de Noel Rosa com Ceci, o grande amor de sua vida. Com algumas liberdades poéticas: a moça, então com 16 anos, não fumava; nem poderia entornar champanhe no “soirée” porque ela não usava “soirée” naquela noite de São João. Composto em 1934, o samba foi gravado dois anos depois, por Orlando Silva, fazendo parte da trilha sonora do filme “Cidade Mulher”. A mesma festa e a mesma Ceci inspirariam Noel a fazer o que muitos consideram sua obra-prima, “Último Desejo”.



"Se Acaso Você Chegasse" (1938), de Lupicínio Rodrigues e Felisberto Martins



Compositor único, Lupicínio Rodrigues lançou-se nacionalmente com este samba, feito praticamente de improviso, na calçada do Café Colombo, em Porto Alegre. Como de hábito, tinha inspiração num episódio de sua vida sentimental. Composto em 1936, só dois anos depois encontrou seu intérprete ideal, Cyro Monteiro, maior expressão do estilo sincopado, e talvez o cantor que melhor tenha sabido “dividir” um samba. Como fizera com Cyro, “Se Acaso Você Chegasse” ajudou a projetar o nome de outra intérprete maior, Elza Soares, que regravou a música em 1959.



"Acertei no Milhar" (1940), de Wilson Batista e Geraldo Pereira



O sonho de ficar milionário com o jogo do bicho – 500 contos de réis era quantia espantosa em 1940 – inspira este samba de breque com letra escrita sob medida para as brincadeiras vocais de Moreira da Silva. O grande Wilson Batista, cujo centenário de nascimento comemora-se em 2013, é autor sozinho da peça. O não menos grande Geraldo Pereira, então em início de carreira, entrou na parceria só para “trabalhar” a música nas rádios.



"Antonico" (1950), de Ismael Silva



É um marco na linha evolutiva do samba, uma peça intimista feita pelo mesmo compositor que havia começado a revolução no gênero no final dos anos 1920. Uma revolução dentro da revolução. Note-se que toda vez que Caetano Veloso – que sugeriu a Gal Costa que regravasse a música – comete um samba há ecos de “Antonico” nele. Apesar de Ismael ter negado sempre a hipótese autobiográfica, é impossível não identificar o autor naquele que “toca cuíca, toda surdo e tamborim/ Faça por ele como se fosse por mim”.




"Agoniza, Mas Não Morre" (1978), de Nelson Sargento



Marco da resistência cultural do gênero, este samba inspirou-se num drama familiar. Ao chegar a casa na Baixada Fluminense, depois de trabalhar como pedreiro na zona sul do Rio, Nelson Sargento encontrou a mulher muito mal de saúde. Os dias passaram, e ela nada de melhorar. Nelson suspirou e, já desalentado, murmurou: “Agoniza, mas não morre”. Na mesma hora, pegou o violão e compôs o clássico, gravado por Beth Carvalho. Em tempo: a mulher dele ficou boa.


Fonte: último segundo

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