PAULINHO DA VIOLA, O VICE-REI DA MÚSICA BRASILEIRA
Paulinho da Viola, a Música Popular Brasileira por um compositor clássico
Tenho para mim que o melhor remédio para banzo, mau humor, espinhela caída, enxaqueca, apatia e lundu é ouvir Paulinho da Viola, o príncipe dos sambistas brasileiros.
Desta vez, com esse show que vi sábado, resolvi elevá-lo à categoria de vice-rei. De ‘Sinal Fechado’ ao ‘Pagode do Vavá’, de ‘Coração Leviano’ a ‘Foi um Rio…’, Paulinho é, na minha modesta opinião, o mais clássico dos compositores populares brasileiros, com os dois pés no samba de Partido Alto, Sambas-Canção, quase boleros, Sambas-Enredo, melodias sem fim, harmonias de um mestre que é o próprio instrumento musical, mas também de uma grandiosidade melódica e complexidade harmônica, geralmente guardada aos eruditos.
Com letras belíssimas, líricas e graves, harmonias incomuns, instrumentação impecável e arranjos soberbos, Paulinho, a completar 74 anos agora em 12 de novembro, é um artista completo: exímio compositor, afinadíssimo cantor e – colher de chá – instrumentista formado na melhor escola do samba.
O filho de seu Paulo César Faria (Época de Ouro) aprendeu o ofício com monstros sagrados como Pixinguinha, Jacob do Bandolim e Nelson Cavaquinho, sem falar no seu mais dileto parceiro Elton Medeiros.
“Jogando com o Capeta”, de Moreira da Silva – 1958, com Paulinho da Viola
Esse escorpião, de gestos leves e a elegância de lorde na sua lhaneza e forma de se relacionar, é quase tímido. Às vezes para (do verbo parar) uma história que estava contando para a plateia e desiste do final porque acha (?) que é melhor mostrar do que dizer.
No exemplo da homenagem que fez a Moreira da Silva, contava que o que lhe chamara a atenção nesse breque eram os versos “Deus me defenda do senhor, falei em Deus, mas sem má intenção”.
Para Paulinho, perfeccionista com a palavra, tanto quanto com a melodia, soava-lhe estranho uma letra de que constasse “Deus, mas sem má intenção”.
Antes que a plateia completasse a gargalhada, Paulinho já iniciara a música, que cantou de pé, só ele e o cavaquinho.
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