domingo, 8 de janeiro de 2017

HISTÓRIAS E ESTÓRIAS DA MPB

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Recentemente falei um pouquinho de como foi o início da carreira musical deste grande artista que foi o Braguinha, hoje retomo a abordagem acerca de sua biografia e curiosidades porque a sua importância para a música popular é imensurável. Mesmo chegando a cursar arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes, Braguinha não desistiu da música. Foi por conta dessa sonhada promissora carreira como arquiteto que fez com que o pai não quisesse o nome da família envolvido com música popular e, por conta disso, o compositor assumiu o pseudônimo de João de Barro. Uma homenagem ao passarinho que constrói sua própria casa. Acredita-se que a escolha de tal pássaro tenha se dado devido a capacidade de uma possível analogia entre a pretensa profissão e a ave. Como já dito, Braguinha foi um dos compositores mais populares na primeira metade do século XX, sendo responsável por músicas que perduram até hoje no gosto popular como é o caso da clássica "Carinhoso". O que não foi aprofundado foi o envolvimento de Braguinha com o cinema. Nos anos de 1930 e 1940, o compositor teve forte ligação com o cinema Logo no início do cinema sonoro, foi argumentista de vários filmes, geralmente lançados no período momesco, como “Alô, alô, carnaval”, de Adhemar Gonzaga (1935), "Alô, alô, Brasil”, de Wallace Downey (1934) e “Banana da terra”, de Ruy Costa (1938). Este último, com um elenco de peso que incluía nomes como o Bando da Lua, Oscarito, Dircinha e Linda Batista, Carlos Galhardo, Orlando Silva, Alvarenga, Aurora e Carmen Miranda entre outros; foi responsável por trazer ao conhecimento do grande público o então aspirante a artista Dorival Caymmi com "O que é que a baiana tem?", canção que viria a se tornar emblemática com o passar dos anos. Vale o registro também de sua passagem como diretor de cinema quando em 1939 dirigiu “Anastácio”. No entanto esta sua incursão como diretor restringiu-se a apenas esta película.


Sua incursão pela sétima arte não tornou-se expressiva devido ao grande sucesso enquanto autor. Ao todo, são mais de 400 títulos musicais. Longe da direção dos longas, permaneceu envolto com o cinema compondo para diversas películas, dentre elas "Laranja da China", (1940) e "Abacaxi azul", (1944), ambos dirigidos por Ruy Costa. Em 1952, escreveu com Alberto Ribeiro as canções para "Beleza do diabo", de Romain Lessage, e em 1956, para “Eva no Brasil”, de Pierre Caron. Também foi responsável pela versão brasileira de produções da Disney, dirigindo dublagens e fazendo as versões para as trilhas sonoras de filmes como “Bambi”, “Pinóquio” e “Branca de Neve”. Consta que o próprio Walt Disney ficou impressionado com o trabalho e lhe ofereceu um relógio de ouro com dedicatória especial. Sua relação com o cinema nacional como se ver foi intrínseca. Tanto que na passagem do seu centenário em 2007 o Centro Cultural Banco do Brasil carioca organizou a mostra “Braguinha, 100 anos – homenagem do cinema brasileiro”, onde foi apresentado diversos documentários sobre sua carreira, dentre os quais “Braguinha – a flor do tempo”, de Fernando Faro, “Braguinha descobre o Brasil”, de Mônica Serpa e “Braguinha, um João de Barro da MPB”, dirigido por Dimas de Oliveira Jr. e Luis Felipe Harazin. Além de compor e de se destacar no cinema também atuou nos bastidores do mundo fonográfico em diversas gravadoras. Braguinha, em 1950, seria um dos fundadores da Todamérica, gravadora e editora musical, que em 1960 passaria apenas a atuar como editora.

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