quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

MARISA MONTE GANHA REINTERPRETAÇÃO NA VOZ DO CANTOR CAPIXABA SILVA

Com releituras de sucessos da 'diva' , álbum traz uma canção inédita feita em parceria


Marisa Monte quis conhecer Silva depois que ele escolheu reinterpretar a música dela no programa de TV Versões


Desde que lançou Júpiter, em 2015, o cantor capixaba Silva realizou shows por todo o Brasil. Nos intervalos das apresentações, ele arranjou tempo para gravar um novo disco e entregá-lo ao público poucos dias antes de Júpiter completar um ano. Saindo do maior planeta do sistema solar, Silva se transportou para o universo particular de uma sumidade da música brasileira: Marisa Monte. Neste novo espaço, ele lança Silva canta Marisa. 

“Foi uma coisa trazendo a outra”, conta Silva, por telefone, ao descrever o processo que o levou a gravar o disco. Em 2015, ele foi convidado para participar do programa Versões, do canal de TV a cabo Bis. Na ocasião, Silva deveria reinterpretar canções de um artista de sua escolha. “Sempre tive muita admiração pela Marisa. Ela tem uma carreira muito bonita. Então, achei que tinha tudo a ver”, comenta. Com o sucesso do programa, o Sesc São Paulo convidou Silva para apresentar o show ao vivo. “Ela ficou sabendo do show e entrou em contato comigo, dizendo que queria me conhecer”.

Silva, então, foi até o Rio de Janeiro para encontrar a cantora. “Ela me chamou para ir à casa dela, no Rio, e já no primeiro encontro a gente começou a compor juntos. Quando você conhece a Marisa, em pouco tempo ela desconstrói essa imagem de ‘diva’. Então, logo que a gente se conheceu, já fiquei muito à vontade com ela”, afirma, sem esconder a admiração.

Silva canta Marisa nasceu para documentar esse encontro. “Este disco só foi gravado por causa da minha relação com a Marisa. Eu quis registrar isso, porque foi um momento muito importante para mim”, afirma. No entanto, o cantor – que também é compositor e produtor – confessa que hesitou por conta da grandiosidade de Marisa Monte na MPB. “Eu tinha um pouco de receio, porque o público dela é muito fiel e dedicado, então eu corria um certo risco”, diz. O resultado do álbum, no entanto, atesta que ele fez as escolhas certas.


RELEITURAS

Nas 11 releituras presentes no trabalho, Silva investiu em sua marca: os sons sintetizados. Não vá embora, por exemplo, virou um reggae moderno. Beija eu perdeu o arranjo de violões, guitarras e bateria e se tornou uma canção minimalista e melancólica. “Não quis pegar os arranjos e reproduzi-los, então tive um trabalho grande de fazer vários testes. Foi um trabalho longo, ainda mais porque eu tenho muito carinho por essas músicas”, comenta. A 12ª faixa que compõe o álbum é a única inédita. Noturna (Não há nada de novo na noite), composta no primeiro encontro dos dois, um lembrete de que essas músicas pertencem, antes de tudo, à Marisa Monte. Nela, a voz de Silva é secundária, quase imperceptível. A única música composta por Silva para o álbum tem a cara de Marisa Monte.

Apesar disso, a identidade sonora de Silva está lá, em todas as músicas em que trabalhou. “Mantive as estruturas melódicas e só mudei os arranjos”, revela. A junção entre a MPB tradicional e um ‘novato experiente’ tornou o indie-pop de Silva mais popular e acessível. “Acredito que acabe atingindo um público mais variado por causa do alcance das músicas da Marisa”, avalia o cantor.

Silva afirma que uma turnê com o disco não está descartada. “Não pensei em turnê enquanto estava no processo de gravação, mas como ele está sendo tão bem recebido, as pessoas estão pedindo, então provavelmente vai virar uma turnê”, diz. O show de lançamento está marcado para o próximo dia 17, em São Paulo, no Sesc Pompéia.

Questionado sobre a possibilidade de mais álbuns com releituras, ele cita o trabalho árduo que isso requer. “Para essa coisa de tributo, por mais que você não tenha o trabalho de compor, é necessário assimilar aquele repertório, senão não convence, fica meio raso.” Apesar de não prever um trabalho nesse estilo para breve, revela a vontade de trabalhar com as músicas de Caetano Veloso, Chico Buarque e João Donato. No entanto, o momento agora é de aproveitar o trabalho aprovado por Marisa Monte. Os destaques são as reinterpretações de Infinito particular, O bonde do Dom e Pecado é lhe deixar de molho. Ele revela o segredo: “São músicas que ficaram boas no meu tom”.


Fonte: Estado de Minas 

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