sábado, 17 de setembro de 2016

PETISCOS DA MUSICARIA

GRANDES INSTRUMENTISTAS PERNAMBUCANOS (VIII) – MAESTRO SPOK


Inaldo Cavalcante de Albuquerque, maestro Spok: músico, band-leader, compositor


Os leitores, que vêm acompanhando a série “Grandes Instrumentistas”, sabem que não tenho repetido personagens. Os critérios são conhecidos: a intenção é incorporar o maior número possível de perfis que se encaixam na proposta da série. Abro exceção para Spok por dois motivos. Em primeiro lugar, por compreender que, em sua pouca idade e tempo de carreira, já fez tanto pelo frevo e por Pernambuco, que já se ombreia com os mais importantes de nossa terra. Em segundo lugar, por considerar omissão de partilhamento deixar de mostrar duas importantes contribuições do maestro em sua biografia.

A primeira: no DVD “Passo de Anjo”, Spok e seus músicos dão uma aula-espetáculo (tal qual fazia nosso Ariano Suassuna) em que explica detalhadamente as três principais modalidades do frevo e suas derivações.

Aula-espetáculo de Spok: as três modalidades frevo, as sub-modalidades e variantes (DVD Passo de Anjo) – Spok Frevo Orquestra:



Confesso que toda vez que revejo estes 11 minutinhos, consigo verificar mais detalhes e nuances. Penso no showman em que se tornou o Spok; na formulação das três modalidades do frevo pelo intelectual, multiprofissional e acadêmico Waldemar de Oliveira; e particularmente, na execução de “Cabelo de Fogo”, o ‘frevo de Abafo’, do maestro Nunes. As histórias são deliciosamente contadas por Spok e seu fiel escudeiro, o trombonista Marcílio, o “barão do frevo”, um negro forte compactado no seu 1,90 m de envergadura vertical.

Marcílio, “barão do frevo”, trombonista da Spok Frevo de Orquestra e o ‘frevo de Abafo’

Uma das maiores grandezas de Spok, que o tornam diferenciado, está na sua humildade e capacidade de resgatar os mestres do frevo com todo seu acervo. Foi beber em suas composições, executou as melodias, aprendeu com seus arranjos. Foi ágil, rápido e não deixou o tempo apagar a memória. Tratou de congregar sete dos principais maestros pernambucanos e co-produzir o filme “Sete Corações”.



Tolo fui eu que, por ter sido criado na rua Pe. Floriano, no lendário bairro de São José, berço do mais tradicional carnaval recifense, já tivesse um acervo natural sobre todos os sons, danças e manifestações locais.

Só não me sinto mais constrangido por conhecer outros conterrâneos que também não sabem a fundo das notas, acordes, ritmos e partituras de nossa música mais tocada no período de momo.

Sim, os acordes dos pistões, chamando o público, no Evoé, fez parte de minhas cantigas de ninar.

No bairro de São José, havia a sede de Vassourinhas, Batutas de São José, Rebeldes Imperial, além de escolas de samba e o evento “A Noite dos Tambores Silenciosos”. O Carnaval é parte da tradição deste que é um dos quatro bairros centrais do Recife Antigo (Santo Antonio, São José, Boa Vista e do Recife).

Não bastasse essas “credenciais”, estudei parte do primário no Instituto Joaquim Nabuco, que era dirigido por d. Célia, ninguém menos que a irmã de Enéias Carneiro, o grande idealizador do “Galo da Madrugada”, já considerado o maior bloco do mundo e o responsável pelo primeiro grande resgate do frevo em Pernambuco, em 1978, à beira de sua frequente “decretação de falência”. Meu tio é fundador da agremiação. Vimos suas primeiras apresentações, ainda sem o glamour dos dias de hoje. Saía com os estandartes de todos os clubes e troças de frevo do Recife, tradição ainda preservada no gigantesco bloco na atualidade.

Pois bem, nem essa familiaridade de berço e o interesse máximo que mantive quanto às tradições do carnaval pernambucano fizeram de mim um catedrático. Quando leio e vejo Spok, Antonio Nobrega, Leonardo Dantas e os maestros remanescentes, fico convencido de que estou ainda em fase de aprendizado desse enorme universo que é o Frevo!.

Neste vídeo, a homenagem feita aos sete grandes maestros de frevo (Ademir Araújo, Nunes, Edson Rodrigues, José Meneses, Duda, Guedes Peixoto e Clóvis Pereira) em 2011.


Em 09 de março de 2011, o frevo tomou conta do Marco Zero, na madrugada de quarta-feira de cinzas, dentro da programação da Apoteose do Carnaval.

Dezenas de artistas cantaram ao som da Grande Orquestra Multicultural do Recife, sob regência do maestro Spok, com a participação dos maestros Ademir Araújo, Clóvis Pereira, Edson Rodrigues, Zé Menezes, Nunes, maestro Forró, Fábio César, Lurdinha Nóbrega e Carmem Lúcia, além do maestro Duda, um dos homenageados daquele ano.

Semana que vem tem mais “megaphone”.


Fontes: Wikipedia; Dicionário Ricardo Cravo Albin; acervo pessoal, Youtube; site oficial de Spok.

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