O quarteto paulista chega ao mercado fonográfico apresentando as suas mais distintas influências a partir de uma hibrida sonoridade que não os fazem perder a identidade.
Por Bruno Negromonte
Reza a lenda que em 1960 na boate Cave, na rua da Consolação, em São Paulo, o multifacetado Vinicius de Moraes, revoltado com o barulho que fazia o público durante apresentação do amigo e parceiro Johnny Alf , solta uma frase que viria a ressoar na música paulista até os dias atuais (mesmo sendo dita sob mero impulso): “São Paulo é o túmulo do samba”. Mais de cinco décadas após a infeliz declaração a sonoridade paulista modificou-se, e com o passar dos anos acabou ganhando adornos que fazem dela hoje ser respeitada em todo o país. Sem dúvida São Paulo hoje é visto como um dos centros urbanos onde a efervescência musical faz-se mais presente, e muitos contribuíram para que a música paulista alcançasse este status nos mais distintos momentos, principalmente a partir da inserção de algumas ideias inovadoras ao longo destes anos, merecendo destaque o movimento cultural ocorrido na capital paulista entre 1979 e 1985 batizado de Vanguarda Paulista. Era outubro de 1979 quando, na rua Teodoro Sampaio, bem na altura da praça Benedito Calixto, em Pinheiros, o pequeno teatro Lira Paulistana abre suas portas para dar voz e vez a artistas que emergiam naquele momento na cena paulistana. Tinha início ali um movimento que, logo em seguida, ganharia projeção nacional a partir de uma proposta que buscava mostrar uma forte veia experimental – tanto musical quanto poética e cênica. Vale registrar também outra característica marcante desse movimento: um espírito de independência em relação à indústria fonográfica. Naquele momento os holofotes voltavam-se para nome que viriam a escrever seus respectivos nomes na cena musical brasileira a partir dos mais distintos projetos. Nomes como Vânia Bastos, Itamar Assumpção, Arrigo Barnabé, Eliete Negreiros, Cida Moreira, Tetê Espíndola e grupos como Rumo, Língua de Trapo e Premeditando o Breque surgiram nessa leva.
Hoje, 36 anos após o marco fonográfico inicial com o lançamento dos álbuns "Clara Crocodilo" (disco que virou até dissertação de mestrado), do cantor, pianista e compositor Arrigo Barnabé, e de "Beleléu, Leléu, Eu", do cantor e compositor Itamar Assumpção junto com a banda Isca de Polícia, uma outra geração de músicos, cantores e compositores buscam condensar toda essa influência sofrida a partir destes e outros projetos surgidos na época e que mostram-se, ainda nos dias de hoje, verdadeiras usinas sonoras ao misturar dodecafonismo, música erudita pop, rock entre outras experiências. Bebendo destas fontes, a nova geração da música paulista vem dando a sua contribuição a partir dos mais distintos trabalhos como o que hoje chega aqui ao nosso espaço. Advindos desta nova cena musical independente que vem crescendo na capital paulista (batizada por muitos como "nova geração da Vanguarda Paulistana"), Os Amanticidas (nome que é referência explícita a "Amanticida", música que Itamar Assumpção gravou em 1983 em seu LP "Às próprias custas S.A.") surgiu em 2012 e tem como integrantes Alex Huszar (baixo, canto, composição e arranjado), João Sampaio (guitarra, composição, arranjo, vocal, cavaquinho e bandolim), Joera Rodrigues (bateria, canto e arranjo) e Luca Frazão (violão de sete cordas, arranjado, composição e flauta). Ao longo destes anos os integrantes do quarteto tem estabelecido distintas parcerias com nomes que reforçam a afirmação de que foram substancialmente influenciados pela gama de artistas de outrora da cena musical paulista a partir de parcerias com como Juçara Marçal, Suzana Salles, Banda Isca de Polícia, Alzira E, Filarmônica de Pasárgada, Suzana Salles, Vange Milliet e Orquídeas do Brasil. Com esta vasta experiência já achavam que era hora de um registro fonográfico.
Gravado com apoio do ProAC, com produção de Paulo Lepetit, "Freguesia", primeiro álbum dos jovens músicos, chega expondo tudo aquilo que o quarteto absorveu, condensou e transformou de modo bastante original nas dez faixas autorais presentes no disco. É possível observar neste trabalho algumas características que provavelmente venham a se tornar uma marca registrada do grupo ao longo dos anos e das próximas produções fonográficas, uma delas são os adornos utilizados nos arranjos presentes no projeto. Percebe claramente que o grupo trabalha exaustivamente o arranjo de cada uma das músicas presentes no disco. "Nós sempre evitamos pegar a solução mais fácil", diz Alex Huszar, "pensamos o arranjo como parte da composição", chamando a atenção a unidade presente a partir de todas as canções. Em sua sonoridade há influências de nomes que vão de Jards Macalé a Paulinho da Viola, perpassando por nomes como Os Mutantes, Arrigo Barnabé, Siba, Metá Metá e Tom Zé.
Apesar de beber na fonte da vanguarda paulista, o quarteto Os Amanticidas apresenta-se de modo inovador, trazendo para a realidade atual aquele tipo de tratamento da canção – por exemplo, a linha baixo do dobrando a linha do violão ou guitarra, como fazia Itamar Assumpção a partir das dez canções que compõem o disco. Por falar nas faixas, nove são composições autorais (seis assinadas por Alex Huszar, duas por João Sampaio e uma por Luca Frazão) – sendo uma delas um poema de Carlos Drummond de Andrade musicado por Alex Huszar. E a outra é uma música de Talismã, nome de referência do samba paulistano. Trazem, todas elas, a força da juventude dos quatro músicos. Nas letras, na sonoridade, na expressão vocal. Aliás, curioso observar que, igualmente aos jovens músicos paulistas, Drummond estava na casa dos 20 anos quando escreveu “Quero me casar” (publicado em 1930 no livro "Alguma Poesia"). Em referência explícita às suas influências, no disco Os Amanticidas têm como convidados especiais Arrigo Barnabé (em "Traste") e Tom Zé (em "Pisadeira"). Outros músicos em participações especiais foram a flautista Clara Kok e o tecladista Rafael Montorfano. Este primeiro disco chega "às boas lojas do ramo" e às principais plataformas digitais, amanhã, dia 12 de agosto. No mesmo dia, às 22h30, o grupo faz no Espaço Cultural Serralheria um show para lançamento oficial do álbum (na agenda de lançamento do CD já estão cinco outros shows, a serem realizados em São Paulo, em São Luiz do Paraitinga e no Rio de Janeiro). Portanto é preciso estar atento, pois alguma coisa acontece na cena cultural paulista para além do cruzamento da Ipiranga com a avenida São João.
Mais informações:
Facebook - https://www.facebook.com/amanticidas/
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Atendimento à imprensa
Matias José Ribeiro - Gabinete de Comunicação
(11) 3082-5444 & 98102-9870
Serviço:
Espetáculo de lançamento do CD "Os Amanticidas"
12 de Agosto, sexta-feira, 22h30
Local - Serralheria (Rua Guaicurus 857, tel. 2592-3923)
Ingressos: R$ 20,00 – à venda no local ou em escapeserralheria.org
Nº de lugares: 200
Duração: 80 minutos
Outras informações: acesso para deficientes, área para fumantes
Classificação etária: 18 anos
R E P E R T Ó R I O
Local - Serralheria (Rua Guaicurus 857, tel. 2592-3923)
Ingressos: R$ 20,00 – à venda no local ou em escapeserralheria.org
Nº de lugares: 200
Duração: 80 minutos
Outras informações: acesso para deficientes, área para fumantes
Classificação etária: 18 anos
R E P E R T Ó R I O
Freguesia (João Sampaio)
Quero me casar (Alex Huszar sobre poema de Carlos Drummond de Andrade)
Maltratou (Alex Huszar)
Esperava você (Alex Huszar)
Duas aflições (Alex Huszar)
Traste (Talismã)
Coração avenida (Alex Huszar)
Pisadeira (Luca Frazão)
Dentro de mim (Alex Huszar)
Na beira do sono (João Sampaio)
Quero me casar (Alex Huszar sobre poema de Carlos Drummond de Andrade)
Maltratou (Alex Huszar)
Esperava você (Alex Huszar)
Duas aflições (Alex Huszar)
Traste (Talismã)
Coração avenida (Alex Huszar)
Pisadeira (Luca Frazão)
Dentro de mim (Alex Huszar)
Na beira do sono (João Sampaio)
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