sábado, 14 de janeiro de 2017

GUILHERME ARANTES: BIOGRAFIA MUSICAL EM BOX E DOCUMENTÁRIO



Por José Teles



Guilherme Arantes começou a renovar o pop brasileiro, há 40 anos, quando estourou com Meu Mundo e Nada Mais, na trilha da novela Anjo Mau, da TV Globo. Até aí, com poucas exceções, fenômenos isolados como o Secos & Molhados, Roberto Carlos ainda era a referência, com sua baladas italianizadas(o que ele faz até hoje). Os órfãos da jovem guarda ainda tocavam muito no rádio. Era isto, ou MPB, cujos autores vinham de uma época em que letra de música tinha que ter mensagem. Uma geração inspirada tanto pela música quanto pela literatura.

Guilherme Arantes, que tinha saído no ano anterior do grupo paulista Moto Perpetuo, seguia uma linha que tinha Elton John e Billy Joel como nomes mais conhecidos lá fora, o astro pop que se valia do piano como instrumento, numa era dominada pelas guitarras e sintetizadores complexos. Estas quatro décadas foram reunidas, pela Sony Music, no box Guilherme Arantes, uma caixa nos moldes das que se fazem no exterior. Bem produzida e detalhada. Um feito notável terem conseguido abrigar no mesmo box títulos saídos por sete gravadoras diferentes.

São 22 discos (um só com canções lançadas em compactos e raridades), todos remasterizados. Acompanha os álbuns um libreto, 72 páginas, com a história de cada um deles, escrita à mão pelo próprio Guilherme Arantes, com pormenores, nomes de músicos, minúcias que só ele poderia apontar, inclusive corrigindo erros de fichas técnicas. A biografia musical do artista: “Ao sair do Moto Perpetuo em 75, eu tentava dar um basta na utopia do progressivo, e fui procurar o meu caminho como cantor popular”, começa a história, ao comentar o primeiro disco solo, que tem seu nome por título, lançado, em 1976, pela Som Livre.

É uma história de vitórias e fracassos, que o próprio Arantes sublinha. Ao contrário do que os muitos hits levam a crer, ele nunca foi grande vendedor de discos. Assim como fez álbuns como queria, também enveredou por percursos que não conseguiu concluir a contento. Embora gravado por Maria Bethânia, Elis Regina, Caetano Veloso, nunca foi muito acariciado pela crítica, provavelmente por ter seu nome ligado às trilhas da Globo.

Guilherme Arantes faz um até corajoso inventário em vida de sua obra, de altos e baixos, mas coerente, e com momentos brilhantes. Além desta caixa, ele conta a história em um documentário, dividido em sete capítulos, que serão disponibilizados em seu canal no Youtube, com roteiro e direção geral de Guilherme Arantes, Rodrigo Ceccato, Giuliano Gerbasi e Pedro Arantes (link: https://www.youtube.com/guilhermearantesoficial).

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