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domingo, 4 de novembro de 2018

TODOS AMAM ANGELA MARIA

Por Rodrigo Faour


quinta-feira, 4 de outubro de 2018

ANGELA MARIA: VEJA REPERCUSSÃO DA MORTE DA CANTORA, RAINHA DO RÁDIO

'Perdemos a maior cantora do Brasil, de todos os tempos', escreveu Alcione; leia relatos. Angela morreu na noite deste sábado (29), aos 89 anos.


A cantora Angela Maria — Foto: Reprodução / Facebook 


Artistas e outras personalidades lamentaram neste domingo (30) a morte de Angela Maria, cantora considerada uma das rainhas do rádio no Brasil. 

Angela morreu aos 89 anos, no fim da noite deste sábado (29), no Hospital Sancta Maggiore, em São Paulo. Após 34 dias de internação, ela não resistiu a uma infecção generalizada.

A cantora será velada e sepultada neste domingo (30) no Cemitério Congonhas, na zona sul da capital paulista.

A cantora Angela Maria no início da carreira — Foto: Reprodução / Facebook


Veja repercussão:

Elza Soares, cantora, no Twitter: "Uma das maiores vozes do Brasil. Salva de palmas para essa rainha do rádio, que infelizmente acaba de sair de cena. Brilhe nos palcos do céu, minha querida.R.I.P Angela Maria

Alcione, cantora, no Instagram: "Foi-se a minha grande referência como cantora. Aprendi muito ouvindo Angela Maria cantar e, agora, junto com a saudade, ficam meus eternos agradecimentos por todas as coisas lindas que ouvi em sua voz.

Toda a sua existência foi dedicada ao ofício de cantar. Perdemos a maior cantora do Brasil, de todos os tempos.

Obrigada, Angela Maria, por você ter existido.

Descanse em paz.

Sua amiga e fã (Alcione)"
Daniel D'Angelo, marido da cantora, em entrevista à GloboNews: "A despedida foi uma coisa muito marcante. Vivíamos há 40 anos juntos, éramos muito juntos. Eu desci para a lanchonete para tomar café uns 45 minutos, que era o tempo de darem banho e trocar ela. E quando subi na UTI, tinha uma médica ao lado e uma enfermeira. Eu vi o cobertor e toquei o pé dela. A médica disse: 'Seu Daniel, o coração dela parou. O senhor pode sair?'. Eu não acreditei. O céu hoje está em festa, o céu hoje está maravilhoso hoje."

Lobão, cantor, no Twitter: "Angela Maria, nossa grande e querida rainha, morre aos 89 anos em SP. R.I.P."

Rodrigo Faour, jornalista e autor da biografia de Angela, "A eterna cantora do Brasil", no Facebook: "E hoje partiu aquela que foi uma das mais importantes e influentes cantoras do Brasil de todos os tempos. A Sapoti, Angela Maria, aos 89 anos, que teve uma carreira das mais longevas de nossa história musical, sem nunca se ausentar. Sempre no palco e gravando, de 1951 até hoje. O público foi sendo cativado por sua voz quente, potente e afinada, que tinha efeito "Abra-te, Sésamo". A cada vez que abria a boca para cantar, mais uma porta se abria, mais fãs fazia e novas oportunidades profissionais se apresentavam.

Uma carreira absurdamente rica, com cerca de 60 músicas em parada de sucesso. Este foi um de seus muitos recordes que tive a honra de descrever na biografia que lancei há três anos, "Angela Maria - A eterna cantora do Brasil". Foi um trabalho difícil em muitos aspectos, mas tenho a sensação de dever cumprido, pois agora que ela se foi, as novas gerações terão um documento para saber quem foi esta intérprete tão sensacional que influenciou tantas outras cantoras e cantores e que deixou uma marca tão forte na história cultural do país. Ela foi onipresente no coração dos amantes da música brasileira nessas quase sete décadas e continuará sendo, agora por meio de sua obra... Viva a eterna cantora do Brasil!

Meus sentimentos a Daniel D'Angelo, sua família e toda a legião de fãs que tem em cada canto deste país."

Fátima Bernardes, apresentadora, no Instagram: "Angela Maria se foi. Que orgulho ter conhecido a Angela ainda nos tempos do jornal 'O Globo' e de, anos depois, recebê-la no 'Encontro com Fátima'. Que obra linda ela deixou pra nós!".

Serginho Groisman, apresentador, no Twitter: "Que triste a morte de Angela Maria. Uma voz maravilhosa que sempre foi reconhecida pelo povo. Uma artista popular e talentosa. R.I.P."

Michel Temer, presidente, no Twitter: "Lamento a morte da cantora Ângela Maria, a nossa “Rainha do Rádio”, um dos ídolos que tanto influenciou grandes nomes da Música Popular Brasileira. Meus sentimentos à sua família e amigos."


Ministério da Cultura, em nota oficial: "É com profundo pesar que o Ministério da Cultura (MinC) recebeu a notícia da morte da cantora Angela Maria, ocorrida na noite deste sábado (29) em decorrência de uma infecção.


Natural de Conceição de Macabu, município do Estado do Rio de Janeiro, Angela, de 89 anos, estava internada há 34 dias em São Paulo.

Ao longo da carreira, Sapoti – como era conhecida – foi eleita rainha do radio em 1954 e fez sucesso com canções como "Não tenho você", "Babalu", "Cinderela", "Moça bonita", "A noite e a despedida", "Lábios de mel", "Falhaste coração", "Gente humilde", entre outras.

O Ministério da Cultura manifesta sinceros sentimentos de pesar à família, amigos, colegas e admiradores do trabalho da cantora, uma das maiores vozes da música brasileira."


Fonte: G1

domingo, 12 de outubro de 2014

AS RAINHAS DO RÁDIO: O SAPOTI E A COROA

Apelidada de Sapoti pelo Presidente Getúlio Vargas, a Rainha hoje em questão continua a encantar plateias por todo o país

Por Bruno Negromonte - @brunonegromonte



Aos 85 anos de idade, Abelim Maria da Cunha (ou simplesmente Ângela Maria) continua a cantar e encantar público de todas as idades em mais de sessenta anos de carreira. Sua trajetória teve início na década de 1950 quando Abelim era a primeira voz no coro existente na Igreja Batista do Bairro do Estácio, no Rio de Janeiro, onde o seu pai, o Reverendo Albertino Coutinho da Cunha era pastor. Apesar de todos os irmãos de Abelim cantarem, era a voz daquela que viria se tornar a sapoti a mais ouvida. Mesmo em um ambiente musical, a futura Ângela Maria almejava mais que o ambiente secular que a cercava e buscou ampliar o seu repertório indo além dos hinos da Igreja que frequentava. Abelim queria mais, sonhava mais. E esse seu desejo corroborou para a sua decisão em cantar as chamadas "músicas profanas" em programas de calouros não era vista com bons olhos pela família, no entanto a ideia de se tornar artista parecia algo irremediável para a jovem. Seu sonho era tornar-se artista e para isso não lhe bastava trabalhar em uma fábrica, inspecionando lâmpadas, ganhando um salário de 600 cruzeiros velhos por mês e a noite ainda ter que ir para a escola. Para alcançar o seu objetivo e tornar-se uma grande estrela do rádio e consequentemente da música brasileira havia a necessidade de um preço a ser pago e sacrifícios a serem feitos. Um deles consistia na mudança de sua rotina de vida, abandonando inclusive a dura jornada de trabalho, sua fonte de renda.

Seu sonho era ser igual a sua grande referência musical, Dalva de Oliveira. E já era perceptível que talento para isso ela provara que tinha através dos diversos programas de calouros que frequentava e ganhava. Ser cópia fiel de Dalva de Oliveira a credenciou a diversas vitórias nos programas radiofônicos dos quais participou, mas em compensação essa semelhança acabou gerando no início da carreira de Ângela um sério problema: ninguém queria contratá-la pois a consideravam uma cópia fiel de Dalva de Oliveira. Era comum a jovem Abelim, ao apresentar-se nos programas ao qual concorria, justificativas para a sua vitória tipo "Você só ganha prêmios em programas de calouros porque imita Dalva de Oliveira e o público gosta dela. Sinto muito, prefiro o original". Isso, de certo modo a incomodava até o ponto em que  ela já não aguentava mais e precisava atestar de uma vez que o seu talento sobrepujava, sem desmerecer suas grandes referências, qualquer comparação. Era chegada a hora da mudança e a primeira característica que comprovava isso evidenciava-se em seu próprio nome. Havia chegado a hora de Abelim transformar-se em Ângela Maria, cantora profissional que trocaria as apresentações seculares a amadoras para atuar nos palcos como crooner.  A sorte, que parecia estar ao seu lado, corroborou para que a pretensa cantora em três meses já se tornasse artista exclusiva da Rádio Mayrink Veiga ganhando um salário bem maior do que aquele que pouco tempo atrás recebia como operária; além disso, a popularidade a alcançava chegando inclusive à presidência da república, a admiração do Presidente Getúlio Vargas (que a apelidou de Sapoti) foi fundamental para que todo o país também começasse a acompanhar e admirar o seu trabalho a partir de marcantes interpretações.



Quando transformou-se em Rainha do rádio em 1954, Ângela Maria contava (assim como Marlene cinco anos antes) com o patrocínio da Antártica e isso, de certo modo, influenciou na obtenção, por parte da artista, de um marco no concurso: o posto de campeã absoluta de votos. No ano em que ganhou Ângela Maria obteve mais de um milhão e quatrocentos mil votos, para ser mais preciso foram 1.464.996, uma votação jamais igualada por nenhuma Rainha sucessora. Na época, a artista já não encontrava-se mais vinculada a Mayrink Veiga e sim a conceituada PRE-8, a Rádio Nacional, onde (sob oferta do Colírio Moura Brasil e Cilion) onde apresentava-se em programas como "A Rainha canta", aos sábados no horário das 14:30 horas, sob narração de Meira Filho e apresentação de Lúcia Helena e Amilton Frazão (sem contar a participação do Maestro Chiquinho e sua orquestra). Se houve uma década áurea para Ângela pode-se afirmar sem dúvida que foi a de 1950. O sucesso da artista neste período era algo impressionante e perceptível a partir do auditório da emissora que, em suas apresentações, ficava repleto de tietes semana após semana, fato este que colaborou de modo bastante intenso para que a artista a partir dali acabasse tornando-se um dos grandes nomes da música brasileira de todos os tempos e referência para toda uma geração de artistas que viria sucedê-la como, por exemplo, a saudosa Elis Regina, que era fã declarada de Ângela e a considerava uma das vozes mais bonitas do Brasil (opinião compartilhada por inúmeros fãs da artista até os dias atuais). Recentemente foi lançado pelo selo Discobertas (sob a batuta do produtor e pesquisador musical Marcelo Fróes) o box Angela Maria - Rainha do Rádio (1955-1956) contendo quatro álbuns que abrangem e dão uma boa noção daquilo que a cantora representou na década de 1950. No auge do sucesso popular e de sua forma vocal, a Sapoti mostra nestes álbuns o porquê de sua popularidade a partir de 54 gravações registradas no auditório da Rádio Nacional nos populares programas do qual fazia parte ou participava.

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