DI MELO IMORRÍVEL UM NOME QUE RENASCE FORTE MPB – II
Di Melo e Otto: Pernambuco se encontra no Sudeste
Esta semana, conversei com meu primo Sérgio Viana de Macedo, a quem, além de grande afeto e amizade, tenho também como o cara que me deu e me dá as melhores e mais novas indicações da cena cultural pernambucana. Sim, cena em geral, porque falamos de cena cinematográfica, cena urbana e cena musical, para não falar nas cenas dos manguezais
Me introduziu ao Mundo Livre S.A., Nação Zumbi (para além de Chico Science) Devotos, Spock, Forró, Selma, Mestre Ambrósio, Lirinha e outros.
Procurei devolver com os grandes tesouros musicais, que hoje está no meu baú, como Tamarineira Village/Ave Sangria, Lula Cortez, Flaviola e os outros ‘malditos’ maravilhosos do Recife, nos anos anteriores aos 80/90.
Essa salutar troca de informações e descobertas, faz com que eu e Sérgio fiquemos antenados em qualquer novidade.
De lá e de cá. Na conversa recente, perguntei-lhe se conhecia Di Melo Imorrível. Disse que não! Contei-lhe um pouco da história, que está em parte contida no nome e prometi mandar mais materiais.
Aí vão, Sérgio Viana de Macedo, alguns dados a mais, neste segundo texto (o primeiro, semana passada) que produzo por este excepcional músico e showman Di Melo. Enjoy it:
– No final da década de 1970, Di Melo abandonou os palcos. Seu trabalho foi redescoberto por DJs no início dos anos 1990. Em poucos anos, o disco, que entrou para a história da música nacional, ficou escasso nas lojas, virou raridade.
Suas músicas tocaram da Holanda ao Japão (onde tem discos gravados e público cativo), e o vinil era vendido por até $ 700 euros. Como o cantor havia se retirado da vida pública e sofrera um grave acidente de moto, espalhou-se o boato de que havia morrido.
A vida em seus Métodos diz Calma – Disco de 1975
Di Melo “renasceu” em 2009 ao ser convidado para participar do 19º Festival de Inverno de Garanhuns-PE. A história de sua falsa morte resultou em documentário dos cineastas Alan Oliveira e Rubens Pássaro, lançado em 2011 e apropriadamente chamado de “Di Melo, o Imorrível”.
O filme conta com depoimentos de Charles Gavin, Léo Maia, Simoninha e Max de Castro, entre outros, e foi mais um incentivo para o retorno do artista (ou ‘arteiro’, segundo o próprio) à vida pública.
A Capa do novo disco “Ele Voltou”: um belo trabalho da terra
Milton Leal Pessoa, o “Ganja”, é o autor do pontilhismo sobrenatural da nova capa de Di Melo.
Recifense, trabalha com papéis, telas, barro, gesso, paredes e peles. Um de seus trabalhos mais recentes é a capa do álbum do cantor e compositor Di Melo, lançado agora em fevereiro/2016.
Barulho de Fafá – faixa do novo disco de Di Melo Imorrível
Ganja tem o pontilhismo como foco da sua técnica, mas não se limita a esta modalidade. As cores e traços concretos também ganham espaço, compondo um cenário misto, místico e transcendental, que combina com a inspiração do artista. Ganja afirma que “sempre uso o que a arte me exige, o que sinto que ela precisa. Busco respostas nos meus sonhos, mirações, nos mergulhos que dou no meu subconsciente que é onde recebo as imagens. A arte me diz o que fazer, sou apenas um servo”, explica.
A fonte inesgotável do talento pernambucano
Para “kilariar” o assunto para quem não é do ramo, mas gosta da coisa, o pessoal que tem vindo de Olinda, do Recife e até do interior (Arcoverde, Petrolina, Caruaru, Carpina, Macaparana, Bonito) chega em Sampa e alhures para fazer sucesso fora de casa – como fizeram Luiz Gonzaga, Alceu Valença, Manezinho Araújo, Antônio Maria, Severino Araújo e sua orquestra Tabajara, Fernando Lobo, Novelli, Naná Vasconcelos, Lenine, no Rio de Janeiro, e outros doutra época – se estabelece e bota banca para o mundo (“Pernambuco Falando para o Mundo”, diz o slogan universal que caracteriza a rádio Jornal do Comércio).
Não é um quadro completo, mas cito alguns casos. Podemos fazer um corte a partir dos anos 1980, com a chegada do multiartista Antônio Nobrega e todo o seu manancial da cultura popular, envolvendo música, teatro, dança, performances e fincando ali na Vila Madalena o ‘Instituto Brincante’, hoje um dos principais centros de arte e cultura de São Paulo.
Da mesma época e de logo depois são Mestre Ambrósio, grupo conduzido por Siba, hoje em carreira solo; Otto, baterista do Mundo Livre S.A. e hoje um dos mais requisitados artistas nacionais; Antúlio Madureira; Lirinha, ex-comandante do Cordel do Fogo Encantado; Os Mamelungos, Vitor Araújo, pianista precoce, com DVD gravado, experimentando nova relação para o concerto erudito-popular; Vinícius Sarmento, craque do 7 Cordas, que foi direto para a França se misturar; a Spok Frevo Orquestra, que tem vindo muito ao Sudeste, mas já é há muito aclamada no exterior, em encontros sonoros trocando notas de seu frevo clássico e contemporâneo com o jazz norte-americano.
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