domingo, 7 de agosto de 2016

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DA MPB

Por Bruno Negromonte



Nuno Rolan estourou nacionalmente com várias composições de Braguinha nos anos de 1940



Em certa ocasião abordei aqui mesmo nesta coluna o saudoso e centenário artista joinvilense Reinold Correia de Oliveira. Quem teve a oportunidade de ler sabe que este é o nome de batismo do intérprete Nuno Roland, responsável pelo registro fonográfico de canções como "Dor, nossa companheira", "Mil corações", "Súplica de amor", "Rosário de lágrimas", entre outras que acabaram por fazê-lo um grandes nomes da época de ouro da música popular brasileira nos idos anos de 1930 ao lado de outros imortais e singulares intérpretes como Chico Alves, Silvio Caldas, Orlando Silva, Carlos Galhardo entre outros. Neste primeiro momento citado, a abordagem se deu a partir do início da carreira do artista a partir de suas passagens pelo Rio Grande do Sul e pela cidade de São Paulo, em uma época em que o intérprete tinha ainda por nome artístico Reinold. Hoje, retomo a abordagem acerca deste grande nome da MPB de onde havia parado no primeiro momento (quem não lembra na primeira abordagem após passar pelos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul, finamente o artista encontrava-se na então capital federal afim de de conseguir o seu lugar ao sol a partir de registros fonográficos e de sua participação no elenco da rádio Nacional). Vem dessa fase dois fantásticos duos do artista. O primeiro com Carmen Miranda ao gravar o samba "Nas cadeiras da baiana", de Portelo Juno e Léo Cardoso; e o segundo o samba "Eu sou da Bahia", de Valdemar Silva e Paulo Pinheiro, onde divide os vocais com Linda Batista. Na década seguinte viria a registrar mais canções em duo a exemplo de "Senhor do Bonfim te enganou" e uma que fez relativo sucesso a época do seu lançamento. Trata-se da canção "Lancha nova", marcha de autoria de João de Barro e Alberto Ribeiro que estourou no carnaval de 1950 em duo com o trio melodia.

Mas vale ainda registrar algumas informações que antecedem a este grande sucesso obtido pelo intérprete no início dos anos de 1950. Dentre suas façanhas biográficas, o artista ainda nos anos de 1940 registrou em disco duas obras de Assis Valente, o batuque "Cai sereno" e o samba-choro "Coração que não entende"; e sob a batuta do maestro Nelson Ferreira gravou, de autoria de Felinto Nunes e Roberto de Andrade, a canção "Você era valor desconhecido". Em 1945, foi contratado pela Continental, período em que obteve maior popularidade em todo o país a partir da gravação de grandes sucessos, tendo muito deles como autor a dupla João de Barro e Alberto Ribeiro. Em quase quatro décadas de carreira teve a oportunidade de registrar os mais distintos gêneros musicais existentes. dentre os quais marchas ("Pirata da perna de pau", "Tem gato na tuba"), choros ("Mulata Risoleta", "Olha bem pra mim!"), fox-canções (tais quais "Moreninha linda" e "Talita"), sambas (a exemplo de "Vou pra orgia", "Maria boa" e Os quindins de Iaiá") e valsas (como "Guarapari"). Dentre suas façanhas, Nuno também participou de filmes como "Esta é fina", além de ser responsável pelo registro de duas marchas compostas por Lamartine Babo em homenagem aos clubes cariocas. O intérprete registrou em disco as do  Botafogo e Olaria. Ainda em 1950, transferiu-se para a gravadora Todamérica, onde teve a oportunidade de fazer alguns registros fonográficos sem a popularidade de sua gravadora anterior. A verdade é que apesar de passar por inúmeros selos e gravadoras (dentre eles Caravele, Carroussel, Constelação, Havana, Sonivox entre outros), nunca mais obteria o sucesso de outrora. E essa condição acabou fazendo com que aos poucos, a partir dos anos de 1960 foi, fosse distanciando-se da carreira artística até 1975, quando veio a falecer.

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